Capítulo 12

809 85 25
                                    

Bronagh terminava de se aprontar quando a porta de seu quarto abriu e Roran entrou. Ele ficou parado olhando para ela, que terminava de escovar os longos cabelos platinados, prendendo-os então para cima e deixando alguns cachos soltos.
- A primeira vez que eu te vi com esse vestido foi quando a parceria se assentou para mim.
A voz dele soou um pouco rouca, o que mexeu com ela. Porém isso não era uma grande surpresa. Nas últimas duas semanas qualquer coisa era desculpa para pularem um no outro.
- Pense pelo lado positivo. Quando essa maldita reunião terminar, você vai poder me tirar de dentro dele. - Lhe deu uma piscadela e começou a pintar os lábios, os deixando tão vermelhos quanto seu vestido.
- Será que essa reunião vai ser tão ruim assim? - O tom do jovem foi pensativo enquanto ele caminhava e parava atrás dela, olhando o reflexos dos dois juntos no espelho.
Colocando a mão no bolso, ele tirou uma pequena caixinha retangular de veludo. Abriu-a e tirou de lá uma gargantilha delicada, cravejada de rubis. Colocou-a no pescoço de Bronagh, que ficou parada observando com um sorriso imenso.
- Eu não sei. Mas tenho certeza que agradável não será. Nossos pais estão prestes a revelar algo que pode perturbar mais de cem ano de paz. Nenhum deles vai reagir bem.
Roran concordou com a cabeça e foi se sentar na cama enquanto ela terminava de se arrumar.
- A minha mãe esta perturbada. Eu consigo perceber. E meu pai parece meio perdido, quase como se não soubesse direito o que fazer.
- É natural. Como tudo que aconteceu no passado com sua mãe e Amarantha, a mera probabilidade de que ela pode estar de volta procurando vingança iria mesmo deixar qualquer um preocupado.
Ela caminhou até ele passou seus braços por seus ombros, enquanto ele enlaçava sua cintura.
- Talvez se Sky estivesse em casa fosse mais fácil para ela.
- Nah. Ela esta segura. E mais animada do que seria possível por começar seu treino. Você sabe o quanto ela ama voar. O acampamento illyriano é a melhor opção para ela agora.
Ele concordou e escondeu o rosto em sua barriga, respirando fundo. A moça acariciou seus cabelos de leve e disse baixinho.
- Vai ficar tudo bem.
Ele ergueu os olhos para ela e deu um meio sorriso.
- Essa é a minha fala.
- Era. Agora eu também estou cuidando de você, é uma via de mão dupla.
Os dois se olharam nos olhos por um momento. Então Roran se ergueu e pousando os lábios na testa dela, indicou a porta com a cabeça. Ela concordou.
A 'festa' começava agora.

Sentado na ponta da mesa de reuniões, Kallias estava pensando, não pela primeira vez, que iria adora colocar todos eles para fora de suas terras e se isolar de novo.
- Isso é um exagero. Foi para isso que você nos convidou? Para falar sobre medos e insinuações femininos despropositados? - Beron perguntou com arrogância.
Um suspiro audível se fez ouvir ao redor da mesa.
- Eu acredito que a reunião é imlortante. Se há realmente uma ameaça, quanto mais cedo soubermos e nos prepararmos, melhor. No passado foi a falta de informação que nos deixou subjugados sob a montanha. - Tarquin disse com fltranquilidade.
O rosto do Grão Senhor da Corte Outonal se avermelhou, mas este não disse nada, se limitando a tomar um gole de vinho de sua taça e fingir que não via mais ninguém além de sua própria família ali.
- O meu filho sofreu um ataque também. - Isso chamou a atenção de todos os presentes. Principalmente porque ninguém sabi que Helion de fato tinha um filho. - Ele é bem pequeno, fruto de uma aventura de uma noite. Porém é meu sangue e meu herdeiro. - Ele continuou num tom casual de quem cimenta sobre o tempo, encolhendo os ombros. - Armand estava com suas cuidadoras quando uma criatura estranha apareceu. Seu piquenique foi desfeito e se as fêmeas não tivessem atravessado imediatamente, provavelmente teria acontecido uma tragédia. Na hora eu não pensei que fosse mais que um ataque de animal, mas com o que vocês contaram agora, pode muito bem haver uma ligação.
Todos ficaram em silêncio, pensando.
- Seu filho está bem? - Viviane por fim perguntou. O Grão Senhor da Corte Diurna concordou com a cabeça e uma expressão cordial.
- Isso resolve a questão, creio. O mais importante agora é tentar descobrir o máximo possível sobre essa tal figura encapuzada e uma forma de agir contra ela. - Thesan utilizou um tom neutro e composto, expondo a questão principal. Kallias lhe lançou um olhar agradecido por isso.
- Eu diria que descobrir a identidade dessa pessoa é o mais importante. - Foi Rhys quem disse isso. Ele lançou um olhar para onde Feyre estava de pé, larada na frente de uma janela, como se precisasse disso para conseguir respirar. A preocupação na expressão do Grão Senhor da Corte Noturna era obvia. - As palavras dele ou dela deixaram claro que tinha em mente atingir minha parceira. De minha parte eu pretendo fixar minhas forças para descobrir quem e porque iria querer fazer mal para nós.
- Concordo. A minha filha também foi levada, além do fato de que ambas lutaram. Quero ter certeza que não há mais riscos. - Ele olhou para Bronagh, que lhe sorriu com carinho de onde estava sentada ao lado de Roran.
- Eu ainda queria saber para onde o Caldeirão pode ter sido levado. Se for realmente Amarantha, ela só pkde ter sido trazida através do Caldeirão. - Tamlin comentou, pensativo.
- Eu pensei que você havia dito que não havia nenhum resto mortal dela. - Rhysand ergueu uma sobrancelha ao falar com o outro macho numa voz cortante.
- E de fato não há. Mas nunca se sabe se foi encontrada alguma outra forma de fazer isso. - O Grão Senhor da Corte Primaveril disse, então. Os dois se olharam de forma hostil por um momento.
- Meu emissário nas terras humanas já esta entrando em contato com Jurian para descibrir se ele sabe de algo, já que ele foi o primeiro a ser trazido de volta. - Rhys continuou.
Feyre então se virou, ficando de frente para eles, uma mão pousada sobre a barriga. Vinha fazendo muito isso, uma expressão de desconforto em seu rosto.
- O mais importante é garantirmos que os nossos estejam protegidos. - Apesar disso sua voz saiu forte. - Eu não quero sentir onque senti quando soube que meu filho havia sido levado. E tampouco desejo que qualquer um de vocês passe por isso. É isso que devemos decidir em primeiro lugar.
Essas palavras arrancaram concordâncias de todos os presentes.
- Meus filhos são todos adultos e estão perfeitamente seguros em minha corte. Se vocês tiverem algum verdadeiro assusto para ser tratado comigo, me avisem. - Beron disse, se levantando e com um sinal, saindo do aposento abruptamente com toda sua família.
Todos ficaram calados por um momento, estupefatos com a grosseria, até que Bronagh bufou e cruzou os braços.
- Babaca. Já foi tarde. - Resmungou.
A maioria riu de leve.
- Eu prepararei patrulhas de agora em diante em mi has terras. Qualquer forasteiro será convidado a se apresentar na minha corte. - Tarquin disse. Helion concordou com a cabeça.
- Também pretendo fazer isso.
- Assim como eu. - Thesan concordou.
Todos olharam para Tamlin, que estava muito quieto. Ele apenas concordou com a cabeça. Então levantou-se e com um aceno para Kallias, que era o anfitrião, também deixou o aposento.
Assim sobraram apenas Thesan, Tarquin, Helion e Rhys e Feyre, além de Kallias. O clima relaxou consideravelmente depois disso.
- Talvez fosse interessante falar também com a Rainha Vassa. Quem sabe enfim ela descobriu algo sobre as outras rainhas imortais. - O Grão Senhor da Corte Crepuscular comentou, pensativo.
- Sim, Lucien fará isso depois de falar com Jurian. - Rhys concordou com a cabeça.
- Bom. Se é tudo, lhes dou minha palavra de manter todo o cuidado em minha corte, e qualquer coisa, por mais ínfima que seja, que for descoberta, eu os aviso. - Ele disse novamente. Então se levantou e foi até Feyre. Curvando-se respeitosamente, ele estendeu então as mãos e as pousou sobre seu ventre. Na mesma hora a expressão da Grã Senhora suavisou.
- Você deve ser cuidadosa. - Thesan disse suavemente. - Tente não se preocupar tanto. Eles estão bem, vocês três estão, mas uma gravidez dupla é duplamente mais complicada.
Um ofego de choque de Rhys e de Roran, além da expressão aturdida de Feyre fizeram um sorriso mais autêntico se espalhar no rosto do curandeiro.
- Sim, você esta esperando duas crianças. - Tombando a cabeça de lado, completou. - Um menino e uma menina. Parabéns. - Disse a última parte calorosamente, antes de se afastar e ir para a porta. Acenando com a mão para os presentes, também se foi.
Logo em seguida os dois machos da Corte Noturna se levantaram e foram para Feyre, que agora tinha um sorriso amplo no rosto. Aceitou o toque do parceiro e do filho.
- Vocês dois ficam até amanhã? - Kallias perguntou para Tarquin e Helion. O primeiro negou com a cabeça.
- Amaryllis pode dar à luz a qualquer momento. Eu só vim pela nota de urgência no seu convite, desculpe. - Se levantando, foi primeiro até onde Feyre estava e lhe deu um abraço, já que ambos eram grandes amigos. - Depois vamos conversar sobre um acordo para ossos filhos também. - Ele brincou, com uma piscadela, o que arrancou uma risada dela e de Viviane, e então também se foi.
- Eu fico. Tenho alguns assuntos que gostaria de tratar com vocês dois amanhã com calma. - Helion disse. Tanto Rhys quanto Kallias concordaram com a cabeça.
Logo todos se dirigiram para seus aposentos.

QuandonTamlin caminhou cansado pelos corredores, indo até o quarto de Finnigan, para conferí-lo antes de ir para seus próprios aposentos, estacou na porta, petrificado pela cena que viu.
O menino dormia profundamente, com seus cabelos loiros sendo acariciados com carinho por uma mão branca que terminava com garras. Ela ergueu os olhos castanhos para ele e sorriu, mas no lugar dos dentes normais, ela tinha uma coleção de presas pontiagudas.
- Como foi a reunião, querido? - Perguntou numa voz gurutal, num arremedo doentio de uma pergunta normal feita por uma esposa quando o marido chega em casa.
Tamlin engoliu em seco, vendo a proximidade das garras e das presas da pele delicada de seu filho.
- Eles vão começar a patrulhar. Estarão procurando rostos desconhecidos nas cortes Estival, Diurna e Crepuscular. A Corte Outonal não revelou se planeja se proteger de alguma forma. - Suas palavras saíram numa voz sem vida.
A mulher se ergueu, seus cabelos roçando no rosto do pequeno adormecido, e caminhou até ele. Deslizou uma garra afiada por sua face, fazendo o sangue correr.
- Você é tão útil. - Escarneceu.
- Eles vão pegá-la. Vão despedaçá-la e então nós teremos paz enfim. - Ele disse entredentes, seus olhos ardendo de ódio. - Sua hora chegará, Clythia.
Ela riu.
- A minha hora chegou quando o humano que eu amei me traiu e me matou. Tudo isso agora é só diversão. E vingança por minha irmã ter sido morta por causa de uma humana. Eu vingarei a morte de Amarantha, assim como ela vingou a minha morte. - Ela então sorriu largamente. - Na verdade a minha vingança começou quando eu vim até você no Calanmais.
E lançando mais um olhar para a criança inocente adormecida, ela saiu, cantarolando uma música bonita.

Corte de Gelo e Escuridão - FINALIZADAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora