~ CAPÍTULO TRÊS ~

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— Que exagero, Valentina! Alguns ficaram bons, outros mais ou menos mas este, está lindo! — Alice diz, segurando-me pela cintura.

— Sua irmã tem razão, este ficou maravilhoso, realçou sua pele branquinha. — Minha mãe se encarrega de tecer o elogio, certamente na tentativa de me animar.

Olhamo-nos as três em silêncio através do espelho, faço uma careta aborrecida que denuncia meus pensamentos.

— Prova, esse! — Alice sugere, estendendo-me um vestido perolado.

— Nem pensar! Já chega por hoje!

Exacerbada, volto para o provador fechando a cortina com força na cara das duas.

— O que deu, nela? — Alice sussurra.

Fecho os olhos por alguns segundos, ser grosseira com minha irmã e mãe não vai mudar em nada.

— Desculpem — murmuro, afastando a cortina. Elas estão imóveis me olhando com preocupação.

— Alice, vai comprar um docinho para ela, vai. — Mamãe diz sem tirar os olhos de mim, dando uns tapinhas no braço de Alice como se fosse uma emergência. E talvez seja, e talvez ainda, só mesmo um doce para me acalmar.

Minha irmã compreende e sem questionar pega a sua bolsa em cima de um sofá e sai girando nos calcanhares. Vou até este mesmo sofá e me sento nele cruzando os braços em cima do peito, sem perder tempo minha mãe vem para o meu lado.

— O que houve, filha? — ela pergunta colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

— Meu corpo, mãe — respondo fitando o chão.

— O que têm, ele?

— É feio, aliás não tenho corpo, ainda pareço com aquela menininha de dez anos de idade.

— Valentina? — diz com a voz suave, erguendo meu queixo, fazendo-me encontrar seu olhar.

— Filha você é linda, seu corpo é lindo.

— Não é não, mãe.

— Ah, filha! Não diga isso. Cada mulher tem um tipo de corpo, este é o seu; esguio e elegante.

— Magricela, isso sim!

— Valentina! — repreende-me.

— Verdade mãe! Até meninas com menos idade que a minha, tem bem mais corpo do que eu.

— Não estou entendendo, você nunca se queixou sobre isso, o que foi que mudou? Algum... garoto te disse algo? — ela investiga.

Nego, entristecida.

Ninguém disse nada diretamente para mim, mas desde aquele sábado semanas atrás, quando Matheus comentou das coxas de Nina, comecei a reparar nela e fazer um comparativo comigo. Foi deprimente. Caramba! Nina tem mesmo um corpo bonito, bem desenhado que preenche as roupas com volumes nos lugares certos. E ao reparar nisso associado em saber que ela tem mandado mensagens para o Gustavo me incomodou. Poderia apenas me atormentar por ela ser a menina que sempre quis me menosprezar, mas não. O que me perturbou, foi pensar se Gustavo acha ela bonita, e se a olha com admiração. E que droga! Eu nem deveria me preocupar com isso, mas por alguma razão estranha me preocupa, me atinge e me fere.

— Vocês estão precisando de alguma ajuda? — Uma vendedora questiona, tomada de enorme simpatia.

— Ah, sim! Eu vi um vestido azul turquesa na vitrine, você pode nos trazer ele, por favor? — Minha mãe pede usando o mesmo tom simpático que o da vendedora que rapidamente se afasta para atender o pedido.

Nascidos para Amar - [DISPONÍVEL E-BOOK COMPLETO NA AMAZON]Where stories live. Discover now