No Idea - Philippe Coutinho

1- The beginning

 Fazia calor em Moscou, o que parece ter agitado as pessoas e ter as trazido pra rua. Me encontrava em um bar em uma rua que havia chamado a minha atenção. Ela era repleta de bares e completamente iluminada por cordões de luzes brancas, tipo aquelas natalinas, sabe? Não passavam carros por aqui, pelo menos não agora.

Ainda não fiz nenhum amigo aqui na Rússia, e essa também não era a melhor época para isso já que praticamente o mundo todo se encontrava aqui. Era época de copa e as ruas estavam tomadas por estrangeiros em busca de futebol. Meu caso não era esse, pelo contrário. Eu não entendo nada de futebol e nem ficarei aqui só por alguns dias, ou semanas. Eu nem tinha ingressos para os jogos. Mal sabia o nome dos jogadores da nossa seleção. Sabia no máxim o do Neymar. Mas não era a copa que havia me trazido à Rússia.

Era o Ballet. Estava realizando o maior sonho de qualquer bailarina. Dançar com o Bolshoi. Daqui dois dias seria meu primeiro dia de ensaio e eu estava nervosa, por isso, me encontro na bancada de um bar bebendo uma cerveja russa que nem era das melhores, esperando que ela me ajude.

Fiquei observando as ruas poluídas com pessoas de todas as etnias possíveis com camisetas de seus países. Procurei rapidamente na multidão alguém com a camiseta do Brasil. Sem sucesso. Termino minha cerveja e peço outra. Logo após o garçom anotar meu pedido, ele se vira ao moreno sentado ao meu lado. Ele era incrivelmente bonito. Me pego encarando-o. Ele se vira pra mim e da um sorriso. Um sorriso lindo, se me permite dizer. Sorrio de volta e me viro pra frente de novo dando um gole na minha cerveja horrorosa. Sinto meu celular vibrar no bolço da minha calça. Pego e vejo que é minha mãe me ligando:

- Oi, mãe... Posso te ligar depois?... Ta tudo bem sim... Ta bom... Beijo... Também te amo.

Guardo o celular de volta no bolço e vejo que o tal moreno está me olhando com um ar risonho no rosto. Mas é claro, eu acabei de falar português no meio da Rússia. Devo parecer a pessoa mais estranha do mundo. Mas para a minha surpresa...

- Brasileira também? – ele me pergunta soltando uma risadinha logo depois.

To be continued...