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-Respira! - Evan dizia preocupado me observando gritar de dor pelas contrações - Pra dentro e pra fora, pra dentro e pra fora. Você fez aquelas aulas pra que?

Mordi sua mão para que aliviasse a dor e ele parece com a histeria que ele estava agora. Soltou um grito abafado e sorriu nervoso, acho que as aulas que ele presenciou, não o preparou para a verdadeira realidade.

- Isso dói! - gritei, as enfermeiras me arrastavam na cadeira de rodas em direção ao quarto de parto, eu podia sentir meu bebê saindo e era doloroso de mais, nenhum filme ou livro prepara uma pessoa pra essa dor. O cientista que falou que a pior dor era ser queimado vivo, nunca pariu um filho.

Já na maca para o parto, podia senti o suor em meu rosto e o médico já estava entre minhas pernas, que agora aberta para que meu filho pudesse nascer, Evan via tudo com uma expressão confusa e olhos arregalados, eu iria rir muito da sua cara se não estivesse sentindo dor.

- Só mais um pouco! - o médico pediu.

Forcei mais ainda e tudo ficou em silencio por alguns segundos até um choro ecoar pela sala e o médico tirar a máscara e sorrir dizendo:

- É um menino. - disse com a criança nos braços, caminhou até mim, me entregando o bebê.

Eu o segurei com todo cuidado no mundo que podia ter naquela hora, Evan se aproximou para olhar o pequenino em meus braços e ele sorria feliz, depositou um beijo em minha testa, antes de segura-lo por alguns minutos balbuciando alguma coisa. As enfermeiras o levaram para ser limpo e fomos movidos para um quarto separado.

Estava tudo bem, mas alguma coisa ainda me incomodava, Evan estava sentado na poltrona branca que havia no quarto, ligando para todos que podia pra dizer sobre o nascimento do filho, ele estava realmente feliz. Senti uma pequena pontada dolorida, mas que passou rapidamente. Observei o quarto, Evan não poderia ser menos Evan se não estivéssemos em um quarto de seu gosto, o quarto era branco e tinha um berço no canto e uma porta para o banheiro no lado direito da cama.

- Aqui está, - uma enfermeira entrou no quarto com o menino nos braços, meu menino - um garotinho saudável.

A mulher caminhou até mim e entregou meu bebê embrulhado em panos azuis e quentinhos, seus olhos ainda estavam fechados, Evan se levantou e se sentou na cama conosco, pegou o bebê e depositou pequenos beijinhos enquanto eu os observava encantada. Era como um sonho, depois de tudo isso, estávamos finalmente parecendo uma família normal.

- Que nome pensou pra ele? - seus olhos azuis me encararam esperando uma resposta.

- Bruce. - disse estendendo as mãos para pega-lo de volta.

- Você está bem? - Evan me olhou preocupado - Aly você está pálida de mais.

Me ajeitei na cama e senti que onde estava sentada na cama estava quente e molhado, levantei o lençol e estava todo sujo de sangue. Evan olhou conturbado com a situação, e saiu da sala com nosso filho em mãos, não demorou para voltar com uma enfermeira, a mesma que trouxe meu filho.

- Meu Deus! Fique aqui! - ordenou para Evan - Eu vou chamar o doutor!

Imediatamente senti uma forte tontura e encostei na cama, Evan veio até mim e colocou o bebê no pequeno berço e veio até mim.

- Não sentiu nada? - disse preocupado de referindo ao sangue, neguei com a cabeça.

Evan se sentou do meu lado e beijou minha testa afagando meu cabelo, entrelaçou os dedos nos meus e ficou ali o que pareceu uma eternidade, comecei a me sentir cada vez mais fraca, mas ignorava cada vez que ao respirar, o cheiro do perfume de Evan invadiam minhas narinas me fazendo querer ficar ali pro resto da vida.

O médico chegou e eu estava quase dormindo, Evan estava aflito; tudo começou a parecer lento demais, o doutor falava algumas coisas que eu não entendia muito bem, e sinceramente não queria entender. Evan corria do lado da maca e estava claro que ele estava desesperado.

- Onde ele está? - perguntei, ele parecia não entender - meu filho, - disse me sentindo ainda mais sonolenta.

- Fica acordada Okay! - foi a última coisa que ouvi sair de seus lábios.

Entrei em uma espécie de sonho. Estava com meus pais, eu podia vê-los quase nitidamente, como lembranças, eu os abracei, o mais forte que pude. Logo depois estava sendo entregue ao meu tio, ele sempre fora carinhoso e comecei a ir ao seu trabalho, me lembrei do motivo de ter começado a dançar como stripper, quando eu via as garotas treinando a dança no poli dance. Quando conheci todas as pessoas que passaram por minha vida, senti lágrimas saírem quando a última coisa que eu vi, foi nós três, no quarto em que estávamos a pouco tempo atrás, abraçados uma família feliz. Isso era tudo o que eu queria, e eu os tinha bem ali.

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Esse capítulo saiu mais curto porque estava indecisa sobre o fim certo a dar pra esse livro, então decidi que vou fazer uma continuação, com um segundo livro. Espero que gostem.

Trato feitoOnde histórias criam vida. Descubra agora