Dia, você é uma Gata

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Desculpa o atraso! (Ca)

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Ok, pensei. Aqui é onde separam os meninos dos homens: no quarto. Ela estava toda em cima de mim, ao meu redor, completamente em mim. Não li o não-sei-quê-lá irresistível e não vai ser agora que eu vou ler.

Tudo o que eu pedia a Deus (e os caras com quatrocentos dias sem dar uma podem pedir o que for ao Nosso Senhor) é que ela gozasse primeiro. E rápido. Tudo o que eu podia querer é que ela gostasse mais de mão e línguas que de pau, porque eu sabia, (e eu me conheço), que assim que as coisas começarem e eu entrar onde o Sol não bate, eu não duraria nem dez minutos.

Então a tática, primeiro, era sucesso antes de entrar em campo. A menina era linda. Tinha tudo para não me querer, tinha corpo, tinha voz, tinha conversa, tinha tudo o que eu não tinha. Ela sorria bonito como se falasse vem e eu estava inteiro lá.

Meu quarto não estava arrumado, eu nunca arrumo a cama, mas não tinha mais roupa espalhada no chão porque eu coloquei tudo na máquina antes de sair. A sorte era essa. Joguei o lençol amarrotado em cima da cadeira do computador e, por mais incrível que fosse, Helena ainda estava lá, todinha lá, olhando meu computador e sorrindo, quase feliz.

Uma das poucas coisas que eu ligo nessa vida é com a minha máquina. O bicho voa, cara. Os primeiros cinco salários do ano sentados em cima de uma tábua de madeira com dois cavaletes que eu chamo de mesa e que não tenho coragem de trocar porque até vá lá pagar cinco dígitos numa máquina, mas nunca que eu pago mais de trezentos reais numa bancada de serviço.

Windows porque programador não consegue muito fugir do que tem no mercado, mas pense numa máquina: a minha. Até cooler de água, comprado diretamente de um carinha na Santa Ifigênia. Oitava geração de i7, trinta e dois gigas de memória, tudo SSD, rodando zerinho, zerinho.

A tampa lateral aberta porque com a tampa fechada o bicho frita. A tampa lateral aberta também porque fechada não mostra a minha Nvidia Quadro e Helena olhou primeiro para ela.

Olhou para um Agê arrancando a camisa? Meu pânceps de comedor de hambúrguer? Meu rostinho de moço que não pode pagar Macallan? Não. Foi direto para a Nvidia e eu nem vou reclamar com a moça porque até eu ainda olho para ela, e olha que ela é minha, e quero lambê-la de fora-a-fora.

— É tudo isso o que falam?

— Você vai ter que provar para saber. – E isso eu nem copiei do livro.

— Não! – Riu. Mulher rindo é mulher ganha – Tô falando da Quadro.

— Ah. Não posso reclamar.

— Roda Crysis 3? – Meu Deus, mulher, casa comigo.

— Roda.

— No full?

— Crysis, Ark Survival, o que você quiser.

— Posso ver?

Agora? E a gente não pode negar um pedido desses, né. Liguei a máquina. Um puta barulho de fábrica dentro do meu quarto, todos os coolers funcionando, o monitor de trinta e quatro polegadas na tela azul de todo dia. O único dia da minha vida que eu não liguei o computador por causa de mulher, ligo por causa de mulher.

— Senta, – Ofereci a cadeira que já tem até a forma da minha bunda a ela e digitei a senha do login – Promete que é um beijo e um tiro?

— . – Ela riu de novo: mulher totalmente ganha – Vou pensar no seu caso.

— Qual você quer?

— Crysis. Fechei o um, mas o dois rodou peidando, nem sei como o três tá.

Batata QuenteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora