At Midnight

A Coroa da Queda

Boa noite! Eu gostaria de lembrar que o habibverso não segue as datagem corretas de acontecimentos históricos. Muitas coisas aconteceram em épocas diferentes e outras na mesma época que conhecemos. É um universo paralelo ao nosso, vale lembrar. Logo vou disponibilizar um mapa do Mundo das Trevas e um guia para vocês se orientarem melhor no espírito de andarilho de fantasia. Favoritem e comentem para dar amor a essa história, por favor. Dito isso, boa leitura.

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Janeiro de 2018

Séculos vem e vão. Impérios são erguidos e derrubados na mesma medida. Todos poderiam esperar e até mesmo ter anseios e devaneios com o momento de mudança para o Mundo das Trevas, mas não. O sobrenome das rainhas ainda não era pronunciado em voz alta nem mesmo pelo ser mais corajoso. Punições e massacres ainda aconteciam em largas escalas, e isso era sinal de que a violência do reinado delas não acabaria nem tão cedo. As rainhas subjugaram até mesmo as neutras bruxas aos seus pés.

Há de se esperar que as rainhas se importavam com cidades queimando e corpos sem vida sendo empilhados, porém, estão enganados.

A rainha Karla Camila andava pelas ruas de Paris, em uma face soturna e pouco encorajadora. Quem passava e olhava, impressionava-se com tamanha beleza esplendorosa. Nunca viram uma criatura tão brilhante e magnífica com seis cabelos castanhos sedosos e longos caindo em suas costas, e o portar majestoso de uma rainha de berço. Humanos se impressionavam, mas para ela, eles eram apenas seu alimento. A garganta doía com tanto sangue fresco a rodeando. Amava humanos quando ela estava com suas presas afiadas fincadas no pulso de seus pescoços.

— Senhorita! — Uma voz frágil entrou pelos ouvidos da vampira, que num reflexo, segurou o pulso da idosa com força desmedida. Os anéis de seus dedos marcaram o braço da senhora, devido a força usada. O olhar de Camila levantou-se para uma senhora de meia idade que a olhava com uma expressão dolorida pela força aplicada no aperto. Era uma comerciante de rua.

Estava apenas reagindo ao toque humano indesejado, gostava de ressaltar em seus pensamentos. Por que humanos não podiam pedir permissão para tocar em outros? Sua esposa não gostava quando era tocada acidentalmente por ninguém. O cheiro de outra criatura impregnado em seu corpo não era bem-vindo. Sua esposa era híbrida de vampira com lobisomem, e seus instintos territoriais eram muito mais fortes. Enquanto todos evitavam tocar em Camila, eram quase livres para tocar Lauren porque ela não tinha olfato que se incomodava.

Não se esforçou para fazer parte do comportamento civilizado dos humanos. Soltou-a porque estavam em público, muitas pessoas ao redor e poderia expor o segredo do Mundo das Trevas se fizesse o que tinha vontade. Até as rainhas faziam sacrifícios para manter outros seres seguros.

Ela esperou que a senhora simplesmente virasse as costas e fosse embora, mas isso não aconteceu em momento algum porque a senhora estava olhando para ela com olhos analíticos e pensativos. Então virou-se para o carrinho e mexeu na seção de anéis.

— Deixe-me recompensá-la. Parece uma moça muito bondosa em vida — Camila arqueou a sobrancelha com a fala da mulher. — Aqui! Eu não tinha destino para uma relíquia como essa, e ninguém se interessa em comprar. Parece uma colecionadora de anéis antigos.

A vampira curvou a cabeça na direção da senhora, num movimento semelhante à de um réptil, predatório e perigoso. Um sorriso escarnecedor apareceu em seus lábios pintados de vermelho. Bondosa? Ela? Ou mesmo merecedora que algum cidadão benfeitor? Não que acreditasse honestamente que existisse benfeitores entre os humanos, que não fosse por conveniência. Lentamente, ela passou a língua pelos lábios carnudos, se deliciando com a sensação da ironia do momento ao mirar o pescoço com a veia saltada e exposta da mulher.