Nostrorum Literarum

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NOTAS DA AUTORA: Eu só queria fazer um agradecimento rapidinho ao Arthur, que encontrou a imagem do capítulo pra mim e pra Galerinha do Mal do Twitter que me enche de inspiração quando o assunto é Afonsarina <3

SINOPSE DO CAPÍTULO:

Em Montemor, Afonso não consegue parar de pensar em Catarina e fica preocupado que ela esteja correndo perigo, por isso, decide enviar uma carta à Princesa.

Já no reino da Lastrilha, Catarina recebe uma proposta de Otávio e não pode se dar ao luxo de recusá-la. Agora ela se vê completamente encurralada e precisa pensar em um plano para escapar das garras do Rei Otávio.


CAPÍTULO V - NOSTRORUM LITERARUM


       

MONTEMOR

O dia de Afonso tinha sido muito produtivo. Ele acordou cedo e logo pela manhã reuniu alguns mineiros para que pudessem fazer a tão esperada inspeção na mina. Analisaram todas as galerias principais e até mesmo avaliaram se seria possível a abertura de algumas novas ramificações. O Rei ajudou no trabalho braçal também e iniciaram os primeiros esforços para que a mina pudesse ser reativada, como retirar as interdições e consertar os trilhos para os carrinhos.

Depois, pela tarde, ele visitou as plantações escassas de Montemor com Gregório e os fazendeiros para verificar se ao menos o mínimo necessário poderia ser providenciado ao povo. Aproveitou a oportunidade para conversar com os carroceiros e ajustar as entregas para que chegassem primeiro às plantações e depois ao resto da cidade, o que não era problema já que detinham toda água de Artena. Quando finalmente terminou todo o seu trabalho externo, Afonso retornou ao castelo para uma reunião com seus conselheiros. Precisavam avaliar as finanças para que pudessem colocar a sugestão de Catarina em prática. A decisão foi unânime no sentido de construir pequenas forjas quando obtivessem dinheiro suficiente, mas, por agora, deviam contratar os melhores ferreiros da cidade para trabalharem com o primeiro lote de minério que estava para sair.

Quando agradeceu e se despediu do último conselheiro, Afonso se permitiu descansar e não pensar em Montemor, apenas por alguns instantes. O Rei caminhou lentamente até sua mesa e, apoiando as mãos na madeira, ergueu os olhos pesadamente para as grandes pinturas dos antigos monarcas de Montemor. Lá estavam seus avós e seus pais. Pareciam tão nobres e régios daquela maneira, figuras imponentes que transmitiam serenidade e sabedoria. Afonso esperava que eles pudessem lhe oferecer algum tipo de conselho quanto ao seu reinado, mas a cruel verdade era que estava completamente só.

Baixando o olhar para o espaço entre suas mãos, Afonso permitiu, pela primeira vez naquele dia, que sua mente vagasse para onde desejava e deparou-se com a imagem de Catarina. A primeira emoção que sentiu foi saudade dela, mas depois veio o reconforto de imaginar que ela estaria orgulhosa de vê-lo daquela maneira, empenhado em salvar o seu reino e agindo como um verdadeiro monarca. Catarina ainda não havia enviado qualquer notícia de Lastrilha e Afonso começava a se preocupar com a Princesa.

Ele lembrou da sensação de tê-la encostando a cabeça em seu peito quando se despediram no portão de Montemor. Aquele simples gesto causou uma comoção violenta no coração de Afonso e ele tem certeza que a Princesa pôde ouvir o ritmo frenético de seus batimentos cardíacos. Afonso fechou os olhos e tentou se recordar do que tinha sentido ao encostar os lábios na bochecha dela. Tão macia e aveludada... o que será que ele não teria sentido se tivesse movido o rosto apenas um pouco para o lado?

- Majestade – a voz de Gregório o tirou de seu transe e Afonso recuperou a compostura ao notar a presença do amigo.

- Gregório – replicou sem ânimo. – Perdoe-me, não o vi entrar.

Perdoe-meWhere stories live. Discover now