Capítulo 7

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Era uma tarde fria de novembro, onde tudo parecia se repetir novamente. O mesmo cenário, o mesmo desespero, a visão turva pelas lágrimas e o barulho da ambulância do lado de fora, enquanto os bombeiros prestavam socorro a Daisy Miller, a senhora mais amável do bairro.

Haviam muitas pessoas ao redor, algumas tentando confortar Olivia e outras apenas como espectadoras. Todos disseram que ficariam tudo bem.

Entretanto, não ficou.

Liv sentia parte de seu corpo formigar, a sensação era indescritivelmente horrível e a pressão em seu peito apenas aumentava. Presenciar a avó nesse estado estava acabando consigo.

Os paramédicos tentavam de tudo para reanimar Daisy, mas, infelizmente, não estava surtindo efeito. Ela estava indo embora.

— Aumente! — um dos médicos pede, se referindo ao desfibrilador. Seria a última tentativa.

Daisy não retornou, sequer reagiu aos impulsos. Os médicos se entreolharam, já sabendo o que sucederia.

A máquina então foi desligada, as chapas foram afastadas do corpo da idosa e eles colocaram-se de pé.

— O que está acontecendo? Por que pararam? Minha avó, ela... — a fala de Olivia é interrompida, quando o médico vem até ela, com aquela feição impassível.

— Deu óbito. Sinto muito, senhorita Preston.

E foi como se o mundo tivesse desabado sob os seus pés. Não escutava e nem via mais nada, estava cega por conta do pranto penoso.

Os joelhos cederam no chão ao lado do corpo desfalecido da avó, a abraçando uma última vez, implorando para que não a deixasse. Sem ela, estaria completamente sozinha, era sua única família desde sempre. Não se imaginava em um mundo onde a avó também não estivesse. Ainda não estava pronta para dizer "adeus".

Um enfarto fulminante a levou.

Aquele havia sido de longe o pior dia de toda a sua vida.

*

— Liv! Liv, acorde, você está tendo um pesadelo.

Sentia o corpo sendo chacoalhado, a despertando de seu pesadelo disfarçado de recordação.

Olivia ofegou, sentando-se de ressalto na cama, levando a mão ao peito, sentindo o corpo encharcado pelo suor.

— Liv? — Hunter chama seu nome, transparecendo sua preocupação.

— Vovó... — a morena sussurrou, piscando os olhos e permitindo fluir algumas lágrimas.

— O que está havendo, Olivia? Fale comigo — ele pede, aflito.

Uma de suas mãos acariciavam o rosto amedrontado de Liv.

— Você estava tendo um sonho ruim, mas está tudo bem agora. Quer falar sobre isso? — indaga, segurando sua mão.

— Não foi um sonho, foi uma lembrança real — responde, piscando as lágrimas para longe — Era uma reprise do dia em que minha avó faleceu.

— Eu sinto muito — o macho lamenta, a abraçando e beijando o topo de sua cabeça — Está tudo bem, você está segura — Hunter afirma, a abraçando protetoramente.

— Eu sinto tanta falta dela...

Após a noite anterior, Liv demorou um pouco para voltar ao seu estado normal. Hunter a levou até o chalé, preparou um chá e a embalou para dormir. O relógio ainda marcava 06:14 AM.

— Eu costumava ter uma série de pesadelos também... em sua maioria, recordações sombrias sobre o meu passado na instalação. Eu entendo o que esteja sentindo agora, mas saiba que está a salvo aqui — Hunter torna a dizer, tateando as mãos pequenas e geladas da fêmea.

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