11. Um dia cheio de emoções (p. III)

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Antônio saiu bem cedo, antes mesmo de sua filha Sara, antes até que o sol resolvesse brilhar no horizonte. Ele tinha um compromisso com o governador do estado, que passaria uma nova arremessa de dinheiro para divisão entre os sócios. O dinheiro sujo vindo de uma grande estatal, dinheiro sujo, roubado, desviado... Não importava muito o adjetivo dado ao dinheiro, para Antônio o importante era o valor agregado a sua conta, sua origem pouco importava.

Se o país um dia entraria em colapso, se pais de família estavam ficando desempregados, se famílias passavam fome, se policiais, médicos ou qualquer que fossem estavam sem salário, se hospitais iam a falência, se... se... Pouco importava o se, no pior das situações tinha dinheiro suficiente para ir para outro pais, ainda que permanecesse aqui, tinha suficiente para se manter seu padrão de vida, tanto dele como sua filha. 

Antonio se mantinha a cima da lei, a cima do sistema, a cima, sempre a cima de tudo e todos. Os dados guardados com forte sistema de segurança, jamais seriam descobertos, capaz de manter até mesmo o presidente sobre ameaça, em dez anos Antônio tinha conseguido provas suficientes para chantagear homens poderosos se fosse preciso . Além dele outras duas pessoas sabiam do paradeiro do chip. Sara sua filha que se quer sabia para que ele servia exatamente e Flávio que ele tinha como filho também. Seu braço direito, criado e ensinado pelo próprio Antonio Carlos Medeiros.

Depois da entediante reunião e do almoço em uma churrascaria de alto padrão, o senhor foi verificar alguns contratos e principalmente transferir alguns valores em dinheiro para sua conta no exterior. Sentou-se em frente ao gerente de sua conta bancária, esperou pacientemente até que o dinheiro fosse pulando de conta em conta, passando por vinte e três delas, divido por outras nove e por fim os valores foram somados a sua conta no exterior, agradeceu ao funcionário do banco deixando claro que os dois por cento sobre valor bruto das transferências seriam entregues como sempre em cédulas em sua casa, evitando assim que o homem tivesse qualquer ligação com Antônio. 

Pobre homem, mal sabia ele que estava com seus dias contados, Antonio já havia providenciado a queima desse arquivo. A morte do gerente estava com dia e hora marcada. 

Depois de entrar em seu carro de marca japonesa, blindado, Carlos dirigia tranquilo até sua casa. Parou para abastecer e ler uma mensagem que havia chego enquanto ainda dirigia.

"Espero que não chore muito pela falta da sua filha, pense que ela morreu feliz depois de passar a manhã fudendo com um policial, um homem muito mais velho, que por sinal está investigando sua vida. Imagino o quanto ele se divertiu com o corpinho dela, pela última vez, porque agora ela vai morrer, foi um prazer falar com você Antônio"

Antônio sentiu seu corpo inteiro se arrepiar, ligou na mesma hora para Sara. O telefone caiu na caixa postal na primeira, na segunda e nas outras dez vezes que ele ligou. Entrou em seu carro novamente, depois de pagar ao frentista, saiu em disparada para sua casa, nunca havia corrido tanto, seu coração pulava dentro dentro peito freneticamente. Nunca sentiu tanto medo como naquele dia, sua mente maquinava, mil pensamentos passando por ela. 

Sabia que as ameaças não viam do maldito traficante, alguém se passava por ele, homem que antes era o chefe de um dos maiores complexos de favelas do Rio, estava morto. Morto em um confronto com a policia cerca de dois dias atrás. 

"Defunto não usa internet, nem celular..."  Pensou!

Antônio contrataria uma empresa americana para investigar a procedência das ameaças, quem quer que fosse Carlos o encontraria e mataria com suas próprias mãos, ninguém sabia, nem mesmo Flávio, seu homem de confiança, todos eram suspeitos! E o autor das ameaças era alguém de muito perto. 

Sua filha jamais saberia quanto realmente ele tinha. Se soubesse da vida criminosa do pai nunca mais o olharia nos olhos! Sara era como a mãe, sua honra estava acima de tudo, até de sua própria vida. Admirava a filha por isso e a odiava na mesma proporção... Mantinha por perto, perto de si, longe de seus negócios escusos. Com sorte Sara nunca saberia e se soubesse abriria o jogo, colocaria as cartas na mesa e os motivos todos de uma vez. 

Entre a cruz e a espada. (Degustação)Where stories live. Discover now