6. Fui mantido preso, mesmo assim ele morreu!

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Isso é sério? Achei que tinha me livrado dessas suspeitas idiotas. Mas não.

— Certo. Vamos repassar — diz Ester, nos lembrando pela milésima vez — Clara vai ficar cuidando de Tom na cabana masculina. Cleiton, Sam e eu vamos ficar de olho em Mike na cabana feminina. E Max vai passar a noite trancado na enfermaria, com a luz acesa.

— Isso é necessário? Ainda acham mesmo que sou o culpado?

— Não é só por isso, Max. Lembre-se de que esse foi o combinado a se cumprir com os seus pais... E também não podemos descartar nenhuma mínima possibilidade. — então se vira para Clara — Pegue tudo oque for necessário para cuidar de Tom na enfermaria, para não precisar ficar voltando.

Obedecendo, Clara se foi. Percebo que ela olhou de relance para mim, com olhar de pena.

VI

Me viro para a entrada da enfermaria. Tenho mesmo que ser trancado aqui?

— Você vai ficar bem? — pergunta Clara.

— Claro. — suspiro — Pelo menos não vou ter que enfrentar meu medo do escuro.

Não, essa afirmação não saiu sem querer. A essa altura do campeonato, não se importava mais nem um pouco que descobrissem aquilo. Como era bobo quando chegou.

— Por isso seus pais o faziam dormir com a luz acesa, querido?

— Não. Está mais pra o contrário. Eu nunca tinha dormido sem a luz acesa antes, e isso não deixou eu me acostumar.

Ela franze a testa. Parece sentir dó de mim. Desvia o olhar para o chão enquanto tira algo do seu pescoço. Um colar. Não, espere... Não é um colar, é a chave! Que ela tá fazendo?!

— Tome, Max. Caso queira sair para tomar um ar, ou sei lá.

— Não, isso só vai fazer suspeitarem mais de mim.

— Aceite, amorzinho. Confio em você. Sem contar que, quando ninguém amanhecer morto amanhã, mesmo com você podendo sair a hora que quiser, vai tirar todas as suspeitas de você.

Penso um pouco antes de aceitar. Ela me olha nos olhos e estica o bração com seu poder. Estendo minhas mãos em formato de conchinha e deixo a chave cair entre elas.

— Obrigado. Mas não vou sair do quarto.

A vejo sorrir pra mim, sem malícia alguma, e ir embora. Então tranco a porta, e escondo a chave dentro da fronha do meu travesseiro. Fito o interruptor por alguns momentos, até decidir que não preciso mais disso. Não tenho mais tanto medo do escuro. Amadureci. Me deito na cama e adormeço.

Não tinha percebido o quanto estava cansado pela noite em claro passada com Ester, ontem.

VI

Ouço o som de punhos contra uma porta, e desperto com isso. Tum, tum, tum! A porta treme.

— Abra logo, Max! Não me obrigue a arrombar!

Dessa vez, o Sol já está lá no alto, no céu, quando acordei.

Ainda meio grogue, não entendo o que Cleiton quis dizer. Mas logo retomo a consciência.

— ABRA!!!

Vasculho a fronha de meu travesseiro até achar a chave-colar. Corro até a porta, gritando:

— Estou indo!

Encaixo a chave no buraco e a rodo, deixando a porta se abrir num baque estrondoso. Sinto o chão tremer quando Cleiton dá um passo em minha direção.

Na sombra do Assassino (completo)Where stories live. Discover now