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Nuno

Vilamoura, Algarve

- Larga o telemóvel, puto! - O Jota decidiu atirar-se para cima de mim, depois de vir da água.

- Foda-se olha aí, caralho! - Empurrei-o para a areia, ouvindo depois o mesmo a rir-se. - Era preciso isso?

- Estás sempre com o focinho no telemóvel, em vez de aproveitares as férias! - Levantou-se, começando a tentar tirar a areia que tinha ficado agarrada ao seu corpo. - Boa puto, tenho de ir à água outra vez!

- Eu estou a aproveitar imenso as minhas férias, obrigada pela preocupação, João. - A ironia presente na minha voz, fez com que o mesmo revirasse os olhos.

- Nuno, que humor de cão é esse? - Sentou-se na sua toalha, ficando a observar-me.

- Tou cansado, posso? - Virei-me de barriga para cima, fechando os olhos. Acabei por receber uma chapada no peito, fazendo-me abrir novamente os olhos. - Puto, mas tu tás parvo ou quê? O que é que te está a dar? - Sentei-me na toalha, ficando na mesma posição que ele.

- Tou à espera que me digas o que se passa contigo e que pares de mentir, Nuno Miguel!

- Tás é a parecer a minha mãe! - Revirei os olhos de novo. Levantei-me, começando a pegar em todas as coisas que me pertenciam, sentindo o olhar do Jota em todos os meus movimentos. Entretanto o Zé acabou por acordar e olhou-nos sem entender.

- O que é que se passa? - Perguntou, ainda a olhar para os dois. - Onde é que tu vais?

- Vou para o hotel, apetece-me ir para a piscina! - Encolhi os ombros, pegando depois no boné e nos óculos. - Deixem-se estar e não se incomodem comigo!

Não lhes dei tempo para me responderem. Comecei a fazer o caminho de volta para o hotel, sempre com os olhos no telemóvel. O facto de estar a ser tremendamente ignorado desde o dia anterior estava a fazer com que desse em louco, e consequentemente, a fazer com que o meu humor não estivesse nada fácil de aturar.

No curto caminho até ao hotel onde estávamos os três instalados, acabei por ser abordado por algumas pessoas que me reconheciam mais por jogar no Benfica do que propriamente pela seleção. Apesar de ter noção da quantidade de pessoas que nos ficaram a conhecer - a todos -, depois de termos ganho o euro, há uns dias.

Voltei a olhar para o telemóvel e o mesmo, ainda não tinha qualquer mensagem. Pelo menos, não da pessoa da qual esperava ansiosamente uma.

- Foda-se! - Resmunguei, ao mesmo tempo que procurava o seu número, na lista de contactos do meu telemóvel.

Após alguns duas tentativas e alguns minutos em espera, finalmente ela acabou por atender.

- Caralho, estava a ver que não! - Suspirei de alívio. A frustração começava a ser tanta, que já nem sabia muito bem o que dizer ou como agir. - Podes explicar-me o que se passa?

- Nada. - O seu tom de voz rude e a sua resposta monossílabica fez-me ficar ainda mais confuso. E também mais frustrado.

- Margarida... - Encostei-me à parede do hotel. - Eu não sou parvo nenhum, desde ontem que me estás a ignorar, portanto alguma coisa se passa.

- Ligaste-me para isso?

- Foda-se meu, o que é que se passa, miúda? Podes falar comigo e explicar-me as coisas? - Desencostei-me novamente, sentindo-me irrequieto tal não começavam a ser os meus nervos. - O que é que eu fiz?

- Não se passa nada, Nuno. Porque é que havia de se passar alguma coisa? - Conseguia sentir a ironia e o sarcasmo do outro lado da linha.

- Foi por ter vindo para o Algarve em cima da hora, é isso? - Tirei o boné da cabeça e passei a mão pelos cabelos. O calor estava insuportável. - Margarida... eu já te expliquei o porquê de ter vindo.

- Ok Nuno, diverte-te.

- Pára com isso! - O meu tom de voz, soou quase como se estivesse a implorar algo de forma desesperada. E na verdade, nem estava muito longe disso. - Fala comigo e diz-me o que é que te está a incomodar! Eu não quero estar aqui chateado contigo! Achas que estou a conseguir aproveitar alguma coisa?

O suspiro que ouvi do outro lado, deu-me uma certa esperança de que ela pudesse estar prestes a ceder.

- Porque é que não arranjas uma companhia feminina?

- O quê? Tu estás a ouvir o que estás a dizer?

- Perfeitamente.

- Tu só podes estar a gozar com a minha cara! É por isso que estás assim? Por favor, Margarida! Conheces-me melhor que isso!

- Será que conheço? Nós não temos nada, Nuno! Estás livre, de férias, toda a gente te conhece agora. Devias aproveitar para te divertir.

- Queres que te diga uma coisa? Se é isso que queres é isso que vou fazer! - Obrigado orgulho, por falares mais alto que eu.

- Ótimo, diverte-te então.

- Tu também, devias aproveitar o teu próprio conselho.

- Vou fazer isso, obrigada!

E desligou.

Isto não me estava a acontecer.








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Olá malta, não sei se vocês ainda estão por aí ou não mas, visto que estamos a passar uma altura um bocado complicada e eu não sei bem o que fazer, decidi publicar algo que escrevi em Agosto de 2018.

Quero tentar abstrair-me um bocado do que se anda a passar com o mundo e com a minha febre lmao.

Contextualização: isto passa-se mal a geração 99 é campeã.

Famous × Nuno Santos ✔ Onde histórias criam vida. Descubra agora