Capítulo 4 - Amaldiçoado pelo amor que recebi da filha do patrão

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- Tenho certeza de que é um bom homem. Parabéns, Izzy.

- Você não vai me abraçar, seu tolo?

- Oh, claro.

Isabelle se aproximou e Harry deixou o rastelo cair no chão antes de envolver os braços ao redor dela. A sensação de tê-la sob seus dedos causava-lhe grande comoção.

- Ele vem para cá hoje, pensei que você poderia levá-lo para cavalgar um pouco. - as palavras de Isabelle ditas tão perto de seu ouvido, fizeram Harry estremecer e se afastar.

- Ora, mas já?

- Ele vai passar o fim de semana. Vamos fazer um jantar de noivado.

- Será assim tão rápido?

- Qual é o problema Harry?

- Nenhum. - Harry agachou para pegar o rastelo e se levantou novamente - Ouça, vou fazer o que me pedir, mas preciso trabalhar agora.

-  Harry.  - a voz de Isabelle soou firme, pois ela conhecia o amigo e sabia que algo não estava certo, mas apenas ela não foi o suficiente para impedir Harry de sumir entre as árvores.

                                    *

- Ele é um ótimo, ótimo cavalo. - o Sr. Wheaterly repetia pela décima, enquanto acariciava Axel, o cavalo marrom de Isabelle. Parecia satisfeito enquanto vislumbrava o pêlo brilhante, sedoso e escovado do animal.Por sua vez, um dos rapazes ao seu lado, o de pele menos queimada e trajes sofisticados, assentia admirado:

- Oh, posso ver isso. É um animal belíssimo.

Harry, que havia ido buscar celas e todo o equipamento necessário, sentia quase que uma necessidade de debochar mentalmente de tudo que o rapaz da cidade dizia, mesmo que tudo que saísse de sua boca fosse extremamente educado e polido. Fazia sentido ele querer impressionar o pai de sua noiva.

- O Harry aqui preparou Axel para você. - o Sr. Wheaterly puxou fraternalmente os ombros de Harry- É um amigo antigo da família.

- Muito prazer, Sr..?

- Styles.

- Styles. Meu nome é William Firth. - ele estendeu a mão branca de dedos longos para Harry, que a apertou com firmeza.

Harry achava que havia um quê infantil no rosto do rapaz, talvez um pouco mais de carne nas bochechas, mas não era mal. Tinha cabelos pretos bem arrumados, olhos azuis e a postura perfeita. Mesmo que não quisesse, à primeira impressão o rapaz parecia bom o suficiente.

- Agora que já se conhecem, Harry pode te levar para andar um pouco com Axel.

O Sr. Wheaterly deu um tapinha nos ombros de William e saiu educadamente de cena, movendo graciosamente as pernas pelo extenso gramado.

- Onde está o seu cavalo? - William perguntou.

- Eu vou apenas acompanhá-lo.

William já sabia perfeitamente como montar um cavalo, de maneira que Harry não teve que fazer muito, apenas caminhar ao lado de Axel para que o cavalo não se revoltasse em algum momento. Porém o rapaz era bom de conversa e não tinha freios na língua, perguntava sobre tudo que quisesse saber, e em outros casos Harry até apreciaria, mas estava de mau humor por algum motivo.

- Essas terras são mesmo lindas. Você e seu pai que cuidam, certo?

- Certo.

- Mas o Sr. Wheaterly se refere à vocês como amigos da família.

- Estamos aqui há muito tempo.

O pasto por onde passavam era extenso e muito verde, parecia algo tirado de O Morro dos Ventos Uivantes, um livro que Harry havia lido há algum tempo sob a influência de Isabelle.

- Isabelle me disse uma ou duas coisas sobre você.- William voltara à falar.

- O que ela disse?

- Disse que vocês são bons amigos e que era essencial que nos déssemos bem.

- É mesmo?

- Então é um prazer conhecer você, Harry.

Harry sabia que não tinha motivos para sentir ressentimento de alguém que estava sendo tão humilde e gentil para com ele, mas sentia-se humilhado de alguma forma por aquele homem rico e educado que montava o cavalo que ele próprio havia preparado, que estava um patamar acima dele de várias maneiras. Sentia raiva porque sabia que Isabelle tinha bom julgamento das pessoas e havia escolhido um homem bom, ou assim parecia, mas este fato não impedia seu sangue de ferver nas veias quando ele pensava em outro tocando Isabelle, seu cabelo, seus ombros, seu rosto, tudo o que ele conhecia e amava desde sempre. Sua melhor amiga ia se casar e isso estava acabando com ele de maneira avassaladora. Harry não era tolo, sabia o que sentia tanto quanto sabia que devia refrear tais sentimentos, ou ao menos tentar escondê-los.

- É bom te conhecer também, William.

- Pode me chamar de Will.

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Mistery of Love - H.SWhere stories live. Discover now