Capítulo 5

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Tobias

Naquela noite, fui dormir pensando nela. Estar apaixonado era foda. Tanto evitei vê-la que desisti do "nosso ônibus" e fui até a minha livraria preferida. Não adiantou, o destino nos juntou mais uma vez. Por isso, penso que não foi à toa nosso encontro no coletivo. Seu choro e meu lenço, uma amizade com semelhantes paixões e que dia a dia só aumentava.

Cada palavra que sua boca dizia vinha como música para o meu coração. Seus gestos me preenchiam, era como uma maçã: deliciosamente sedutora, doce e também cheia de mistério.

Acordei no meio da madrugada e caminhei sem ruma pela casa. Fui instintivamente até o quarto de meu avô, que dormia. Por isso tentei não acordá-lo, mas só em lhe espiar já chamei sua atenção de alguma forma. Aquele senhor tinha um sétimo sentido, com toda certeza. E era avô, amigo, pai, conselheiro e um eterno Don Juan.

— Já a beijou? — perguntou-me ainda de olhos fechados, deitado em sua cama.

— Nem perto disso — respondi baixinho, recostado no batente de sua porta entreaberta.

— Então beije! — ordenou através da penumbra. — Não conquistei sua avó até lhe roubar o primeiro beijo.

— Sei dessa história. — Sorri.

— Escute seu velho... Beije essa garota, logo.

— As coisas não são tão fáceis — argumentei.

— Na minha época eram piores.

— É, isso também é verdade — concordei.

— Sempre vale a pena tentar, Tobias. Lembra quando você esfolou os joelhos tentando subir na árvore gigante?

— Claro que sim. — Sorri.

— Não basta saber o tamanho da força que você tem aí dentro. — Apontou para o meu peito. — Tem que saber o que você faria com ela.

— Obrigado, vovô — agradeci dando-lhe um abraço de boa noite, mesmo sendo madrugada.

Grato por suas palavras saí dali com o ânimo renovado. Meu avô tinha toda razão, precisava arriscar, subir na grande árvore, ver onde minha força me levaria e beijar Isa. Pensei em como seriam os seus lábios.

Doces, vorazes ou contidos?

Ela era o tipo de mulher perfeita: corpo de curvas arredondadas, carnes firmes, sorriso fácil e olhos atentos. E aquele perfume? Cheirava a campos de madressilva com flores de camomila. Já havia decorado cada detalhe daquela divindade. Não, divas não podem ser tocadas e Isa era mais que isso. Merecia ser amada de todas as formas possíveis.

Namorava cada pedacinho do seu corpo que via descoberto com frescor e sua pele clara como a areia da praia. O volume dos seios medianos, seus olhares travessos e expressões sempre vívidas me excitavam de diversas formas.

Adorava aquele sorriso e os sons das suas diferentes risadas.

Deus do céu, era amor o que estava sentindo?

Nem percebi o quanto me atingia pensar em Isa e como a desejava ali. E foi pensando nela que extravasei o latejo que ela exercia sobre mim mesmo a léguas de distância. Treinei por uma hora no grande saco de areia, madrugada afora. Chutando, socando e suando.

[Degustação] 100 Dias para AmarOnde as histórias ganham vida. Descobre agora