Capítulo 5

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Ter amigos faz toda a diferença

Fernanda

2017

Respirei fundo observando o pote transparente com os 365 recados que escrevi à mão. Levei bastante tempo para pensar em cada um dos recados, então escrevê-los, cortá-los e enrolá-los como mini pergaminhos. Ainda assim, tinha valido a pena, pois estava uma gracinha.

Além disso, eu tinha comprado uma caneta super cara e personalizada com o nome de Davi. Eu esperava que ele pudesse usar no trabalho e pensar em mim.

Sorri para o presente dentro da caixinha de MDF. Era o nosso primeiro dia dos namorados e eu estava morrendo de ansiedade. Pesquisei diversas sugestões de presentes na internet, porque queria impressioná-lo.

Eu sabia que o conjunto de recadinhos poderia parecer bobo, por isso inclui a caneta ao presente. Nos últimos dez meses, eu pude conhecer um pouco mais o homem por quem eu estava perdidamente apaixonada. Ele era carinhoso, mas nada romântico e considerava tudo uma grande besteira.

Vez ou outra, ele era indiferente, mas eu estava relevando porque Davi estava no penúltimo período da faculdade de medicina, então estava conciliando a graduação, o internado e o nosso namoro.

Dessa vez, ele corcodou em sair no dia dos namorados, o que considerei um bom sinal.

— Oi! — disse antes de me dar um beijo na bochecha.

Ele se sentou diante de mim, com os olhos castanhos brilhando apesar do cansaço. Por pouco, eu não me arrependi de ter insistido por esse encontro. Ele sorriu e só então eu percebi que o estava encarando.

Ainda era estranho namorar um cara mais velho. Eu sentia que estava sempre a um passo atrás.

— Que bom que você conseguiu vir! — falei com um sorriso tímido. — Trouxe algo para você!

Empurrei a pequena caixa de MDF e ele me encarou meio surpreso e meio sem graça. Davi não disse nada, apenas pegou o presente e o abriu com olhos desconfiados. Então sorriu aquele sorriso lindo que eu considerei o melhor dos presentes.

— Essa é a coisa mais boba e linda que eu já recebi! — disse e eu fiquei na dúvida se era um elogio ou não. — Eu amei, obrigada!

Respirei aliviada e sorri de volta.

— Também tenho algo para você!

Ele tirou uma caixinha do bolso interno da sua jaqueta e colocou sobre a mesa. Foi a minha vez de erguer as sobrancelhas e olhar desconfiada. Ele empurrou a caixinha preta de veludo na minha direção, como uma forma de incentivo.

— O que é? — perguntei quase sem voz.

— Veja você mesma!

Encarei-o por mais alguns segundos antes de pegar a caixinha. Tínhamos conversado sobre usar aliança de compromisso, mas ele disse que não gostava da idade. Ainda assim, ali estava ele, com uma pequena caixinha de veludo diante de mim.

Engoli em seco, obrigando o meu coração a se acalmar. Só então abri o presente com os dedos trêmulos.

Por um momento, eu fiquei confusa. Olhei a caixinha com atenção: o presente brilhava no forro preto e era realmente muito bonito. Então encarei Davi, que sorria mostrando ainda mais dentes.

— Eu amei — falei quase sem voz. — Os brincos são lindos...

...

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