Capítulo 1

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O sol adentrava aos poucos no pequeno ambiente do quarto, era início de primavera e a brisa balançava suavemente a cortina sobre a janela entreaberta. Tinha tudo para começar um dia perfeito, até abrir os olhos lentamente olhando em direção ao relógio percebendo que mais uma vez o despertador velho havia me deixado na mão.

Contrariada pelo fato de ter perdido à hora outra vez naquela mesma semana, soube então, que o dia que tinha de tudo para ser perfeito seria apenas mais um dia comum exatamente igual aos outros, ou seja, atrasada e cheia de reclamações do meu chefe.  O relógio marcava seis horas e quarenta e cinco minutos, nesse horário já deveria estar a caminho do trabalho.

- Preciso de um despertador novo urgente. Resmungo ainda sonolenta.

Levanto-me às pressas e começo a me arrumar, chamo a minha irmã Julie que ainda dormia serenamente. Assim que a mesma abre os olhinhos entende que está na hora de se levantar e ir à escola começo a ajudá-la a se arrumar após está pronta a deixo brincando com seus brinquedos para que eu terminasse de me vestir.

- Julie! Vamos? Depois você brinca mais. A chamei enquanto pegava minha bolsa e chaves para sairmos de casa.

- Já estou indo.

Olho em meu relógio de pulso que já marcava sete horas apesar de me apressar chegaria atrasada. Julie estava demorando mais que o esperado. Sigo em direção ao seu quarto pedindo a Deus para que ela não estivesse brincando com tintas, batons ou minhas maquiagens como fazia às vezes de manhã me atrasando ainda mais. Entretanto, quando adentro ao seu quarto me sinto aliviada percebendo que ela só estava com dificuldades de fazer um penteado simples em seu cabelo longo dourado que eu havia deixado solto. Em poucos segundos prendi seu cabelo como ela desejava, e em seguida seguimos em direção aos nossos destinos.

Sua escola ficava no caminho do meu trabalho o que facilitava minha vida já que quase sempre estava correndo contra o tempo para conseguir realizar todas minhas tarefas diárias. Gastava normalmente em média trinta minutos para chegar ao café enquanto andava pelas ruas movimentadas da cidade, porem quando pegava o ônibus o que não acontecia muito já que nem sempre o dinheiro era suficiente para esse luxo o tempo reduzia pela metade. Entretanto, mesmo que cogitasse usar essa opção de locomoção com o pouco de dinheiro que ainda me restava do último pagamento ainda assim chegaria atrasada já que o próximo ônibus passaria novamente dentro de quarenta minutos.

Ao descartar essa possibilidade seguro a mão de Julie e apresso os passos de forma que minha irmã conseguiria acompanhar o meu ritmo e durante algumas vezes quando percebia o seu cansaço a pegava em meu colo e andava o mais rápido que conseguia. Dentro de poucos minutos já tínhamos chegado à escola onde ela estudava.

- Tem um bilhete para sua professora ela irá te ajudar a comprar algo que goste na hora do lanche.  Beijo sua testa e a observo andando em direção a professora que já estava a sua espera.

Há um ano perdemos nossos pais em um acidente de carro, desde então, como irmã mais velha recebi a responsabilidade de cuidar de Julie o que tem se tornado um tanto difícil após perdermos nossa fonte de renda fixa que tínhamos que provinha uma fábrica de tecidos e alguns outros bens deixados pelos nossos pais. Logo após o acidente o lucro da fábrica principalmente nos ajudou financeiramente por alguns meses e apesar do luto conseguíamos ter uma vida tranquila e estável financeiramente exatamente como antes do ocorrido, mas nossos familiares por serem muito gananciosos entraram com um processo judicial contestando o testamento ao receberem a notícia que não herdariam absolutamente nada. Eles nunca foram a favor da minha adoção e após a leitura do testamento demostraram ainda mais o que pensavam do assunto, nunca me aceitaram como da família e isso afastou meus pais de seus familiares sem exceção por não respeitarem essa decisão que ele e minha mãe haviam tomado. Eles usavam todos os argumentos para invalidar o testamento alegando que por eu ser uma adotada e não fazer parte da família deles não poderia ter direito à maior parte herança, pois seria uma injustiça com toda a família, questionavam o fato de Julie ser apenas uma criança que não entendia de negócios e muito menos tinha responsabilidade e capacidade para administrar a sua parte dos bens sendo assim buscavam conseguir a guarda e o direito a tudo que nos foi deixado.

Por Você - (Degustação)Where stories live. Discover now