Rua Maine

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Finn escutou passos e ergueu seu olhar.

Ele ficou olhando para a entrada do prédio por alguns segundos observando saltos caminhando em sua direção, fazendo aqueles sons contra o chão. Ontem quando aqueles dois se conheceram na escola, ele havia achado Millie bonita mas ao conversar com ela, afastou esse pensamento. Finn gostou muito mais do jeito dela e podia afirmar isso com veemência em sua cabeça. Porém, essa noite a garota estava em um nível acima disso, não apenas de personalidade. Ele pensou de repente nos garotos dando em cima de Brown durante a festa, porque com certeza não iria passar despercebida, e com isso cogitou a ideia de tentar ser um irmão mais velho, com a obrigação de protegê-la.

O garoto deu um breve sorriso, quase reconfortante.

— Você está bonita, lady Brown.

— Obrigado Wolfhard, você não está nada mal.

Ela entrou no carro assim que ele abriu a porta. Finn deu a volta espiando o andar de cima, reparando que o rapaz da janela não estava mais ali o encarando.

De qualquer forma, não parecia muito feliz em vê-lo esperando por ela.

Durante o trajeto, os dedos do garoto manobravam o volante com toda a calma possível. Finn havia ganhado um carro de seus pais a poucos meses atrás direto da concessionária, quando conseguiu sua habilitação. Mas ele o usava apenas em situações necessárias, porque preferia andar a pé pelas ruas com seu fone de ouvido. Consigo mais tempo pra pensar de manhã e menos irritação em trânsito, disse ele uma vez para seu pai. Entretanto, quando ele saiu de casa pela última vez estava muito tarde, então optou por levar o automóvel. Por sorte, que serviria muito bem essa noite.

Naquele momento em diante, ele podia sentir o olhar de Millie.

— Você mora com seus pais? — pergunta ele olhando rapidamente para ela e o carro foi parando no sinal vermelho, fazendo Finn acrescentar. — No apartamento?

— Não, meus pais são separados e moram em outros lugares. Eu moro com mais uma pessoa.

Ele hesitou um pouco.

— Aquele garoto na janela era seu irmão?

— Que garoto na janela?

Ela estava confusa e Finn a encarou por uns segundos, abrindo um sorrisinho.

— Não me diga que aquele garoto é assombração.

Millie fez uma expressão entediada e sorriu um pouco, deixando transparecer seu alívio de não ter nenhuma alma vagando em seus aposentos.

— Com certeza era uma assombração e o nome dele é Noah, meu melhor amigo de infância.

— Noah é o garoto do jantar que você me convidou? — Millie assentiu com a cabeça e o garoto riu pelo nariz acelerando o carro quando o sinal ficou verde. Ela pensou que ele não diria nada depois daquela longa pausa, até que ouviu sua voz novamente, dessa um pouco mais baixa, porém ainda transparecendo firmeza. — Ele me fuzilou apenas com o pensamento e provavelmente não vai gostar de me ver de novo.

— Ele geralmente desconfia das pessoas que não conhece, isso é normal. Mas foi ele quem sugeriu que eu chamasse você para o jantar.

Finn ficou ligeiramente surpreso e até se sentindo um pouco melhor se fosse possível ou o mais próximo disso que conseguia imaginar. Não queria pensar em um clima completamente estranho na noite do jantar, não mais do que ele sabia que iria ser. O cacheado deixou que houvesse um pequeno silêncio que não durou muito, então começou a sorrir de lado sarcasticamente.

Sirius | Fillie Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora