Capítulo 1

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 - Para onde você vai? – pergunta o motorista do taxi enquanto John fecha a porta do passageiro.

- Bom, não lembro ao certo o nome da rua, já faz tanto tempo, acho que não sei exatamente.

- E como você quer que eu o leve para um lugar que nem você sabe? – o motorista fica encarando-o – Então amigo se você não for falar onde é. Pelo menos saia do carro e deixe que outra pessoa que saiba para onde está indo ocupe seu lugar.

John ignora o comentário idiota e muda o olhar para fora do carro, através da janela semiaberta, olhando para as pessoas que transitam em frente ao aeroporto de Orlando, cada uma delas carregava consigo uma mala, nunca entendia porque as pessoas adoravam usar malas, mesmo nas menores viagens, para ele apenas uma mochila com alguns pares de roupa estava ótima. Esse pensamento talvez fosse porque no exercito John deveria levar apenas o que era realmente necessário, assim não perderia tempo com coisas inúteis que ele nem chegasse a usar.

- Hey, você vai me fala pra onde você quer ir ou não?

Volta para o motorista que continua encarando-o com uma cara de quem só quer pegar o seu dinheiro e ir embora o mais rápido possível.

- Pensando bem, acho que vou a pé mesmo, muito obrigado.

- Você está de brincadeira comigo, fez eu perde meu tempo pra no final desistir.

- Pare de reclamar, é o seu serviço, você não fez mais que sua obrigação.

- Vai à merda, babaca.

John abre a porta e se distancia do veiculo.

O taxi liga, um barulho estranho vem do motor, parecia que faltavam partes, era um som estranho que aumentava e diminuía constantemente, o carro em si não parecia ser tão velho, mas foi só o motorista dar a partida que deu para notar que o taxi não passava por uma manutenção há muito tempo. Mal andou por cinco metros e o motor morreu, o motorista se enfureceu ainda mais, aquele sujeito claramente era do tipo que trabalhava só pelo dinheiro, provavelmente o que pagasse mais, aceitava independente do que fosse, mas não tivera tanta sorte e acabara como um taxista revoltado com tudo.

Agora estava em frente ao aeroporto internacional de Orlando, sem saber para onde ir e muito menos como chegar lá. Para um instante para pensar no próximo passo, John pretendia fazer uma surpresa para Donna, a mulher que cuidara dele por todo o tempo desde que seu pai morrera, criara um grande laço de afeto por ela, embora não fosse sua verdadeira mãe, sendo que está, havia morrido logo após o seu nascimento devido a complicações durante o parto que a levará a falecer, nunca tivera muito tristeza em pensar nela, já que não teve a chance de conhecê-la por si só e Donna sempre estando ao se lado com o papel de mãe.

Olhando para baixo, depois para cima, a sua volta, tentando ter uma ideia do que fazer, decide estragar a surpresa de vez e ligar para ela, precisava descobrir onde era a casa, mas sua memoria realmente não estava colaborando, havia morado com ela por anos e nem se lembrava do bairro.

- Alô?

- Donna? – aparentemente ela não fazia ideia de quem fosse.

- Ela mesma.

- Você não consegue me reconhecer? – estranha que Donna não tenha reconhecido sua voz, contudo já tivesse passado muitos anos, sua voz não mudara muito desde o colegial.

- Desculpa, quem fala?

- Poxa, não consegue nem se lembrar de mim, Donna sou eu, John.

- Ai meu Deus, John! Há quanto tempo, tudo bem? – a mudança no tom de voz é repentina e contagiante, ela se alegra de uma forma que parecia que estava falando com seu próprio filho que não via há anos.

- Sim, estou ótimo, só que estou com um pequeno problema.

- Como assim? Você está em perigo? – o semblante de Donna muda mais uma vez instantaneamente, de felicidade, agora estava seria e preocupada.

- Não, relaxa. Não é tão sério. Bom, eu pretendia te fazer uma visita surpresa, mas eu não consigo lembrar o endereço.

John ouve as gargalhadas do outro lado da linha.

- Quer que eu te busque?

Por alguns segundos pensa se deve ou não aceitar a proposta, seria realmente ótimo se ela viesse busca-lo, mas poderia ser um incomodo faze-la sair de casa só para isso.

- Não é necessário, só preciso do endereço mesmo.

- Tem certeza?

- Claro que tenho. O endereço, por favor – chega a ser irônico ver o quão uma "mãe" se preocupa com o filho, até mesmo com as coisas mais simples.

- Okay, okay. 168 Park Outim.

- Obrigado, Já estou indo hein.

- Pode vir, Já estou te esperando.

John tira o celular de perto do ouvido e desliga a ligação.

Já poderia chamar outro taxi, no entanto não queria passar pelo inconveniente de encontrar mais um taxista irritadinho. Além de tudo, sempre gostara de caminhadas, independente da distancia, só que mais uma vez havia um problema, sabia o nome do lugar, mas não sabia como chegar.

Pensara no que fazer enquanto observava a pessoas passarem a sua volta, era impressionante a diversidade de pessoas que entravam e saiam do aeroporto a todo o momento, havia gente de todas as cores e jeitos, até mesmo um sujeito baixinho que na luz do sol parecia laranja.

Seu celular ainda estava em sua mão quando surge à ideia mais simples de todas, mas que demorou tanto tempo para pensar. Liga a tela do smartphone e entra no GPS "Como não pensei nisso antes?" pensa consigo mesmo.

Marca o ponto de destino, cerca de seis quilômetros, sendo que a pé levaria no mínimo uma hora de caminhada, John da um suspiro "como chegar lá o mais rápido possível?". Decide correr, olha para o sol e presume que naquele calor, com certeza chegaria lá ensopado, como não havia outra opção que alegrasse o rapaz, ele tira o casaco do corpo, ficando apenas com uma camiseta consideravelmente fina e um jeans velho, usando um tênis qualquer que nem era apropriado para corrida. Termina de ajeitar o casaco na mochila, aperta ambas as alças para não ficar escapando e começa a corrida.

De inicio vai a uma velocidade moderada, não quer se cansar tão cedo, o caminho parecia longo, mas quando John estava no exercito tinha que fazer corridas ainda maiores carregando gigantescas mochilas de suprimentos, aquilo seria fácil para ele. Com o passar de meia hora nota que as grandes avenidas se tornam pequenos parques residências, sente que falta pouco, no GPS marca que ele está há um quilometro e meio da casa de Donna, se empolga ainda mais, sempre gostava de acelerar ainda mais quando faltava pouco, assim poderia deslumbrar a chegada o mais breve possível.

Seguindo um pouco mais adianta, chega ao loteamento fechado com uma placa de madeira escrita "Park Outim", nunca entendera por que tinha esse nome, era realmente estranho, imaginou se não era o nome de uma pessoa, talvez o fundador, de qualquer forma não havia tempo para pensar no nome do condomínio, mas uma coisa era certa, as casas eram realmente bonitas, separadas em cercas naturais, com longos quintais gramados e sempre havia a caixa de correio próximo à calçada com o número da casa e o nome da família que morava no terreno.

As ruas eram bem distribuídas, o condomínio como um todo era um gigantesco quadrado, onde as ruas eram enumeras de trinta em trinta, sendo que as de números pares eram a direita e as de números impar a esquerda, todas possuíam uma placa logo na entrada com a numeração de qual até qual número iria, indicando claramente a localização de cada casa. John foi até a sexta fileira e virou à esquerda, a primeira residência era a de número 151, a de Donna seria um pouco mais a frente.

Como o previsto John estava suado em todas as partes do corpo, até mesmo em lugares que nem imaginava suar, isso o incomodava seriamente, não bastava ter estragado a surpresa e agora estava fedido.

O terreno onde ficava a casa de Donna era imenso, com diversas flores de todos os tipos, árvores nas laterais da casa e nos fundos um jardim, onde ela plantava legumes. A casa em si era pequena, mas não deixava de ser bonita, possuía apenas um andar, com seis cômodos.

Ao chegar à frente da porta de entrada John dá um longo suspiro e finalmente bate na porta.

O GuardiãoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon