Capítulo 2

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POV Ally

Confesso que foi com certa tristeza que dei adeus a Madrid e embarquei pra Miami, mas agora que estou chegando sinto minhas forças renovadas.
Fazem quatro meses que Mila me ligou e me fez aquele pedido doido. E agora tô chegando em Miami.
Desço do avião, Deus que povo barulhento, vou até a esteira de bagagem, mas um homem insiste em ficar na minha frente.

-Licencias por gentileza, quiero recoger mi maleta.

-Ãh... O que?

Olho pro homem. Droga, eu esqueço que estou novamente nos Estados Unidos.

-Eu... Gostaria que me desse licença. Eu quero pegar minha mala.

-Ah sim... Claro.

Ele se afasta um pouco e pego a minha mala na esteira.

-Gracias. - Ele me olha estranho novamente. - Obrigado. - Repito em inglês e me afasto.

Vou andando calmamente até o balcão pra fazer o check out. Sou Americana, mas tenho cidadania Espanhola.
Quando me afasto do balcão com minha mala, vejo uma Camila barriguda andando em minha direção.

-Ally. - Ela fala me apertando forte em um abraço desajeitado. - Que bom que está aqui.

-Caramba Mila. - Me afasto pra olhar ela. - Você tá linda.

Os olhos da minha amiga se enchem d'água.

-Você tá zombando de mim? - Camila pergunta profundamente sentida. - Porque eu tenho certeza que tô uma rolha de poço.

-Não Mila. Não tô zombando. É verdade. E você não tá uma rolha de poço.

Ela enxuga algumas lágrimas que escorreram por suas bochechas.

-Desculpa Ally. Samantha está me deixando muito sensível.

-Samantha? É menina Mila?

-Eu não te contei?

-Não.

-Oh, desculpe Ally. É uma menina. Samantha Cabello Jauregui. Nossa pequena Sam. Sua afilhada.

Meus olhos se enchem de água e passo a mão sobre a barriga enorme de Mila.

-Oi Sam. Desculpa a demora, mas a dinda chegou.

Camila sorri pra mim e eu devolvo o sorriso.

-Vamos Ally. - Ela segura minha mão. - Vamos que DJ já deve estar impaciente.

-Quem?

-Minha amiga Ally, vamos.

Ela me arrasta até o lado de fora do aeroporto, saímos e ela olha para os dois lados tentando se encontrar, então segue pra direita, me puxando enquanto puxo minha mala.
Andamos por alguns minutos até Camila parar ao lado de um carro, e que carro. É um Range Rover preto, com vidros escuros.
Camila bate levemente na porta do passageiro e o vidro se abaixa.

-Pode vir ajudar com as malas? - Camila pergunta desaforada. - Somos duas damas aqui.

-E eu sou um cavalheiro por acaso? Ou sua empregada? - A voz do que responde de dentro do carro é suavemente sexy, apesar da entonação sarcástica. Confesso estar louca pra ver de quem é essa voz.

-Cheechee... Por favor? - Camila faz uma voz dengosa e ouço um resmungo que não entendo de dentro do carro.

Camila arruma a postura sorridente enquanto a porta do motorista se abre e uma verdadeira amazona sai de dentro dele.
Tá legal, eu sei que ela não está montada em nenhum cavalo branco, mas é a única imagem de beleza e perfeição que consigo ter agora.
Ela é alta, corpo escultural, pele de tom caramelo, cabelos loiros presos em um rabo de cavalo alto, mas deixando uma franja solta, boca carnuda, olhos de um castanho dourado intenso e nossa... Que perfeição de mulher.

-Você sabe que eu tô atrasada né? - Diz a maravilha parando na nossa frente.

-Não seja não educada Cheechee. - Camila a repreende, mas sorrindo. - Ally, essa é Dinah Jane. DJ, essa é Ally.

A mulher me olha e sorri.

-Caramba. - Ela diz me medindo. - Chancho me disse que era baixinha, mas não imaginei que fosse tanto assim.

Sinto meu rosto corar.

-Creo que tengo el tamaño proporcional a mí. Usted que es muy alta.

-O que?

-Ally, estamos em Miami. - Camila me diz como um pedido. - Fale em inglês por favor. - Ela se virou pra amazona. - Ela disse que acha que tem o tamanho proporcional a ela. Você que é muito alta.

Dinah franze as sobrancelhas por um instante e cai na gargalhada, Camila se junta a ela e eu fico pasma olhando as duas.

-Tá bem, tá bem. - Diz a moça linda. - É a primeira vez que levo um passa fora em outra língua. - Acabo sorrindo também. - Agora vamos que como eu disse tô atrasada.

Ela põe minhas bagagens na mala do carro e saímos dali.

POV Camila

Dinah nos deixou em casa, Ally vai passar o dia com a gente pra matarmos a saudade.
Assim que descemos do carro e nos despedimos de Dinah, Ally me olha.

-Essa mulher é uma deusa Camila. Meu Deus.

-Uma deusa casada. - Sorrio da sua expressão de desanimo. - Tem muitas mulheres em Miami  pequena. Vamos que a Lauren tá esperando.

Entramos na casa e o cheiro de bacon nos atinge imediatamente.

-Não me diga que a Laur tá fazendo o famoso strogonoff Jauregui. - Ally me olha esperançosa.

-Estou sim. - Diz Lauren saindo da cozinha. - Especialmente pra você baixinha.

Ally pula em Lauren e juro que elas passam cinco minutos abraçadas.
Conheci Ally na faculdade, quando já namorava Lauren, mas as duas se conhecem desde pequenas, quando Lauren defendia Ally do bulling mesmo a baixinha sendo mais velha.

-Ally, você tá agarrando a muito tempo minha mulher. - Digo com um bico. Realmente essa gravidez me deixa muito sensível.

-Você tem ela todo dia. Eu não a vejo a três anos. - Ally responde me mostrando a língua.

Lauren balança a cabeça pelo meu ciúmes bobo, ela e Ally se conhecem a vinte anos e nunca trocaram sequer um beijo, graças a Deus porque do contrário ela não entraria na minha casa.
Depois do almoço nos jogamos nos sofás da sala.

-Como vai ficar a Fotos Hernandez Ally? - Lauren pergunta.

-Bom. Eu acredito que agora que estou aqui vou assumir a presidência, desde que você fique como minha vice. Afinal, você cuidou muito bem de tudo enquanto estive fora.

-Nossos fotógrafos trabalham nos eventos mais badalados do Miami.

Lauren trabalha na empresa de Ally desde que foi construída. Ally é apaixonada por fotografia desde criança e Lauren assumiu a presidência, mas Ally vai querer trabalhar tirando fotos, tenho certeza.

-Sempre confiei em você de olhos fechados Laur.

-Vamos parar de falar de trabalho? - Pergunto irritada.

-Que latina chata. - Ally diz com um sorriso.

-Não me chama de chata. - Respondo já sentindo meus olhos lacrimejarem.

-Amor, não chora. Foi só uma brincadeira da baixinha. - Lauren fala e beija minha testa.

-Desculpa. Tô sensível.

-A Sam nem nasceu e já dá um trabalho e tanto. Adoro essa minha afilhada.- Disse Ally nos fazendo rir.

Ficamos conversando por mais um tempo até Ally ir embora. Mas agora ela está com a gente de novo.

TrilateralOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz