Incorporados - Divina Ordem do Cruzeiro do Sul

Um - O Griô

O céu multicolor já começava a mesclar com o véu da noite nas ruínas da antiga cidade. Na ocupação, aquele horário todos, exceto aqueles que estavam em missão, começavam os preparativos para a noite. Alguns adolescentes catavam materiais que pudessem jogar na fogueira, braços de cadeiras escolares, suporte de outdoor, partes de um antigo banco de bar, papel de propaganda e outras coisas que deveriam ter sentido no mundo antigo, mas não agora. Um dos adolescentes tirou dois coriscos do bolso, bateu as três vezes enquanto saldava seu antigo ancestral "Kaô Cabecilê!", raspou as pedras uma na outra e pedras e as faíscas surgiram precedidas por pequenos e quase imperceptíveis raios. E o fogo começou a consumir a fogueira, todos fizeram uma referência e aos poucos as pessoas foram chegando e logo estavam acomodados. O velho caolho surgiu da sua morada e atravessou a multidão que lhe saudavam com leve palmas um leve inclinada na cabeça. Foi até o lugar reservado próximo a, agora, frondosa fogueira. Todos estavam contentes pela aquela presença do velho Griô.

Ele bradou: que os nossos ancestrais hoje sejam lembrados. Eu saúdo o reino de Aruanda! Saúdo a reino da Juremá! Saúdo os Encantados! E todos os reinos que estão entre nós! Saúdo aos grandiosos seres Divinos da extinta mata! Saúdo a minha mãe! Aos nossos filhos e filhas que estão longe com seus guias resolvendo demandas! Saúdo as crianças e jovens e aos adultos aqui presentes e aqueles que também estão por vir! Çar-avá. E todos repetiram e coro: Çar-avá.

Todos conversaram livremente quando alguém se direcionou ao velho edisse, vamos lá ancião conte uma história dos tempos antigos, aquela do meninodo mar. A história sempre era contada nas passagens do velho Griô e dessa veznão seria diferente. Tomou um gole de algo na cuia e começou.

Imagem: Griots de Sambala, roi de Médine (illustration de Côte occidentale d'Afrique du Colonel Frey) - Fig.81 p.128 - [Cote : Réserve A 200 386]