3 - DECLÍNIO

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São Paulo, março de 2013, antes da fama

Ana Paula entrou no escritório do marido sem bater. Estava visivelmente eufórica e agitada, parecendo ter corrido uma maratona São Silvestre inteira.

Levi deu um salto em seu lugar. Estava concentrado na frente do computador, terminando de editar algumas sugestões feitas pelo seu orientador de doutorado, quando a esposa entrou daquela maneira.

— Levi, amor! — exclamou, contornando a mesa e se sentando em seu colo. Ele riu um instante, arrastou a cadeira para melhor acomodá-la em suas pernas e a olhou nos olhos. — Tenho boas notícias, eu acho.

— Me diz — incentivou-a, olhos brilhando.

— Minha menstruação está atrasada. Vinte e um dias, amor! Acho que, finalmente, vamos ter um bebê. Isso não é maravilhoso?

O esposo sorriu um pouco, mas não tão animado quanto ela, ou quanto a primeira vez que achou que teriam um filho. Vinham tentando uma gravidez já tinha, pelo menos, um ano. No começo, a ginecologista informou que poderia realmente demorar algum tempo, pois Ana fizera uso de pílulas contraceptivas por mais de dez anos. Ela havia parado com a medicação deveria ter pouco mais de doze meses, as transas eram sempre sem camisinha, e em seu período fértil tentavam transar, ao menos, duas vezes no dia. Até o momento, porém, não haviam encontrado êxito.

A menstruação de Ana atrasava com frequência, mas nada nunca muito exagerado. A última vez tinha sido de dez dias. E em todo atraso, a esposa tinha certeza de uma gravidez. Podia ser cinco dias, mas ela comprava o teste de farmácia. Ansiosa, esperançosa, só para vê-lo dar negativo. Dizia a si mesma para esperar mais uns dias, pois poderia ser cedo demais para o exame apontar um resultado positivo. Contudo, a menstruação sempre vinha dois, três, quatro dias depois.

Embora agora estivessem falando de um atraso de vinte e um dias ainda era cedo para ter esperanças. E, com a experiência do último ano, Levi tinha aprendido a não criar falsas esperanças. Não queria chatear a esposa com seu pessimismo — ou realismo —, mas também não a queria criando grandes expectativas e depois fosse frustrada, de repente. Quanto mais alto, maior a queda, já diria tia Erica.

— Vinte e um dias, uau! — fingiu um entusiasmo. — Mas, olhe, querida, vamos manter os pés no chão. Ainda é cedo pra criarmos expectativa.

— Levi, dessa vez tenho certeza! São três semanas! Nunca atrasou tanto assim, amor. Vou hoje mesmo fazer um exame na clínica. — Antes de o marido ter tempo de respondê-la, Ana o beijou na boca, levantou-se de seu colo e saiu rápida e eufórica, dizendo, alegremente: — Vamos ter um bebê, amor. Vamos ter um bebê.

Suspirando, vendo-a virar na esquina do corredor, Levi fez uma prece para que sim. Para que ela estivesse certa dessa vez.

 Para que ela estivesse certa dessa vez

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