Capítulo 22.

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Isabella Portman.

Depois de ficar o dia todo sem dar notícias, está na hora de voltar para realidade e para isso alguém precisa me carregar, afinal, afoguei todas minhas mágoas em diversos copos de vodka. Dou algumas batidas na porta e logo Izzy abre. Por um segundo fiquei feliz vendo minha amiga sorrir aliviada. Mas nao demorou muito e toda a tristeza que eu estava sentindo voltou ainda mais forte ao observar Enzo na sala olhando para mim e desviando para o homem ao meu lado sem entender o que estava acontecendo.

Flashback on

Chegando em Seattle eu já não sentia mais absolutamente nada à não ser uma forte dor em cada parte de mim.

Desci do ônibus determinada a mudar tudo, inclusive meu local de trabalho, minha única e maior vontade era de apagar Enzo da minha vida num piscar de olhos mas infelizmente isso ainda era impossível.

Apanhei o meu celular que estava no bolso para avisar a Izzy que havia chego mas me deparei com a bateria totalmente descarregada, revirei os olhos e ao reparar no visor me assustei com a minha aparência, o que estava acontecendo comigo? Meu rosto inchado de tanto chorar, olheiras fundas por não dormir e por aí vai...

Há um tempo atrás eu não era assim, apesar das coisas difíceis, permanecia feliz. Mas agora, é como se eu estivesse me tornando alguém vulnerável à tudo quando se trata de um homem que não é nada além de uma enorme bagunça.

Eu nunca soube dizer o que sentia quando o assunto era ele, mas quer saber? É melhor assim. Se já me machuca tanto, imagina envolvendo sentimentos?

Toda essa situação me faz lembrar de uma parte da minha infância.

Sempre que eu chegava da escola, corria para ver meu pai que passava a tarde brincando comigo no jardim. Eu adorava ficar ali junto dele, nós nos divertíamos com tantas coisas e eu amava aquilo. Mas numa tarde chuvosa
tivemos que ficar em casa, fizemos pipoca e colocamos num filme qualquer onde havia um casal no qual me fazia suspirar, eu estava fissurada naquelas cenas que reproduziam na televisão e escutei meu pai gargalhar com isso. Então indaguei:

— Papai, será que um dia eu terei um príncipe assim como a mulher desse filme?

Ele me olhou ainda sorrindo.

— Sim filha, você terá e vai ser tudo o que você sempre sonhou, ainda melhor.

— Promete que não vai fazer dodói no meu coração?

— Eu prometo pequena. Afinal, o amor não machuca, muito pelo contrário, ele cura e tudo suporta — Disse ele num tom doce e eu me alegrei dando-lhe um abraço apertado.

E agora me recordando disso, vejo o quão fui tola de perder o meu tempo com alguém que está longe de ser o principe encantado que eu tanto sonhei quando criança.

Enzo ainda está perdido e é impossível ajudá-lo a se encontrar. Ele tampouco sabe o que sente pois ainda carrega a culpa pelo acidente de sua esposa, a mesma que ele tem como dona de seus pensamentos... E eu... Bom, eu preciso seguir em frente para encontrar meu caminho.

Sequei meu rosto que já estava molhado por conta das lágrimas que nele escorriam novamente enquanto caminhava pela rua movimentada.

Apanhei alguns trocados para o táxi em minha carteira mas parei para analisá-los por alguns segundos, o que me fez pensar no porquê de ir para casa agora sendo que só vou me desgastar ainda mais? Se for para fazer isso que seja numa mesa de bar e não numa cama deitada assistindo "Um Dia" com um pote de sorvete ao lado.

Quando conheci Ella - Duologia CallegariWhere stories live. Discover now