Sirius | Fillie

Descobertas

Jack estava desacordado.

Nada podia descrever a angústia que o peito de Finn trazia. Ele andava de um lado para o outro no corredor do hospital, com medo de ter uma crise de ansiedade e com medo por seu amigo acima de tudo, que estava tão exposto e sozinho. Millie sentia que não podia fazer nada para melhorar a situação, a insuficiência a tomava por completo. Ela nunca tinha visto Finn tão vulnerável quanto estava agora, diferente de sua maneira de sempre buscar melhorar as coisas, saber das coisas e ensinar as coisas. Ele estava apenas com medo.

A sensação não era muito diferente com Chris, que estava sentado ao lado com a camisa manchada de sangue, sangue de Jack, segurando as lágrimas e o desconforto na garganta, como se esse fosse o decreto final para que ele colocasse tudo para fora de uma vez. Toda a frustração que sentia. Noah tinha chegado meia hora atrás e estava sentado ao lado do garoto loiro, olhando para as próprias mãos. Sadie estava pensativa ao lado dele, de braços cruzados e um pouco cabisbaixa esperando alguma notícia. Ainda naquele tempo, eles não eram amigos de Jack, mas queriam prestar apoio a todos que sofriam calados por aquele terrível acontecimento.

— Senhora Angela Grazer. — um médico anunciou em voz alta, atraindo a atenção de todos eles.

Finn virou-se de imediato.

— Ela desceu para tomar um pouco de água, pode dirigir-se a mim, sou irmão dele. — mentiu o rapaz com rapidez, com os olhos ansiosos para uma notícia boa. — Jack está bem?

O médico limpou a garganta.

— Nós conseguimos controlar a hemorragia interna.

Millie abraçou Sadie, que a retribuiu sem hesitar.

— Eu sabia. — murmurou Chris e Finn fechou os olhos em alívio, sentindo um peso enorme sair de seu pescoço. — Aquele moleque não vai dessa pra uma melhor tão cedo. — o loiro completou abrindo um sorriso emocionado, abraçando o cacheado que ainda se manteve calado. Imóvel com um turbilhão de emoções passando por seu corpo.

— Ele ainda vai ficar internado? — perguntou Noah tomando a frente, sendo o mais calmo de todos no momento. — Por quantos dias?

— Pelo visto sim e não tenho uma previsão, depende da recuperação. Ele sofreu contusões leves e uma fratura na costela que pode causar problemas respiratórios futuramente, por pouco não perfurou a bacia. O braço está quebrado, mas ele ainda tem um para usar. — prosseguiu o médico lendo a prancheta, atrás de seus óculos quadrados. Sua frieza em dar notícias parecia fazer parte de seu trabalho, Millie pensou. Ele continuou olhando dessa vez para o grupo em um todo. — Ele perdeu muito sangue e está se recuperando, pode demorar a acordar, mas quando isso acontecer vai despertar um pouco tonto devido às medicações para dor. Isso é normal.

— Obrigado, doutor.

— Obrigado. — Chris reforçou com mais firmeza o agradecimento de Finn, que foi quase como um sussurro distante. O loiro tocou no ombro do amigo quando o médico tinha se afastado. — Vou contar a novidade para a senhora Angela e volto para vermos Jack.

Finn assentiu como se estivesse em um estado catatônico e sentou-se pesadamente em uma das cadeiras, observando a parede branca em sua frente como se estivesse cansado de ter lutado na batalha das piores batalhas. Millie sentou ao seu lado, tocando em suas costas e segurando seu ombro, fazendo um breve carinho na região para confortá-lo.

— Não gosto de hospitais. Hospitais cheiram à morte.

— O pior passou, Wolfhard. É o que importa.

Ele olhou para ela e deu um breve sorriso em forma de agradecimento, porque sentiu que agora conseguia se permitir a fazer isso. Ele conseguia respirar em paz. A cabeça de Finn estava uma bagunça desordenada, tinha passado as últimas duas horas pensando em Jack, preocupado e com medo de perdê-lo. Nunca algo tão grave tinha acontecido ao seu amigo. Era uma hora da manhã e então todos notaram que tinham saído do sábado e entrado no domingo com o pé esquerdo, as ruas estavam silenciosas do lado de fora e até mesmo no centro da cidade todos dormiam.