— Mamãe, venha ver! – gritou a menina de cabelos cacheados olhando para o quintal.
Jacira veio em passos largos e olhos apreensivos.
— O que foi menina, pra que esses gritos todos? – Antes que a filha pudesse contar ela viu um pardal empoleirado na mãozinha morena.
— É ele mãe, é o pardalzinho! Ele veio visitar a gente... – A menina gargalhava falando, ou falava gargalhando.
A mulher olhou aquela interação e aproximou-se para ver o passarinho mais de perto, mas ele voou rapidamente seguido por outros tantos pardais que saíram de cima do muro e de dentro das árvores do quintal. A menina ao ver o bando levantando voou deu um grito agudo de alegria que deixou um formato brilhante em seu rostinho...
— Não vá Seu Pardal! Tenho comida pra vocês... —gritou ela correndo para o quintal e mirando o céu – Ele vai voltar? – perguntou.
— Não sei, mas ele parece que não esqueceu de você.
A menina sorriu com todo o rosto ao ouvir a mãe falar isso.
— Vou contar a João quando ele chegar.
— Agora vá tomar seu banho que vamos almoçar daqui a pouco.
A menina entrou correndo e a mulher encostou-se na porta para fitar o céu com um feliz espanto nos no semblante... ficando ali por algum tempo até se desvencilhar dos pensamentos e tornar novamente aos afazeres.
O assunto do almoço foi isso. Clara não conseguia parar de contar de como ela foi surpreendida com a chegada do seu amigo e como ela o reconheceu por uma marca na asa que ela tinha ajudado a salvar. O menino estava muito interessado na conversa, mas foi interrompido por uma voz grave e cansada depois de três palmas do lado de fora da casa:
— Ô de casa!
— Tio Agustinho! – exclamou o menino de cabelo quase raspado ao abrir a porta da frente e ver um burro apeado sob a sombra rala da arvore na calçada e um velho de bigode acinzentado com um pacote nas mãos – entre, estamos almoçando.
— Faz um tempo que não vem almoçar com a gente – disse Jacira ao vir receber o homem também.
— Tem beiju e umas frutas aqui nessa bolsa, eu que fiz... – Leves gargalhadas graves e ternas como a do velhinho no Natal. — Vocês precisavam ver as mandiocas dessa temporada, coisa linda de Deus! Nunca mais foram me ver também, né? Não deixem esse velho sozinho muito tempo.
— Eu peço sempre pra papai me levar, mas ele nunca pode, quem sabe quando ele comprar um carro... – disse o menino tomando o pacote e conduzindo o velho para dentro.
O velho foi até o banheiro e lavou as mãos aproveitando para refrescar o rosto cansado e bronzeado. Sentando-se a mesa sem nenhuma cerimônia, recebeu um prato posto, talheres e uma pergunta:
— O que aconteceu? Geralmente não aparece essa hora. Algo importante? – perguntou a senhora de olhos levemente puxados.
— Preciso pegar um dinheiro na feira, mas vim porque tenho uma reunião mais tarde...
— Com o Amauri? —interrompeu Jacira.
— Sim! —respondeu prontamente. A fronte tomou uma suave seriedade inesperada.
— Nós também vamos...
— Eu sei —devolveu rapidamente —por isso mesmo quero estar lá. Hoje é um dia diferente... —Notou-se um suspiro ao voltar a olhar para o prato.
BẠN ĐANG ĐỌC
ATIAÎA Sangue do Passado (DEGUSTAÇÃO).
Viễn tưởngUma pacata cidade do interior é chacoalhada por acontecimentos estranhos. Desaparecimentos de pessoas, sonhos inquietantes, indivíduos misteriosos... Nos meandros desses eventos, uma família comum se vê rodeada de enigmas e mistérios que datam de ce...