Capítulo XIX: Nós sempre damos o nosso jeito

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Assenti, beijando-o rapidamente e levantando, pronta para chamar as meninas para ensaiar uma última vez. Ao sair, vi que Evan se endireitou na arquibancada para me ver dançar, como sempre fazia quando terminava seu treino. Chamei as garotas e elas tomaram as suas posições antes que eu desse play na música.

O ensaio foi rápido, sem grandes erros, o que já era esperado pelo tempo que ensaiamos hoje. Ao final da música, as meninas se despediram, correndo para o vestiário enquanto eu voltava para a arquibancada.

— Acho que sou muito sortudo por ter você — Evan falou, passando um braço pelos meus ombros. — Amo você, Lou. Amo demais.

Quando ia responder, ouvimos um pigarrear e Brian apareceu acenando como uma criancinha. Meu namorado se levantou e pegou suas coisas, indo para o vestiário após dizer que me esperaria lá fora. Brian chegou mais perto e ocupou o seu lugar na arquibancada.

— Você está com uma cara desesperada, Brian — comentei e ele riu, revirando os olhos. — Ainda sobre aquela garota?

— Claro, Lou. Não sei o que sinto, está tudo tão estranho! — ele comentou frustrado e eu dei o maior sorriso que consegui.

— Oh, meu melhor amigo está mesmo apaixonado — anunciei, juntando as mãos e apoiando o rosto nelas. — Nós precisamos de um shipp, que tal...

— Louisie! — ele me interrompeu. — É sério! Não sei o que devo fazer.

— Agora? Não sei se você deve fazer algo sobre isso. Pelo menos, por hora. Você deve ir encontrar a Ella para a detenção. Ela já deve estar te esperando há um bom tempo — lembrei e ele se pôs de pé, anunciando que aquele assunto não havia terminado ali e que continuaríamos a conversa depois.

Como ainda levaria algum tempo para que fôssemos à casa de Karyn estudar, Evan me deixou em casa primeiro, dizendo ter que resolver alguns assuntos para o pai, mas que me buscaria depois

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Como ainda levaria algum tempo para que fôssemos à casa de Karyn estudar, Evan me deixou em casa primeiro, dizendo ter que resolver alguns assuntos para o pai, mas que me buscaria depois.

Assim que entrei, senti o cheiro de comida vindo da cozinha e estranhei. Meu pai, minha mãe e Izzie deveriam estar no trabalho e Fall deveria estar na escola.

— Mãe? O que faz em casa? — perguntei, entrando na cozinha e vendo-a parada em frente ao fogão enquanto mexia algo numa panela.

Outro ponto estranho: minha mãe não cozinhava sempre. A maior parte das refeições era feita por meu pai, Izzie ou por mim. Mamãe só cozinhava quando estava preocupada ou estressada.

O medo, então, começou a se espalhar dentro de mim.

Me aproximei, largando a mochila numa cadeira e parando ao seu lado. Quando a fitei, seu rosto estava inchado e os olhos vermelhos, revelando que havia chorado há pouco tempo.

— Mamãe, o que aconteceu? — perguntei num sussurro, abraçando-a, e senti que suas lágrimas voltaram a se derramar. Ela fungou algumas vezes antes de conseguir me responder de modo que eu entendesse alguma coisa.

— Cortes de funcionários. Eles me mandaram embora, Lou.

Ouvindo aquilo, eu a abracei ainda mais forte, levando-a até a mesa. Ela se sentou e voltei até o fogão, desligando-o e indo buscar um copo d'água para ela. Entreguei o copo e ela o pegou com as mãos trêmulas.

O emprego que minha mãe tinha como secretária era o suficiente para que não deixássemos de pagar as contas da casa e não passássemos fome. Ela e meu pai sempre trabalharam duro para não deixar faltar nada para minhas irmãs e eu.

Lembro-me até hoje da vez em que me levantei de madrugada e encontrei os dois na cozinha, discutindo que o carro precisava ser vendido porque as contas tinham aumentado além do limite que eles podiam pagar. E, na semana seguinte, não tínhamos mais um carro.

Eu evitava pedir coisas e sempre ensinei a Fall, minha irmã mais nova, de que ela não precisava de coisas superficiais. O necessário bastava e nós aprendemos a viver assim. Uma customização numa roupa, troca entre irmãs, divisão igual de tudo o que tínhamos e nós seguíamos assim.

As coisas melhoraram quando Izzie, ou Isabelle, minha irmã mais velha, começou a trabalhar. Entretanto, não fazia ideia de como as coisas seguiriam daqui para frente.

— Não queria fazer vocês passarem por isso, Lou — minha mãe lamentou, secando algumas poucas lágrimas que ainda insistiam em cair. — Você deve saber que eu não escolhi por isso.

— É claro que eu sei, mãe. Não se preocupe. Nós vamos dar o nosso jeito, nós sempre damos.

Também queria chorar, queria muito, porém aprendi que não adiantaria de nada. Precisava me mostrar forte para que minha família também pudesse se sentir fortalecida. Eu precisava demonstrar que nós iríamos nos reerguer e nada poderia nos abalar.

Dissera aquilo tentando convencer a ela e a mim mesma, contudo, na minha cabeça, a voz de Evan ecoava dizendo que não posso cuidar de todo mundo o tempo todo. Só que, nesse caso, se tratava da minha família, e eu faria de tudo para vê-los bem novamente.

 Só que, nesse caso, se tratava da minha família, e eu faria de tudo para vê-los bem novamente

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Oioi, pessoal!

Desculpem por ainda não ter respondido os comentários no capítulo anterior, estou em semana de provas e trabalhos e não sei nem como vão ficar as coisas por conta da greve, mas juro voltar lá ainda essa semana para responder todos.

Esse capítulo me parte o coração, mas é importante para a história a trama da Lou.

Também atualizei alguns capítulos dessa segunda parte para colocar os gifs. Caso não tenham visto, deem uma passadinha por eles.

Por hoje, é só. Até semana que vem!

Sobre poemas anônimos, garotos e amor - Livro I [COMPLETO]Where stories live. Discover now