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🌺 Gleice 🌺

Não posso acreditar meus pais me enganaram esse tempo todo, não sei se agora vou querer ele como meu pai e se serei a mesma com a minha mãe. Esses dias só foram decepções...

Estava com meus passamentos até que chega Ian e interrompe eles.

Ian: Senhorita Parker ?

Gleice: Por favor, me chame de Gleice.

Ian: Como quiser, amanhã cedo você terá alta, mais eu terei que ficar fazendo suas consultas em casa todas as manhãs e as noites!

Gleice: Que bom que vou ver você sempre, é um ótimo doutor e gostei muito de você.

Ian: Que bom que pensa assim, gostei muito de você também! Agora durma pra descansar e amanhã cedo levaremos você até em casa.

Gleice: Obrigada!

Apaguei a luz do quarto, deixei só a do abajur ligada! Levantei a cortina, como era de vidro a janela, fiquei olhando as luzes da cidade!

Deitei na cama e nunca tive tantos pensamentos malucos.

Foram tantas coisas que surgiram do nada!

Resolvi chamar Ian!

Ian: Aconteceu alguma coisa?

Gleice: Não consigo dormir, tem como me dá um remédio pra eu sentir sono?

Ian: Sim, sim... Vou providenciar! Aguarde só um estante.

Ele sai do quarto e volta 5 minutos depois!

Pego o remédio da mão dele e tomo!

Ian: O que tá te incomodando, você anda muito pensativa?

Gleice: Me contaram várias coisas de uma vez só...

Ian: Que coisa? Se quiser contar é claro.

Gleice: Irei contar, acho que preciso desabafar. Descobri que Cauê me trai com uma secretária do escritório dele a Johanna, descobri que meu pai era meu professor de filosofia e que o tempo todo ele dava aula no colégio só pra ficar perto de mim, que minha mãe não iria contar nunca isso pra mim! Também descobri que essa tarde Cauê não havia ido ao escritório ter um trabalho e sim ficar com Johanna. Foram tantas coisas horríveis! Mais já tô acostumada.

Ian: Como assim acostumada?

Gleice: Bom... Durante toda minha vida eu sofri! Quando eu nasci logo vivia perguntando a minha mãe pelo meu pai, ela dizia que ele tinha falecido, minha irmã mais velha (Tânia) morreu quando eu tinha 4 anos de idade, eu sofri muito. Com o passar do tempo fiz uma amizade, era uma garota com o nome de Chelsea, ela tinha um irmão e nós três brincávamos em uma floresta e ela foi embora, até hoje não tenho notícias dela! Quando entrei pra escola eu sofria preconceito, por conta dos meus cabelos enrolados e do meu tom de pele, eu era um nada no meio de branquinhas de olhos azuis ou verdes e cabelos lisos. Com o passar do tempo conheci Cauê, ele e os amigos dele só sabiam zombar de mim , eu tinha apenas 8 anos, eles molhavam os meus livros, me xingavam e me colocavam para baixo. Quando fiz 9 minha família não estava com boas condições, era uma família grande, minha irmã era doente e a gente tinha que comprar remédios caros e por conta disso ficávamos sem comer as vezes, mais eu sempre fui muito batalhadora eu não nego , eu vendia várias coisinhas que eu inventava fazer, até colhia flores e fazia um buquê com fitas, ou então ganhava dinheiro fazendo penteados... Mais isso não foi o suficiente, minha irmã só piorava, a gente só ficava com fome , a luz e a água já tinha cortado e minha família desempregada, eu tava passando na rua e achei uma loja que na frente tinha um bolo, eu fiquei salivando, era o aniversário da minha mãe eu confesso, roubei o bolo, e sai correndo, o dono da loja me pegou, me bateu até eu ficar tonta e me jogou na lama, ainda não bastou, me levou pro fundo da loja e tentou me abusar mais eu fugir, e um homem alto de olhos verdes me deu o bolo de graça e eu fui pra casa muito feliz, naquele dia eu e minha família choramos de tanta emoção e comemos tão felizes. No dia seguinte andei a cidade toda o dinheiro que conseguia eu comprava comida e remédio, até que um dia eu peguei a minha bicicleta e passei de casa em casa procurando um emprego, até que uma senhora maravilhosa disse que tinha um, mais eu era muito nova, então eu busquei a minha mãe e minha tia , ela deu uma vaga pras duas, foi aí que as coisas melhoram, mesmo assim eu não parava de trabalhar. Nos dias de sábado eu pegava carros de mão e carregava a feira das pessoas e ganhava 2 reais as vezes 4 reais, juntava o dinheiro e fazia a minha feira com a minha vó e a gente voltava tão feliz, com um tempinho a gente já não tava com dificuldades, mesmo assim eu continuei trabalhando pra nunca faltar nada! Fui pro colégio e um certo dia Cauê me humilhou na frente de todo mundo, jogou na minha cara todas as minhas dificuldade!

Flashback on

Cauê: Você é uma pobre ridícula, não tem dinheiro nem pra comprar um pão e acha que pode falar comigo? Você é uma ridícula garota, como deve ser legal todo dia ficar pedindo esmola e carregando as feiras dos outros por 1 real kkkkkkk

- todos riram -

Ally: Deixa a garota em paz, se eu fosse você preferia estar no lugar dela do que ser um sujo sem caráter, gente como você pode ter o que for, no final estará sempre no fundo do poço e sozinho e se não estiver sozinho, só terá pessoas ao redor interessadas no seu dinheiro e na sua faminha de pegador. Ela pode ganhar 1 real mais são 1 real dignos e conseguido do suor dela e você que ganha 200 mais é do bolsinho do mamãe.

Todos começam a rir.

Ally: Pensa bem quando for dizer algo pra as pessoas, porquê você é um ridículo que se acha o fodão sendo que você só passa de um merda que ganha a vida apontado os defeitos dos outros sendo que você tem um pior que é ser preconceituoso, mesquinho, filhinho de papai e que rico é a família e acha que tem dinheiro!

Flashback off

Gleice: Apartir daí começou a minha amizade com Ally, ela sempre foi assim, gentil, durona e fala o que vem na cabeça e eu sempre admirei muito ela. Continuando, aos 15 fui vítima de um desafio, sempre fui meio caidinha pelo Cauê, eu confesso. Nisso desafiaram ele a ficar comigo e agora estou aqui, grávida por uma merda de desafio.

Ian: Sua história me emocionou muito, você é uma garota cheia de luz e muito guerreira, se você já passou por tudo isso, não se desanime por esse mal entendido, siga em frente , você vai ver a vitória que te espera lá na frente!

Gleice: Obrigada Ian, agora tô meia cansada , obrigada por ficar aqui comigo e ouvir todas as minhas histórias bobas, até amanhã, boa noite.

Ian: Histórias bobas não, sua vida da um filme, foi um prazer te fazer companhia. Boa noite Linda.

Ele apaga a luz e sai do quarto.

Me sinto mais leve depois de desabafar com o Doutor Ian, é um alívio poder confiar em alguém!

Gleice Parker II - By Jeane CoelhoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora