Acordou algum tempo depois, a cabeça doía tanto que mal conseguiu abrir os olhos, mas se não levantasse imediatamente chegaria muito atrasada. Pegou um dos milhares de remédios para enxaqueca em sua mesa de cabeceira e se esforçou para entrar no chuveiro.

           O que havia sido aquele sonho? Era real e enlouquecedor ao mesmo tempo, ela sentiu como se fosse real, sentia a dor deles, a súplica deles, sentia o medo, a raiva... – E definitivamente você está viajando garota – disse para si mesma no espelho, ainda enrolada na toalha.

              Ligou a música para dispersar os pensamentos ruins, mesmo que sua cabeça ainda latejasse um pouco. Precisava entrar no clima, a noite seria longa.

            Colocou o uniforme na bolsa como de costume, vestiu jeans e camiseta e desceu correndo as escadas, o cabelo em um coque relaxado. Se corresse ainda pegaria o ônibus das 20:00h.

                   Diego chegou por volta das 23:00h e sentou pesadamente no balcão.

- Estou tão nervoso que até a minha língua está dormente. – confessou.

- Calma cara, nem é a primeira vez que você sai com ele. – disse batendo um drink para acalmar o amigo – É por conta da casa – sorriu.

- Lindo! – disse tomando um gole exatamente no momento em que viu o cara vindo na direção dele.

- Boa sorte – desejou a amiga e ficou observando os dois se afastando quando percebeu cabelos escuros e brilhantes a uma certa distância conversando com algumas pessoas. Estava bonito, com uma calça preta e blusa de malha branca, simples, como tudo deveria ser. Olhou para ela mas não se moveu, continuou conversando com os outros, não dava para identificar muito bem quem eram com aquelas luzes e tudo mais, e repentinamente ela desejou estar lá, ao invés de atrás de um balcão sujo servindo gente mal educada.

- Não seja ridícula Rebeca – disse para si mesma batendo com força demais o drink que estava em sua coqueteleira e consequentemente arruinando tudo. – Ótimo. – resmungou bebendo a mistura que não era ruim de gosto, mas estava longe de estar perfeito.

         Olhou novamente na direção onde o vira anteriormente, mas não estava mais lá. Talvez estivesse alucinando mais uma vez, pensou consigo mesma. Precisava esquecer, não podia pensar em nada daquilo, pessoas como ela não tinham vidas como a dele.

      Algumas horas depois viu Diego piscar para ela antes de sair com a nova companhia, ainda faltava um pouco para fechar mas as pessoas já estavam começando a sair. Mais umas duas horas poderia ir para casa e virar esta página para sempre.

- Uma dose de whisky por favor – um cliente pediu enquanto ela guardava algumas coisas na prateleira.

- É para já senhor. – disse servindo o copo com habilidade, sem olhar para ele.

- Obrigado Rebeca. – A menção ao seu nome fez com que realmente olhasse para o estranho,

- Miguel – falou surpresa.

- Te vi mais cedo, mas precisava ficar de olho na minha equipe, eles são um pouco... instáveis, por assim dizer. – falou tomando um gole.

- Se eu soubesse que era você não teria servido o falsificado – disse com um risinho meio debochado.

- É, percebi. – sorriu encarando o copo.

- E então, onde está a sua equipe agora? – perguntou embaraçada.

- Eu os levei de volta para casa. – falou casualmente.

-Sério? E por que voltou? – perguntou genuinamente curiosa.

A Última Lágrima do AnjoWhere stories live. Discover now