26 - Como um só

201 7 20
                                    

Abri meus olhos e vi ele dormindo, parecia um anjinho. Mesmo estando com quase 30 anos, ainda tinha uma carinha de nenê, e eu não entendia como. Eu estava com minha mão esquerda sobre sua orelha, estávamos com os rostos praticamente colados, e eu não conseguia parar de observar aquele rosto perfeito, seus lábios rosados, um pouco ressecados, por não ter bebido água por um longo tempo, suas bochechas também um pouco rosadas por ter dormido, seus cabelos, relativamente longos para um homem, caindo sobre a testa e pelo travesseiro, seus cílios longos, sua cicatriz na sobrancelha direita e sua pele muito clara e macia eram algumas das perfeições para as quais eu estava olhando naquele momento. 

Não pude evitar sorrir, estar ao seu lado era tudo o que eu sempre quis. Estar deitada com ele daquele jeito, sentindo a calma e quente respiração dele contra o meu rosto e ver em seu peito, por sua camisa branca e larga, o ar entrando e saindo de seus pulmões enquanto ele respirava eram pequenas coisas que me faziam sentir a mulher mais feliz do mundo.

Fiquei pensando no quão cansado ele deveria estar, por ter me procurado por todo esse tempo, não me encontrando mas mesmo assim não desistindo, pensei em quantas vezes ele deve ter chorado por minha causa. Olhei para sua mão direita, que estava sobre minha cintura, e vi seu punho roxo, por causa do que aconteceu ontem, e também vi a aliança, um objeto que simbolizava tudo o que havíamos passado, toda a dor, todo o sofrimento, as confusões de sentimentos, as vezes em que sem querer, ficávamos cara a cara e nossos corações aceleravam, mas tudo o que fazíamos era nos separar e depois nos arrepender por não termos nos declarado e deixado todo aquele sentimento maravilhoso sair de nossas veias e transbordar por nossos olhos em forma de lágrimas de amor e felicidade. 

Mas agora tudo aquilo estava resolvido, e poderíamos desfrutar da companhia um do outro, do amor que passava de um para o outro através do olhar, da sensibilidade que havia no toque dele em minha pele, da segurança, afeto e carinho que havia dentro de seu abraço e dos nossos beijos, ora delicados e sensíveis, ora intensos e um tanto selvagens, é que às vezes o desejo era tão grande, que acabava tomando conta de nós.

Resolvi me levantar, deixar Charlie dormindo e descansando e ver o dia nascer. Tirei cuidadosamente o braço de Charlie de cima da minha cintura e a coloquei sobre a cama, Charlie nem se mexeu, acredito que ele não tenha dormido tão bem há meses. Saí do quarto, fechei a porta delicadamente e vi que já parecia estar tarde, meu pai e meu irmão já deviam ter saído, minha mãe estava na cozinha mexendo no celular.

Isa: Bom dia, filha! - Minha mãe disse em um tom um tanto alto. Pus meu indicador em frente à minha boca, dizendo para que minha mãe falasse mais baixo, apontei para o meu quarto, juntei minhas duas mãos e as pus ao lado da minha cabeça, a deitando um pouco para o lado, fechando meus olhos e sinalizando que Charlie estava dormindo ainda. Minha mãe assentiu e logo após fez cara de espanto. - Vocês dormiram JUNTOS?

- Sim, porquê?

Isa: Não é certo, vocês recém se reencontraram! 

- Mas pra que esperar, estamos namorando! - E mostrei o anel de compromisso no meu anelar. Mais uma vez minha mãe ficou espantada.

Isa: Uau, ele não quis perder tempo mesmo!

- Pois é, mas já tínhamos sofrido tanto, estando apaixonados e longe um do outro, também achei meio cedo, mas é o Charlie, e eu não tenho dúvidas de que nossos sentimentos são reais, nunca teria medo entregar meu coração pra ele.

Isa: Mas... Tu já entregou teu corpo pra ele também?

- Clar... - Parei de falar quando percebi que minha mãe estava me perguntando se já havíamos feito sexo. - ...QUÊ MÃE?

Isa: Ah, eu imaginei... Se vocês dormiram juntos... Sei lá... - Eu estava me sentindo constrangida.

- NÃO, nada a ver, não quer dizer que só porque a gente dormiu na mesma cama a gente transou! E isso não vai acontecer aqui, tenho medo e vergonha! Vou esperar um pouco ainda... - Eu disse sem pausas, muito nervosa.

Miles Away (Charlie Puth)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora