[04] mulher, carros e pipocas

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— Garotas e carros é uma boa combinação.

Sorri sem jeito para o que ele falou e desço do carro. Vou em direção a traseira do carro para pegar as sacolas junto com Rafael e como antes, pego as mais leves e ele as mais pesadas. Entramos pela cozinha encontrando nossas mães preparando algumas coisas para o nosso almoço, já que grande parte das coisas acabamos de trazer do mercado.

Coloco as sacolas em cima da mesa e pego uma banana na fruteira que tinha ao lado e me sento na mesa esperando elas me darem alguma tarefa para fazer.

Rafael senta ao meu lado e olha para mim, depois para mamãe.

— Tia Clau — Rafael chama minha mãe e ela tira sua atenção das verduras que cortava e olha em nossa direção. — Quem ensinou a Rafa a dirigir? Por que tio Ricardo eu tenho certeza que não foi.

Eu e mamãe seguramos o riso com a afirmação de Rafael;

— Foi eu, Ricardo até tentou, mas cada vez que eles entravam no carro acontecia sempre alguma catástrofe.

Catástrofe da parte do meu pai... Ele parecia mais o Kyle de Eu a patroa e as crianças quando ia ensinar a filha a dirigir. Era igualzinho. Se tivesse uma folha no meio do meu caminho, papai dava um grito me fazendo ficar cada vez mais surda. Então, em um dia que ele não estava em casa e caia uma chuva forte na cidade, mamãe tirou o carro da garagem e me ensinou a dirigir. Totalmente diferente de papai.

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Eu estava em uma discussão com Renan há quase duas horas sobre o mesmo assunto e cada vez que eu via o sol indo embora cada vez mais, o desejo que eu tinha passar a tarde na piscina ia embora.

— Eu só to' dizendo que você não precisa falar comigo 24 horas por dia. — ele fala do outro lado da ligação.

— Não quero passar 24 horas falando com você Renan – digo irritada – Só estou dizendo que você sumiu desde que eu cheguei aqui e foram poucas as vezes que a gente se falou.

Escuto ele suspirar e ficar silencioso por um tempo do outro lado da linha.

— Desculpa Rafa, é que eu estou ajudando meu pai na empresa e ta' puxado para o meu lado.

Ele tenta se desculpar e prefiro mudar o rumo da conversa.

— Você vai para a festa da Camila? A gente pode se encontrar por lá.

— É, pode ser, pode ser. Agora eu tenho que ir, tudo bem?

— Claro né! — Respondo chateada e olho para a chuva escorrendo na minha janela.

— É por isso que eu te adoro Rafinha! Beijos.

Não me dou nem ao trabalho de responde-lo, já que ele desligou a ligação sem ao menos esperar que eu respondesse. Largo meu celular por cima da cama e viro ficando de bruços e a cara enterrada no travesseiro.

— Se você tiver querendo se matar, essa não é uma boa opção...

Escuto Rafael falar e me recuso a sair da posição que eu estou para responder qualquer coisa a ele.

— Eu não vou sair daqui sem levar você comigo, nossos pais começaram uma sessão pipoca e nos designaram como os cozinheiros da rodada.

Respiro fundo antes de levantar meu rosto do travesseiro e olhar para ele. Rafael está parado a poucos metros da minha cama com os braços cruzados. Seu cabelo está molhado e todo penteado para traz deixando o loiro claro em loiro escuro, sem camisa e vestindo apenas um short parecido com os que ele usa quando vai para a praia surfar.

— Você não sente frio garoto? — Pergunto enquanto me sento na cama e procuro meus chinelos pelo o chão ao lado da minha cama.

— ... — Rafael ignora minha pergunta e levanta uma das sobrancelhas me encarando.

— Certo, o que é para fazermos? — Digo depois de me levantar e sair em direção as escadas. Rafael estava na minha frente e eu podia sentir seu perfume chegar até em mim. Era um perfume diferente do que ele usava quando ainda erámos mais próximos, mas me fazia querer cheira-lo cada parte dele que tinha o perfume. Rafael para já no final da escada e vira-se para mim cruza os braços e me olha com a expressão de tédio, como se não acreditasse no que eu estava falando.

— Eu não acredito que a mestre cuca das pipocas não sabe o que se é para fazer em uma sessão pipoca.

Sorrio. Quem poderia me recriminar? Eu amava fazer pipoca, amava ainda mais come-las. Ainda mais quando o meu namorado parecia querer me evitar a todo custo.

— E os ingredientes? — pergunto indo em direção a cozinha.

— Já estão todos separados, chef. – Rafael fala me fazendo sentir-se quente por dentro. Calor de me sentir totalmente em casa pela primeira vez desde que cheguei ali.

Ao olhar todos os ingredientes separados sobre a mesa viro-me para Rafael e sorrio novamente.

— Chamem os bombeiros que Rafaela Dantas vai para a cozinha. — falo como antigamente fazendo-o sorrir.

Eu definitivamente estou em casa. 

Rafael RafaelaWhere stories live. Discover now