Antes Que Venha O Fim -@oficial-

Desvendando o Mistério

- Mas porque você acha que é ele?

- Então estávamos conversando no banheiro

- Conversando no banheiro?

Ela me olha e entendo o que ela quer dizer

- Ah! Conversando no banheiro. Entendi

Eu digo sorrindo

- Então foi no banheiro das meninas aqui na escola. Eu disse pra ele que estava arrependida de ter brigado com a Bruna mas ele disse que ela mereceu eu ter feito aquilo

- Espera! Essa conversa de vocês foi no dia que o Thomas morreu

- Acho que sim. Não me lembro porque?

- Nada. Continua

- Então. Eu descobri que ele estava me traindo com a Daisy. Antes dela terminar com ele. Agora quero me vingar

- Mas você nem sabe se é realmente ele que sequestrou a Bruna

- Eu sei. Mas também pode ser ele. Então vamos descobrir

- Vamos pra onde?

Respondo olhando uma briga que está acontecendo do outro lado da rua

- Vamos descobrir a verdade. Vamos encontrar a Bruna e desvendar o mistério!

Ela dá pequenos pulos e grandes sorrisos com os olhos cheios de esperança e felicidade

- Não é fácil descobrir onde uma pessoa desaparecida está. E muito menos descobrir quem a sequestrou

- Ei! Você tem que pensar positivo. Claro que vamos descobrir. Então está pronto para a aventura!

Ela diz com uma esperança tão grande em seus olhos. Como naqueles filmes de suspense que os personagem vão atrás de pequenas pistas. Não consigo dizer não. Mesmo sabendo que não vai dar em nada

- Acho que tô

Digo rindo pra ela enquanto a vejo em uma estranha e contagiante felicidade

- Então qual foi a última vez que você a viu Noah?

- Eu vi ela no ponto de ônibus subindo na garupa de uma moto

- Qual ponto de ônibus?

- Foi no que fica em frente ao hospital

- Qual hospital?

A olho levantando as sobrancelhas

- Tem só um hospital aqui!

Ela diz sorrindo

- Nossa cidade é pequena Jennifer você esqueceu!

- É uma cidade projetada, com ruas que dão volta em si mesma. Com casas iguais e pessoas iguais. Uma cidade sem vida. Uma cidade de papel

- Você está lendo muito John Green!

Ela sorri e eu também

- Então vamos?

- Vamos onde garota? Temos aula agora

- Ninguém vai perceber se não entrarmos!

Ela me olha tocando seus lábios

- Onde iremos?

Pergunto curioso

- Vamos atrás de pistas. E a primeira é o ponto de ônibus

- Espera. Me lembrei de uma coisa!

- O que?

- O bilhete?

- Que bilhete garoto?

- Vamos temos que ir em casa

Chegando vou até meu quarto. Jogo todas as roupas do guarda roupa no chão

- O que você está fazendo?

- O bilhete. Claro o bilhete. Porquê não pensei nele antes!

- Se você não me falar que bilhete é esse vai ficar complicado eu te ajudar

Ela diz com os braços cruzados

- O bilhete que a Bruna deixou cair quando subiu na moto

- Eu te ajudo a procurar

Ela diz procurando no bolso das calças

- Achei

Digo com um sorriso

- O que diz o bilhete?

- Escola!

- Como assim. Só diz isso? Me dá ele aqui

Entrego na mão dela

- Não é muita coisa. Mas já é uma pista. O desaparecimento de Bruna Rouser está relacionado com o colégio Estuart Filipes Descartes

- Por Que você está falando assim?

Pergunto erguendo uma sobrancelha

- Só achei que ficaria legal

Ela diz sorrindo

- Tudo bem. Mas o que será que o nosso colégio tem a ver com o sumiço dela

- Não sei. Vamos descobrir. Próximo ponto ir até o ponto de ônibus e conversar com algumas pessoas

- Já faz quase dois mêses que ela desapareceu. Até a polícia já parou a busca

- Pode ser. Mas eles não sabem que ela esteve no ponto de ônibus antes de sumir

- É a polícia! Lógico que eles sabem. Eles sabem todos os lugares que ela esteve

- Cala a boca e vem

Chegamos no ponto

- E agora que vamos fazer?

Pergunto olhando o hospital

- Não sei!

Jennifer diz sentando no banco. Percebo que suas esperanças começam a ir embora. Ela está com o bilhete na mão

- Vamos entrar no hospital e pedir para ver as câmeras de segurança. Elas devem ter filmado alguma coisa

- Isso Noah!

Ela se levanta sorrindo. Me da um beijo na bochecha. Eu fico parado olhando ela ir andando até o hospital

- Vamos Noah! Vai ficar aí parado?

- Não. Vamos!

Digo sorrindo pra ela. Conversamos com o segurança para podermos olhar as câmeras. Como foi de se esperar ele não deixou. Jennifer insiste mas ele não deixa. Ela sai irritada me chamando

- Já sei o que fazer! Até a noite Noah

- Como assim até a noite?

- Quando chegar a hora você vai saber

Ela sai andando pela calçada e desaparece. Eu fico olhando aquela garota estranhamente louca e rindo dela. Resolvo ir a pé também para casa. Mas no meio do caminho desisto. Matriz é uma cidade pequena. Mas da minha casa até o hospital é uma grande distância.

Entro no ônibus. Escolho o último banco. Encosto minha cabeça na janela e coloco o fone no ouvido. Começa a tocar ED Sheeran. Vejo o lago. Desço do ônibus e vou em direção a um dos bancos. Vejo o carro do pai de Daisy saindo. Me sento no banco. Hoje está diferente do dia que vim aqui. Hoje tem poucas pessoas no lago. O tempo está fechado. Começa a cair alguns pingos. Vejo as poucas pessoas correndo para seus carros e indo embora

Logo me vejo sozinho no lago. A chuva começa a engrossar. Abaixo minha cabeça. Choro pensando em Thomas. Penso em tudo e em todos. A vida nunca foi fácil pra mim. Não digo em questões físicas, financeiras ou algo do tipo. Mas digo em grandes abismos de conflitos internos. Quando seu eu interior quer gritar mas não consegue. E agora a única coisa que sei fazer é chorar.