Dia, você é uma Gata

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Colocou os dedinhos no AWD do meu teclado mecânico que faz um tec-tec delícia e assumiu o meu mouse assim que cliquei duas vezes no ícone da área de trabalho. A Quadro começou a dar show, Crysis rodando no talo, a mulher mal piscava.

Me senti como as namoradas se sentem. Essa coisa de esperar a pessoa jogar para ganhar atenção é um porre. Eu via a cena toda, ela vidrada: não comigo, não com meu pau, não com minha língua, mas com a ostentação em cima da mesa.

Por um segundo eu me arrependi de tê-la levado para casa.

— Você... - Ela parou de olhar para a tela e eu, sentado na cama, nem disfarcei o tédio – tem comida?

— Para fazer – Puta rolê de adulto. Fazer comida com uma mulher, todo mundo pelado lambendo doce um na teta do outro, fazendo caras e bocas esperando o fogo fazer seu trabalho. A cena toda rodando rápido e eu ficando feliz na cara e lá embaixo – Anima?

— Depende. O que tem de bom aí?

Nada. E aí eu voltei para a realidade. Eu sou Agê, que trabalha, tem amigos, almoça na mãe de domingo e pronto. Eu não sou mocinho de história de amor nem comedor naturalmente apto. Faço todas as refeições na rua e, as que eu não faço, engulo miojo com ovo ou qualquer bolacha.

Bolacha: perceba. Não biscoito.

— Pior que não tem nada – Agê disfarçando a cara de sem graça – Vou pedir. Você come temaki?

— Eu como quase qualquer coisa.

Uma mulher que come de tudo é uma mulher sem frescura e uma mulher sem frescura é tudo o que eu pedi para Deus.

— Beleza, vou pedir.

E não é que a sujeita passou os sessenta minutos de espera atirando com uma MK-60? E não tinha nem jeito de eu me aproximar dela, fiz comentário sobre a mira e ela não respondeu. Fiz comentário sobre o adversário, ela não respondeu. Sessenta minutos pensando no que eu faria para ser mais interessante que Crysis (e o jogo nem era novo, pô, lançado em 2013!).

Até que o temaki chegou e eu pensei, Deus é pai mesmo. Um fim na jogatina, nada mais de matar inimigos para você, mocinha. Recebi o motoboy, cheguei felizão na sala, a moça largou meu mouse e fechou o jogo. Sentamos à mesa, abri uma das cervejas do pedido, ela abriu outra, Califórnia nas bocas, silêncio e depois algumas risadas.

Até eu conseguir plantar o clima de novo, para daí chegar perto da boca dela, já tinha passado pelo menos mais sessenta minutos. Ela sorria e limpava a boca, eu respondia e lambia o molho com o zero de classe que tenho, tudo do jeito que primeiro encontro é.

Acho que ela cansou de esperar e me tascou um beijo na boca que fez todo mundo se alegrar. Sou lerdo, assumidamente lerdo, ou não teria ficado quatrocentos dias sem saber o que é mulher, mas assim que ela me beijou, as coisas fluíram rápido.

Helena sentada no meu colo sem camiseta foi o ápice do meu dia. Helena rindo e fazendo graça com os peitinhos de fora, arrancando a minha camisa e dizendo vem enquanto afastava as embalagens vazias do sofá que eu não sei como que a gente foi parar.

Pensei, me sentindo o ser mais abençoado do mundo, que ali era a minha deixa para perder o cabaço pela segunda vez numa mesma encarnação. Abri o zíper da calça dela e ela não me disse um a negativo. Troquei a posição, se eu continuasse abrindo a roupa dela daquele jeito, logo eu estaria dentro dela antes da vitória e não aguentaria nem cinco minutos.

Então, coloquei a mocinha sentada, me ajoelhei diante dela, puxei a calça e uma calcinha de bichinho, a coisa mais meiga que eu já vi numa mulher adulta, sorriu para mim. Esperei algum comentário, algum pudor, qualquer coisa. Agora vai.

Batata QuenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora