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Margarida

Kailua, Fonte da Telha, Setúbal

— Margarida! — Levantei a cabeça de repente ao ouvir a Rita a chamar-me toda entusiamada. — Olha ali para baixo, por favor! — Apontou para perto da água, fazendo levantar, ficando apoiada nos meus cotovelos.

— Nossa senhora! — Levantei os óculos de sol dos olhos, colocando-nos na cabeça, de forma a conseguir ver de maneira mais nítida.

— Mas o que é que vocês tão a ver? - Ignorei completamente a pergunta feita, continuando a olhar para a zona da água.

— Os gajos lá em baixo, é o que elas estão a ver! — Imediatamente consegui perceber o Nuno a levantar a cabeça e a olhar para onde estavam todos com atenção.

— Margarida! — Virei-me para ele de sobrancelha arqueada. — Já paravas de babar! — O seu tom de voz chateado, fez-me soltar uma gargalhada irónica.

Peguei no meu telemóvel, abrindo o instagram.

— Uma, duas, três, quatro, cinco.... — Continuei a contar mentalmente. — Oito! Oito likes em gajas de bikini! — Pisquei-lhe o olho, largando o meu telemóvel novamente. — Portanto deixa-me olhar para onde eu quiser.

Uma explosão de gargalhadas, foi o que se ouviu no momento a seguir. Com a exceção do Nuno, que meio que amuou e virou a cara, tornando a deitar-se.

Não evitei sorrir, ao mesmo tempo que abanava a cabeça negativamente, e depois voltei a deitar-me.

— Vocês vão ficar assim muito tempo? Porque, claramente percebe-se que davam tudo para estarem agarrados um ao outro, neste momento! — O Ricardo fez-se ouvir e eu continuei calada.

Conseguia sentir alguns olhares em mim, embora estivesse de olhos fechados.

— Não me digas isso a mim. — A resposta do Nuno, fez-me querer revirar os olhos.

— Oh pst! — Senti uma camisola a parar em cima da minha barriga.

— Ricardo, podes calar essa boca e parar de pressionar? Porra meu, para vocês as coisas são todas muito fáceis, não é? — Perdi totalmente a paciência, e acabei por me levantar, pegando no meu telemóvel e na e caminhei em direção ao pequeno café da praia.

Sentei-me numa mesa vazia e concentrei toda a minha atenção no mar.

Apesar de saber que todos os nossos amigos apenas queriam o nosso bem e consequentemente queriam, que nos voltassemos a entender, continuava a sentir-me escaldada pela atitude do Nuno. Claro que odeiava estar assim com ele, mas não conseguia esquecer as coisas de um momento para o outro e toda a pressão, e o facto de estarmos a ser observados a todo o segundo, não ajudavam em nada.

— Olá... — Olhei para o lado encontrado a empregada do café, que me encarava com um sorriso. Sorri-lhe também. — Já sabes o que vais querer?

— Uhm, pode ser uma garrafa de água fresca, por favor. — Voltei a sorrir, e ela assentiu, dizendo que iria buscar num instante.

Depois de ela entrar novamente no café, a minha atenção caiu sobre o meu telemóvel. Acabei por aproveitar para dar uma vista de olhos das redes sociais, publicando ainda uma instastory da paisagem que tinha do meu lado esquerdo.

Rapidamente, uma outra coisa captou a minha atenção. Um pequeno tumulto à minha frente, fez-me levantar a cabeça, vendo o Nuno a ser abordado por algumas raparigas. Respirei fundo, tentando manter a calma, apesar de se tornar um pouco difícil, até porque não conseguia tirar os olhos daquela cena.

Elas quase o comiam com os olhos, e os sorrisos faziam-me querer vomitar. O olhar dele, cruzou-se com o meu e, quando se apercebeu que eu observava toda aquela situação, começou a tentar despachar as raparigas, começando também a vir na minha direção.

Antes que ele pudesse chegar à minha mesa, a rapariga chegou com a minha garrafa de água.

— Obrigada! — Agradeci.

— Eu não tive culpa! — Disse, mal se sentou à minha frente.

— Eu não disse nada. — Abri a garrafa de água, levando-a depois aos lábios, bebendo uns quantos goles. Virei-me novamente para o lado, encarando o mar.

— Queres ir jantar hoje? — A sua pergunta apanhou-me totalmente de surpresa. Engoli a seco e olhei para ele, que tinha um sorriso nos lábios.

— Não sei, Nuno...

— Vá lá, Margarida! Tens de me dar hipótese.. — Puxou uma das minhas mãos e acariciou a minha pele.

O meu coração quase falhou por momentos. Tive de prender a respiração para que os meus batimentos cardíacos acalmassem.

— Desde que não vás espalhar isso com eles, estou farta de ouvir as mesmas merdas... — Suspirei e vi-o sorrir. — E também podes tirar o cavalinho da chuva, porque não vai acontecer nada!

— Lido bem com isso desde que estejamos juntos.

Continuou a sorrir e eu tive de me controlar bastante para não sorrir também.








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