Aquele do esbarrão

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Depois de tomar uma vitamina, coloquei roupas de ginástica que havia trazido na mala e peguei uma garrafa de água no frigobar. Olhei no mapa atrás do ingresso e vi que a academia ficava no 2° andar, acima do salão principal. Amarrei o cabelo, deixando alguns fios soltos e peguei o cartão do quarto tomando o elevador.

Tinha poucas pessoas, talvez cinco comigo treinando àquela hora da manhã. Fiz dez minutos na esteira, e depois levantei alguns pesos para fortalecer os glúteos e braços. Terminei exercitando a panturrilha para evitar câimbras e tomei um pouco d'água.

Entrava na academia um grupo de rapazes, que estavam de regata e bermuda. Conversavam entre si e riam de alguma piada sobre a noite anterior, enquanto outro deles tinha cara de paisagem, provavelmente sendo o motivo da risada dos amigos.

– Certo, chega – ele falou em meio às risadas. – Vocês nunca tomaram um fora? Ok, ela era muito gata, mas e daí?

– E daí que foi O fora – outro amigo zombou fazendo todos rirem. – Te jogar na piscina foi o estopim! Mas tudo bem, vamos mudar de assunto. O que mais surpreendeu vocês ontem?

– Com toda certeza a mulher que eu fiquei – um mais gordinho falou, andando na frente. – Nunca havia ficado com uma mulher tão gostosa na minha vida.

– Ah, qual é, por causa da sua aparência? – um deles bateu em suas costas. – Mas pensando bem, acho que eu me sentiria um grão de mostarda perto dela, eu vi.

– E aquela japa de vestido dourado que estava tomando literalmente todas e depois beijou um dos passageiros? – ouvi atenta, não querendo acreditar que poderia ser minha amiga.

– Depois ela beijou a esposa dele, você viu? – fiquei de boca aberta ouvindo a outra fala.

– O que me surpreendeu além do fora que eu tomei, foi um casal se pegando dentro do elevador. O cara estava quase lá, quando o elevador parou em meu andar – explicou o que estava sendo zoado no começo, e eu arregalei os olhos. – A garota sumiu de dentro do elevador, e quando o cara tentou ir atrás dela, nem sinal tinha mais no corredor, mas deixa eu te falar: a garota era linda.

Quando percebi que eles se aproximavam do aparelho em que eu estava, me escondendo atrás dos aparelhos escorreguei para fora da academia, pegando o elevador o mais rápido possível até o andar do meu quarto.

Antes que eu pudesse abrir a porta do quarto, vi que Ramon estava andando no corredor de costas para mim, e parecia procurar alguma coisa. Passei o cartão na porta e dei de cara com Paula sentada em minha cama, e Yumi deitada de olhos fechados com a mão na cabeça. Suspirei exausta, largando as coisas sob a mesinha que tinha antes da cama.

– O que aconteceu com você? – Paula perguntou sem tirar os olhos de mim desde que eu havia entrado no quarto.

– Muita coisa – joguei alguns fios de cabelo para trás. – Comecem vocês a me falar, pois se estão aqui no meu quarto, significa que Paula subornou o camareiro.

– De acordo com a nossa aposta, tenho um beijo e vocês zero – Paula jogou–se na cama, mexendo no celular.

– Muito pelo contrário, meu bem – limpei a garganta, chamando atenção de Paula, que agora largava o celular para me ouvir. – Estamos empatadas. Conheci um cara ontem, ficamos e por pouco não rolou algo a mais. E você, Yumi?

– E eu achando que eu era quem pegava mais – riu Paula, sentando–se na cama, batendo na perna de Yumi. – Japa está morta de ressaca, aparentemente bebeu todas enquanto eu fiz alguns amigos, galera muito louca, vocês precisam conhecer. Marcamos de jantar hoje à noite, e falei que vocês iriam.

– Eu não sei se lembro, mas se estou certa, beijei três pessoas – arregalamos os olhos e ela choramingou. – Por favor, me deem mortífero, prefiro estar morta do que passando assim tão mal.

Como Sobreviver Em Um Cruzeiro [COMPLETO]Where stories live. Discover now