Olívia tinha apenas uma certeza - precisava seguir em frente. Amar Luan era errado, e ela sabia, mesmo assim, após anos tentando renegar tal sentimento, ela se encontrava, ao lado dele num altar, imaginando-os em outra situação. Onde ela não seria a...
— Sofi. — reclamo, e ela arqueia a sobrancelha, na mania de insistência que tem. — É complicado. — suspiro fundo.
— Olha ao redor.
Acabo fazendo o que me pede, mas logo meus olhos se prendem no homem alto, de cabelos negros bem aparados, a forma como o corpo se encaixa perfeitamente no terno feito sob medida, o contraste com a barba por fazer que lhe dá um ar ainda mais sexy. O sorriso moldura seu rosto, junto aos olhos azuis que sempre me encantaram. Mas então noto para onde ele está destinado, e meu peito se aperta. Luan tem outra mulher nos braços.
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— Sabe que ele pararia de dançar com ela no mesmo instante que você se aproximasse. — a voz de Sofia é cautelosa, e me nego a olhá-la. — É tão óbvio o que sentem, por que...
— Não é assim, Sofi! — viro o resto do champanhe.
— Atrapalho?
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Agradeço imensamente o momento perfeito de Heitor aparecer, e nego com a cabeça, já me levantando.
— Oli.
Olho de relance para Sofia e abro um falso sorriso, tentando lhe transmitir a paz que sequer me atinge. É fim de tarde, a festa de seu casamento, o dia mais feliz da sua vida, eu não seria quem vai atrapalhar. Lhe dou uma piscadela, e então encaro Heitor.
— Cuide dela. — intimo, e ele sorri feito menino.
Ele é completamente louco por ela.
Deixo-os a sós, e não preciso olhar novamente, para saber que Heitor se sentou junto a ela. Se tem algo que meu amigo fez desde que Sofia descobriu a gravidez foi poupá-la de se esforçar, por mais que ela raramente o faça.
Dou a volta até a parte externa do sítio que alugaram, e encontro uma grande árvore, com um balanço de madeira decorado. Ainda seguro o buquê que peguei, e sorrio de minha má sorte. Se ao menos aquela situação me desse a sorte necessária para Luan me olhar de forma diferente.
Sento-me no balanço e fico parada, imersa em lembranças. Desde o primeiro momento em que vi Luan na faculdade, durante a nossa graduação em administração. As coisas simplesmente fluíram, e enquanto nos tornávamos amigos, assim como de Heitor, acabei resguardando meus sentimentos, e fingindo que seus abraços eram o suficiente.
Namorei alguns caras, senti-me entregue algumas vezes, pensei em noivado... Mas sempre que tinha um passo mais a ser dado, os olhos azuis de Luan me atormentavam. E cá estou eu, após anos amando o mesmo homem, por respeito a nossa amizade, e pelo deslize que tivemos em uma única noite, na qual tive a certeza de seus sentimentos por mim, fingindo que vou seguir em frente.
É minha conformação, acreditar que um dia vou esquecer Luan e não mais me sentir ferida a cada mulher que vejo em seus braços.
Uma lágrima desce, por toda a tensão e medo que sinto, pois ainda assim continuo ao lado dele, como uma simples amiga. Nos mudamos para o antigo apartamento de Heitor e começarmos a dividir muito mais que a amizade, mas também uma rotina. Não tenho jogado com cautela, me expondo ao máximo em busca de atenção, tentando ver nos olhos de Luan o reflexo dos meus.
Mas é apenas um sonho infundado, de uma adolescente apaixonada. Preciso ao menos acreditar nisso. Um dos garçons para a minha frente, e abro um sorriso singelo, pegando mais uma taça de champanhe.
— Tem algo mais forte? — arrisco, e o rapaz nega com a cabeça. — Obrigada.
Viro a taça de champanhe, e olho novamente para onde está o aglomerado de pessoas. Umas dançando, outras conversando, Heitor e Sofia claramente apaixonados, e meu olhar para em Luan com as mãos na cintura de uma bela ruiva.
Acabo por decidir deixar o álcool fazer-me feliz. Trocando a cada momento que posso a taça vazia, por outra cheia. Em algum momento, eu preciso esquecer que Luan Ferreira, é o dono de meu coração.
"Lembra de quando eu ficava feliz por você?
Você podia sair com suas amigas e tava tudo bem
Lembra de quando você costumava ficar feliz por mim?
Você comemorava todo o meu sucesso sem passar dos limites."
