Meus pais iriam à Índia, passar uma temporada. Tia Nilima resolveu tirar férias das empresas e seu marido a convenceu a fazer uma viagem de lua de mel, já que nunca tinham feito isso antes. Com muita paciência, ele conseguiu fazer com que Nilima deixasse os celulares em casa e ficasse apenas com um, para emergências. Meu pai ficaria na Índia durante este período. Minha mãe aproveitou a oportunidade para terminar seu livro. Eu viajei com ela, para ajudar nas pesquisas, como seu estagiário, assim, eu conseguiria alguns créditos extras em meu curso.
Nós três chegamos à Índia alguns dias antes da viagem de tia Nilima. Ela nos esperava em sua casa. Mamãe e papai sempre pareciam saudosistas quando íamos àquela casa. Eles falavam pouco sobre o tempo em que moraram ali, sempre dizendo que havia muitas lembranças boas naquele lugar. Mamãe suspirava e seus olhos enchiam-se de lágrimas. Ela dizia que tinha saudades daqueles que viveram ali e tinham partido.
Uma vez, minha mãe me contou sobre a relação dela com meu tio Kishan. Ela me disse que, durante um período, ela e meu pai terminaram o namoro, e então, ela namorou Kishan. Mamãe contou que o amou profundamente e que os dois foram noivos. Quando meu tio partiu, ela sofreu muito, mas meu pai esteve a seu lado e cuidou dela. Então eles se reaproximaram e voltaram a ficar juntos. Ela nunca deixou de amar meu pai e nunca foi capaz de esquecer meu tio. Eu nunca conversei sobre isso com papai, imaginando que este assunto pudesse aborrecê-lo. Também nunca falei sobre isso com Kamala. Ela era muito apegada ao nosso pai e idealizava o "amor perfeito" entre mamãe e ele. Eu não queria decepcioná-la. Mas eu ficava pensando sobre isso sozinho, pensando se era mesmo possível amar daquela forma a duas pessoas diferentes.
Eu nunca tinha amado alguém. Eu nunca sequer me interessei por nenhuma mulher. Eu já tinha vinte e um anos e ainda não tinha beijado ou tocado em uma mulher em minha vida. Minha irmã, uma vez, me perguntou se eu não tinha vontade de namorar.
— Não. Para falar a verdade, eu não penso nisso.
— Mas Anik, você já gostou de alguém? Nenhuma menina mexeu com você ainda?
— Não. Ninguém ainda chamou a minha atenção a este ponto.
— Anik?
— Sim.
— Você é gay?
Pensei um pouco antes de responder.
— Não, eu acho que não. Nenhum homem chamou a minha atenção também.
Nós dois rimos.
— Você me diria se fosse?
— Claro que sim. Você é minha irmãzinha, a pessoa em quem eu mais confio no mundo.
— Que bom, porque você é meu melhor amigo.
Chegamos à casa de Nilima, onde ficaríamos hospedados. Ela e tio Sunil vieram nos receber. Nós nos abraçamos amistosamente e nos dirigimos à sala. Mamãe suspirou sorrindo.
— Como eu sinto falta deste lugar.
Papai a abraçou e beijou sua têmpora.
— Você foi feliz aqui. Não foi iadala?
— Sim, eu fui muito feliz aqui. Mas sou muito feliz na nossa casa também, com nossa família.— Ela ficou de frente para ele — Eu nunca me arrependi de nada.
Eles se olharam nos olhos, sérios, como se fizesse uma jura silenciosa. Nilima os interrompeu:
— Kelsey, a casa é dos Rajaram. Vocês podem vir para cá sempre que quiserem.
Foi papai quem respondeu:
— A casa de Kadam sempre foi de todos nós. É um memorial de tudo o que se passou. E sempre será o nosso lar.
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Os filhos do tigre
רומנטיקהOs Deuses renascem quando o mal surge. E o mal sempre surge. Os filhos de Ren e Kelsey tem duas missões: encontrar o amor e vencer o inimigo. Baseado na saga "A maldição do tigre", de Collen Houck.