Tertúlia

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Millie estava com os dedos entrelaçados nos de Finn.

A respiração de flores é extremamente flores na atmosfera, vê-se então que nada pode deleitar tanto como saber que as flores e plantas perfumam o ambiente em que tanta tensão tomava conta. Girassóis são flores encantadoras para plantar sob uma janela de um quarto ou na sacada de um prédio, cuja beleza do amarelo pode trazer alegria pra qualquer lugar que fosse. Por algum momento de distração, Millie sentiu-se de repente num cubículo miserável, atordoada pela presença de autoridade de sua mãe, mesmo que sua voz calma e zelosa fosse a de sempre. A única pessoa que a confortava no momento era Finn, que ainda tinha seus dedos presos nos seus, como um gesto de apoio um ao outro.

— Então você nasceu no Canadá? — Sra. Brown perguntou e em seguida tomou um gole de seu chá, fazendo Finn assentir levemente com a cabeça. — E o que fez você parar em Nova Iorque? Aqui é bem longe de seu verdadeiro lar.

— Meus pais e meu irmão são advogados, nos mudamos bastante devido à correria. Mas só conheci Millie um ano depois de ter chegado aqui, nunca nos esbarramos no colégio antes.

A garota concordou com a cabeça.

— Nos conhecemos nas aulas extracurriculares de Astronomia.

— Eles são da mesma turma. — disse Noah pela primeira vez. — Eu e Sadie fazemos Francês.

— Pelo menos os dois casais tem os mesmos interesses nas coisas... — disse a mulher com uma voz cariosa, juntando as mãos e as repousando sobre suas pernas cruzadas. — E quando notaram que estavam se gostando?

Millie sentiu seu corpo entrando em nervosia.

Finn segurou um sorrisinho no seu lugar sem notar, enquanto ela tentava pensar em alguma coisa para dizer que não fosse tão estúpida. Porém ele fora mais rápido, estava acostumado à situações de alerta e de ligeira pressão. Sentiu finalmente que era a oportunidade perfeita para fugir do interrogatório daquela mãe ponderada, que buscava avaliar o relacionamento de sua adorável filha.

— Nós viramos amigos e consequentemente ela começou a participar do meu ciclo de amizade, assim como eu do dela. Noah e Sadie estavam comemorando um ano de namoro a um mês e meio atrás e nos convidaram para um jantar. Naquela altura, estávamos bem próximos... — explicou Wolfhard com calma e cavalheirismo invejável. Millie um pouco inquieta, estava observando seus lábios finos se movimentando no ritmo das letras. — Estudávamos juntos, passeávamos juntos, sentíamos a falta um do outro... que nossos amigos perceberam coisas estranhas. E digamos que a partir do jantar que as coisas começaram a acontecer de verdade. E-eu a olhei com outros olhos e percebi que não podia esperar mais um segundo... E não pense que foi fácil conquistá-la, porque eu... eu comecei a gostar dela primeiro, mas ela não percebeu porque é uma garota bem distraída. — ele fez uma pausa levantando a sobrancelha esquerda de um jeito engenhoso, como sempre fazia. — Um ponto a mais era que Noah a protegia tanto a ponto de não gostar de mim, até finalmente sentarmos pra conversar sobre nossos problemas e notar que aquilo não passava de um modo protetor dele. E eu o entendo, de verdade. Os dois cresceram juntos e ela é uma pessoa incrível, tem razão em defendê-la. — Noah o observava quieto, mas Finn não direcionou seu olhar para ele e continuou, tão relaxado que era palpável. Sua voz estava mais baixa agora, porém de extrema confiança. — Eu não sou o garoto perfeito, posso ser um adolescente apaixonado como qualquer um, mas ainda sim, sempre vou me certificar de que estou fazendo-a feliz, Sra. Brown, mesmo que isso não inclua a mim.

Millie não conseguia falar alguma coisa, sentiu seu coração esquentar por se sentir acolhida em ouvir todas aquelas palavras ao seu respeito, mesmo que duvidasse que fosse verdade, já que eram amigos. Os dois se entreolharam com ternura e a garota, notando que ainda estava com os dedos entrelaçados nos de Finn, usou seu polegar para fazer um leve carinho em sua mão fria.

Sirius | Fillie Where stories live. Discover now