Um Curto Conto Sobre Uma Pequena Revolução

33 0 2
                                    


"Je n'aurais pas l'nonneur sublime

De donner mon nom à l'abîme

qui me servira de tombeau."

Baudelaire

O homem não era o maior dos seres que habitava esse inócuo mundo azul, mas movido pela centelha da curiosidade criou ferramentas para superar obstáculos. Assim surgiu a tecnologia. Tão logo, com o advento da ciência humana, séculos após, o homem subiu ao alto abismo celeste e desceu ao profundo abismo marinho, fez as maiores construções, mas sabendo de sua impotência ante os minúsculos seres que mataram, outrora, milhares o homem então venceu as doenças criando pequenas máquinas no diâmetro de nanômetros capazes de matar bactérias e vírus curando praticamente todas as doenças infecciosas.

A alquimia fracassou em conceber ouro, mas deu à luz a química e agora com a nanociência a mesma torna possível por meio nanorobores serem capazes de fazer ouro átomo à átomo, convertendo determinados materiais no mesmo produto. A nano máquina produz uma versão sintética da molécula delftibactina que a bactéria Delftia acidovorans originalmente produzia. Quem diria que pôr fim a nanociência era a almejada pedra filosofal da alquimia. Era o surgimento de uma quase nanobio, a vida numa escala muito inferior a de um microbio.

A medida que a escala da ciência diminuí as efeitos e fenômenos mudam até que por fim suas próprias leis são transmutadas de modo que a nano ciência passa a se unir a química, física e até mesmo biologia. Na verdade, a criação de um nanorobô pouco se difere da criação de moléculas como a do corpo humano, mas a construção orientada por códigos de mapeamento que gerem o comportamento das moléculas fomentam um disparate similar ao mapa de construção que são o DNA. Utilizando-se de determinas frequências magnéticas consegue-se orientar um enxame de nanorobores a um objetivo específico como a da construção átomo à átomo de algo que em nossa escala seria impossível.

Com a monumentalização da nanotecnologia tornou-se possível o que antes era impossível, a construção de complexos nanorobores que envolvesse aspectos mecânicos e eletrônicos, mas que curiosamente nutria semelhanças com a estrutura de vírus. Estabelecendo uma relação de conexão entre si, essas minúsculas máquinas em similaridade as bactérias e seu quoron sensing estabeleciam uma rede que, com o tempo, evoluiu. A primeira aplicação da revolucionária tecnologia permitia a auto replicação análoga a reprodução microbiana de modo que ao ser direcionado a identificação e ataque de células cancerosas o sucesso fora absoluto. Ao se notar aspectos de funcionamentos que remetiam a uma rede neural, James William, do MIT teve a ideia de usar inicialmente a tecnologia para regenerar tecidos cerebrais tomando a função que antes eram de neurônios, de modo a recriar trechos inteiros o cérebro.

Mas aquilo ia além, tão logo, viram nisso uma oportunidade de turbinar cérebros numa simbiose homem-máquina sem saber que, com a evolução, aquilo parecia deter vida própria e assim um comportamento inerente ao mesmo.

Assombrado com o vislumbre das possibilidades sombrias logo se determinou limites legais para a aplicação da ciência emergente que eram as nanociências, mas com o advento do mesmo a industrialização tornou microscópios de tunelamento acessíveis ao público dando origem aos primeiros nanohackers. E é aqui que começa nossa história...

James Williams era um austero homem de meia idade, pai de dois filhos – um do primeiro casamento – e um renomado cientista do MIT. Com aspirações a filosofia ao lado de um comitê fora um dos homens a postular as possibilidade e perigos da emergência nanociência que pela primeira vez em décadas passou ser uma ciência plenamente aplicada ao cotidiano.

CronomancerWhere stories live. Discover now