Aquele do embarque

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As malas estavam prontas na sala do meu apartamento, assim como meu TCC estava pronto para ser impresso e entregue nos próximos dias após o cruzeiro. Tinha acabado de tomar um banho pós treino, e não sabia ainda se estava preparada para embarcar em alto mar por dez dias. A preocupação pelas minhas responsabilidades ainda pesava sobre meu psicológico, e Paula tentava a todo custo desfazer isso da minha cabeça.

Ia primeiramente em direção à casa de minha mãe para deixar o carro e Otávio durante os dez dias, e depois embarcar. Meu xinxila sabia que eu iria ficar uns dias fora e já estava amoadinho por isso.

Depois de acomodar minhas coisas e de Yumi – que morava na rua de trás do meu apartamento – no carro, passei para pegar Paula que com dificuldade, acomodamos suas coisas e tomando viagem em seguida. Não demorava muito para chegar em Angra, mas dava um bom passeio até lá.

– Queria eu ter a mesma sorte que Paula – comentou Simone, minha mãe. – Ganhar uma viagem de cruzeiro com Antenor seria uma segunda lua de mel.

– Mãe, vocês vivem em lua de mel, não exagere – revirei os olhos, colocando a gaiola de Tobby na cozinha. – Ele come duas vezes ao dia, e é só trocar o jornalzinho pela manhã – expliquei mais uma vez, dessa vez ao vivo e não por telefone.

– Eu sei cuidar desse bichinho – mamãe novamente respondeu irritada.

– Eu posso ajudar – Gustavo falou sentado no sofá enquanto devorava um pacote de salgadinhos, e via animes.

– Não toque no meu filho – apontei para Gustavo, que revirou os olhos. – Você deve ter centenas de bactérias embaixo das unhas que não saem de cima desse controle de videogame.

– Como você é chata – o garoto bufou do sofá, mostrando-me a língua.

– E como estão Luís e René, Paula? – minha mãe mudou o foco da conversa.

– Estão bem, tia – respondeu minha amiga, que estava sentada na bancada americana à cozinha. – Cada dia mais felizes um com o outro.

– E seus pais, Yumi? Mais liberais ou a mesma coisa? – mamãe continuou, acariciando os cabelos lisos e pretos da japonesa.

– Estão quase enfartando por eu ter abandonado a quinzena sagrada budista – comentou minha amiga receosa. – Consegui dobra-los dizendo que no cruzeiro da viagem há mosteiro, mas irei fazer as orações dentro da cabine mesmo.

– Enfim, chega de conversa – bati as mãos, e olhei para elas. – Está dando a hora de embarcarmos, e até o porto de Angra é um pouco demorado, podemos ir?

Mamãe foi o caminho todo conversando com Paula e Yumi, incluindo Antenor na conversa deles, falando sobre mil e uma coisas. Eu por outro lado estava um pouco deslocada, e preocupada para ser mais exata. Torcia para que a viagem definitivamente tirasse da minha cabeça toda a responsabilidade por pelo menos dez dias.

O cruzeiro era enorme e branco. Tinha centenas de janelinhas, e eu fiquei um pouco impressionada pela grandeza. Havia duas entradas liberadas nas laterais presas à plataforma no porto e algumas pessoas iam caminhando para o interior do navio. Nos despedimos de mamãe e Antenor, puxando a mala para a entrada da embarcação.

Eu não fazia a mínima ideia de quantos andares aquele navio tinha, mas o salão principal era esplêndido. A decoração era toda amadeirada em ébano envernizado, dando um ar mais escuro ao local. As pilastras também do mesmo material sustentavam a embarcação e no centro havia uma escada como a do Titanic, onde subia para o segundo andar do salão principal. O centro tinha um enorme lustre de cristais, que iluminava boa parte do estabelecimento devido à iluminação de cada pedrinha daquelas.

Como Sobreviver Em Um Cruzeiro [COMPLETO]Where stories live. Discover now