Capítulo XXXI: Essa é pra você

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Desde o começo, sabia que ficar com Johann não seria fácil. Entretanto, ele parecia tão empenhado em fazer tudo dar certo que eu não poderia fazer algo diferente. Nada mais justo do que me dedicar, assim como ele. Johann era difícil e carregava uma grande bagagem consigo, contudo, nós teríamos que tentar e, no final, esperávamos que desse tudo certo.

Dessa vez, assistimos uma comédia, para ninguém sair chorando no final, como aconteceu antes. No momento em que o filme acabou, Ella não deu nem chance dos créditos passarem e, após desligar a televisão, se virou para mim.

— Certo, agora, você pode nos contar — Louisie incentivou, bebendo o último gole do seu suco. As duas me encaravam como se eu fosse o episódio final da temporada de uma série, cheio de revelações.

— Não me olhem assim, estão me deixando nervosa — pedi e Ella segurou minha mão, sorrindo em seguida.

— Nós estamos aqui para ouvir e apoiar você. Sempre. — Lou completou o gesto da loira.

Olhei para o rosto das duas antes de pensar em falar algo. Tinha medo, muito medo.

Tinha medo de que meus amigos não me apoiassem e eu os perdesse. Medo dos olhares e comentários das pessoas quando nos vissem juntas. Medo de acabar sozinha. Porém, sabia que, se eu quisesse ficar com Johann, teria que aceitar tudo que vem junto.

— Não sei como dizer isso, então... — Suspirei uma vez, antes de soltar a bomba. — Eu estou, meio que, namorando o Johann.

E o silêncio que se seguiu foi suficiente para ouvir o tique-taque do relógio pendurado na parede do quarto. Ella e Louisie olhavam para mim, paralisadas, e eu estava quase entrando em desespero, pensando que elas tinham ficado chocadas demais com a revelação.

— Uau! — Ella soltou, simplesmente. Logo ela, que sempre tentava reconfortar a todos.

— Tudo bem, eu esperava qualquer coisa, menos isso — Louisie comentou.

Não sabia como agir diante da falta de reação delas. Era estranho revelar isso em voz alta, no entanto, não esperava que elas agissem de outro modo. Se alguém me contasse que, um dia, eu estaria com Johann, provavelmente, ficaria igual às duas.

— Você está feliz? — a loira questionou depois de um tempo de silêncio.

— Acho que nunca estive mais — respondi e ela sorriu.

— Então nós também estamos.

— Mas acabaremos com ele no primeiro passo errado — a ruiva completou.

As garotas me abraçaram e eu soube, naquele momento, que, enquanto tivesse minhas amigas, sempre teria a quem recorrer.

Entrando na escola na quarta-feira, era visível, em todos os cantos possíveis, que os alunos estavam animados para o jogo, um clássico contra a escola rival

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Entrando na escola na quarta-feira, era visível, em todos os cantos possíveis, que os alunos estavam animados para o jogo, um clássico contra a escola rival.

— Como está a animação para a partida? — Assim que nos encontramos no corredor a caminho da quadra, Ella perguntou. Ela tinha o rosto pintado e uma camiseta como a de Brian, com o mesmo número, mas com o seu sobrenome estampado nas costas.

— Estou mais nervosa que animada — falei a verdade ao atravessarmos as portas da quadra.

Já estava quase tudo lotado quando sentamos bem no meio da arquibancada, onde Ella havia guardado lugar, com uma boa vista de toda a quadra, onde as líderes de torcida estavam alongando-se. Lou estava no meio das garotas e acenou um pompom para nós duas ao nos ver.

Minhas mãos suavam frio enquanto Ella pegava sua mochila e se oferecia para pintar o meu rosto, o que deixei. Queria entrar no espírito da coisa. Prendi o cabelo, para não acabar com eles coloridos também e, no segundo em que a voz da diretora soou nas caixas de som, nós voltamos nossa atenção para ela.

Beatrice anunciou o jogo e as equipes, que entraram arrancando gritos e vaias das torcidas. Johann entrou com os olhos varrendo o lugar e sorriu ao me encontrar. Não pude evitar fazer o mesmo.

Quando o jogo começou, todos se sentaram, gritando e comemorando a cada cesta marcada e entrando em desespero com cada ponto rival. Sempre assisti aos jogos da escola, porém nunca havia ficado tão nervosa com um deles. Tudo culpa de Johann Adams.

Nós estávamos em vantagem quando houve o intervalo entre o segundo e o terceiro período do jogo. Ella levantou correndo, dizendo que compraria algo para comermos, e eu fiquei ali, encarando a quadra lotada, com as líderes de torcida dançando no meio de tudo.

Sentia-me fazer parte daquilo. Era como se Johann tivesse me feito entrar em seu mundo de cabeça, com tudo. Aquilo parecia ser o começo de muita coisa.

Ella voltou, trazendo lanches, e o jogo retornou, nos fazendo gritar várias vezes com a boca cheia de comida.

Nos últimos segundos da partida, com o nosso time bem a frente do adversário, Johann marcou uma cesta, recebendo gritos de vitória. Ele correu para a lateral da quadra enquanto eu tentava entender o que ele faria. Ao vê-lo pegar o microfone das mãos da diretora e se virar na minha direção, eu gelei.

— Karyn Scott, essa é pra você.

— Karyn Scott, essa é pra você

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Sobre poemas anônimos, garotos e amor - Livro I [COMPLETO]Where stories live. Discover now