2. Eu durmo com medo, espera aí, tá faltando alguém!

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Essas palavras impregnam minha mente. Argh! Isso só pode ser algum tipo de pegadinha... É... Claro, só pode. Nisso que dá, vir com Habilidosos.

Eu olho ao redor, todos com uma forma diferente de demonstrar seu medo. Sou o único a pensar racionalmente aqui. Todos os outros estão se derretendo de pânico. Minha atenção se atrai para Tom. Quem deveria ser o mais corajoso de nós está todo borrado — graças a Deus, não literalmente.

Meu coração ainda está meio acelerado, mas dá um descanso, o susto foi até... ruinzinho.

— Pessoal! Por favor, escutem. — a tia gordinha tenta nos fazer ouvir a todo custo. Claro, eu sou um agente exemplar, portanto já estou obedecendo. Mas a maioria ainda está gritando.

— Primeiro, um corpo podre na floresta, depois, perdemos o contato com o exterior. Agora isso?! Já é demais! Demais!!! — Tom já começa a surtar. Eu já esperava por isso. Na verdade, não sei se pelos outros já terem percebido o tipo de Tom ou por não estarem prestando atenção, mas não sou o único que o ignora.

Aos poucos, Ester e Ted também começam a se acalmar.

— Aí. — eu grito, mas me ignoram. Como eu disse, Habilidosos são todos metidos. Mas não desisto — Aí! — na mesma. Perco a paciência — Aí, seu bando de idiotas!

Aos poucos eles percebem o meu insulto e se voltam contra mim. Acho que os gritos fizeram mal a minha voz, porque oque digo a seguir sai meio... tremendo.

— A Clara tá tentando falar.

— Obrigado, Max. — ela franze a testa, provavelmente por culpa do meu estresse — Pessoal, tenho certeza de falar que tudo está bem. Com certeza isso é apenas uma brincadeira de algum de nós, ele deve ter achado que seria engraçado. Acontece. — sua voz é amável.

Todos param de falar, param de se mover e então refletem. Ao que parece, chegamos na mesma conclusão e mais ou menos ao mesmo tempo. Digo isso porque todos os olhares se voltam para o mais baixinho dentre nós. Ted...

— Você... — Cleiton rosna e dá um passo a frente, mas antes que qualquer coisa aconteça, Clara se põe em sua frente.

— Não. Não sabemos se foi realmente ele. E, mesmo que fosse, tenho certeza que não seria de propósito.

Eu encaro o assassino-mirim enquanto fecha a cara para nós. Um vento gelado me pega desprevenido e me faz tremer.

— Venham, amorecos. — a tiazinha suspira — Melhor voltarmos logo. Para chegar a tempo de jantar e então irmos dormir e esquecer disso.

Nós concordamos e voltamos a seguir pela praia, rodeando a ilha. Toda a tensão de poucos minutos atrás se transformou em olhares irritados na direção de Ted.

Sinceramente, não os culpo. Eu também levei um susto com aquilo, mesmo que só tenha durado, sei lá, cinco minutos...

II

Como já disse, sou bom em vários quesitos — modéstia parte. Portanto, sei que temos só uma hora e meia de Sol, aproximadamente. Não me incomodo muito com isso, eu queria descansar, de qualquer forma.

Nós vamos para as cabanas tomar banho, a caminhada foi longa e cansativa. Eu tiro a minha roupa e vou para debaixo de um dos chuveirinhos. São vários, dez, para ser mais especifico. Um ao lado do outro.

A água é gelada, oque veio a calhar. Não existe nada separando cada chuveiro, mas eu sinceramente não me sinto desconfortável em me expor a outros caras. Ou melhor, eu achava que não me sentiria assim. Acontece que eu descubro que Shane é um pouco... a vontade demais. Desvio o olhar, pois não sou obrigado a assistir a isso.

Na sombra do Assassino (completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora