7 minutos no Céu

Bolando o Plano

"Oh I am what I am
I do what I want
But I can't hide
And I won't go
I can't breathe
Until you're resting here with me"

Here with Me - Dido

Deitei na cama e fechando os olhos. Tentei dormir, mas o que vinha a minha cabeça eram flashbacks meus com a Momo. Eu me lembrava dos vários momentos em que estávamos deitadas na cama assistindo TV e de como minha cor de pele fazia de mim um fantasma pavorosamente branco, mas a cor dourada da pele dela era tão perfeita. Ela me chamava de Mortícia, para me deixar brava. E, reparando agora, eu me perguntava se era só por isso ou eu parecia realmente com a personagem assustadora. Me senti tão insegura em relação a tudo que envolvia ela e o que a mesma podia pensar sobre mim. Antigamente era diferente. Eu não levava nada que ela falava a sério.

Me joguei na cama, cheia de conversas imaginárias. Em cada uma delas, a Momo expressava seu incontrolável amor por mim e nós vivíamos esse sentimento como loucas. Momentos que eu só imaginava porque via muitos deles na TV, pois, na realidade, eu sou o ser mais virgem que conheço na Terra - com minha prima de 9 anos incluída. Sou virgem em todos os aspectos que existem. Nem meus lábios escapam desse status. Mas isso não é uma escolha, mas sim por falta de opção.

Não estou querendo manter esse título por muito e, se a Momo quisesse me ajudar com isso, eu iria adorar.

Foi dessa maneira sem nexo. movida por uma criatividade de ideias amorosas que invadiram minha mente, no meu período de pré-consciência do sono (Obs: nunca leve o que sua mente cria quando você está quase dormindo a sério, pois você pode se dar muito mal!), que criei o que posso intitular como um dos planos mais sem nexo que uma garota pode criar.

Eu nunca imaginei que tamanha idiotice pudesse sair de um ser humano, ainda mais se esse ser humano fosse eu. Mas saiu. E era horrível como eu urrava de emoção, a propósito na manhã seguinte, ao calcular os detalhes e começar a articular o caminho para colocar aquele absurdo em prática.

Nunca confie no seu bom senso quando a oxitocina no seu cérebro está elevada. Infelizmente, eu não tinha ninguém que me ajudasse a ver os prós e contras ou que me obrigasse a ouvir a voz da razão, pois a pessoa que me fazia ouvir essa voz era a Momo. E, ela era a última que eu podia ir para conversar para retomar meu juízo perfeito, uma vez que era por ela mesma que eu perdi minha capacidade de discernimento e ela era, a razão da minha loucura. E, segundo o meu eu poético, a razão da minha vida.

É isso mesmo! Como podem ver, estou louca. Aquela coisa do corpo humano que se chama cérebro inexistente em meu ser, pois, o que parece, foi dissipado por hormônios do mal ansiosos pelo corpo da minha melhor amiga colado no meu. Então, tudo que sobra é um buraco oco; e, onde estava a cavidade cerebral, apenas existe HIRAI MOMO piscando em luzes néon verdes.

Do jeito que as coisas estão, não iria me surpreender se eu começar a escrever poemas sobre a Hirai.

E, Essa é a parte preocupante.

E para ficar pior ainda, o meu dia pós-planejamento começou muito ruim: eu estava na cozinha, terminando de comer meu cereal com danone, quando aquela que toma meus pensamentos surgiu na minha porta, às 6h45 da manhã, para irmos ao Colégio. Essa era nossa linda rotina, todos os santos dias, e até então me parecia bem normalzinho. Mas não agora que eu me preocupava se as minhas pernas pareciam finas demais naquela calça ou se deveria ter feito um penteado no cabelo, ou passado gloss. G L O S S, meu Deus! Quando foi que me preocupei sobre a Momo reparar em meus lábios? Isso estava ficando pior.