trouble

053| HARLEY.

Tudo estava perfeito, até a manhã seguinte. Talvez finais felizes não existissem, afinal.

Não sei por qual razão, decidi procurar meu carregador sumido assim que terminamos de arrumar a casa –que estava de cabeça para baixo. Saí andando de quarto em quarto, até me deparar com a última opção. A porta estava entreaberta, portanto não me preocupei em bater. Se eu tivesse, talvez teria evitado aquela cena.

Jack Gilinsky estava na cama com Katie Holmes, senhoras e senhores.

Fiquei alguns segundos estática, até notarem minha presença. Katie soltou um gritinho e se apressou em enfiar a primeira blusa que encontrou. Revirei meus olhos, encarando a penteadeira ao lado dos dois.

O carregador repousava sobre o móvel.

Rapidamente, andei até o lugar, pegando o objeto e saindo correndo do quarto. Mordi o canto da boca, controlando minha raiva. Por que estava tão incomodada? Eu não tinha razões para estar zangada.

Desci as escadas, sentando no sofá. Gwen me perguntou se havia encontrado o que procurava e assenti com a cabeça, desviando o foco para o filme exibido na televisão. Era uma porcaria de comédia romântica. O quão irônico aquele dia seria?

—Oi, podemos conversar?

Não precisei erguer a cabeça para saber de quem se tratava.

—Katie está te esperando. E não temos o que conversar. –dou de ombros.

Alisha me lançou um olhar que significava "você vai responder um interrogatório assim que ele sair daqui.". Ignorei. Não estava com paciência para aquilo.

—Eu acho que temos. –Jack diz, coçando a cabeça.

—É uma pena, então. Quero ver o final do filme.

—Você tem que ser sempre tão cabeça dura?

—É meu mecanismo de defesa, não posso fazer nada. –respondo, soltando ar pela boca.

—Troublemaker, fala sério. Você não sabe o que quer, não pode me julgar por tentar te esquecer!

Tentar me esquecer? Oi?

—Nós nunca sequer conversamos sobre isso, Gilinsky. Como esquecer algo que não aconteceu? Está indo rápido demais na sua linha cronológica.

Alguns segundos de silêncio, até um fiapo de voz se tornar audível.

—Eu pensei que fosse óbvio, depois de tudo...

—Sabe, geralmente quando se gosta de uma pessoa, você diz isso. Ninguém tem a capacidade de ler sentimentos. –bufo, saindo da sala sobre os olhares atentos de todos.

—Você vai fugir? Entendi certo?

—Não estou fugindo. Estou fazendo o melhor para mim. Nós nem temos nada, então não possuo motivos para estar chateada com você. Preciso botar isso na minha mente.

—Harley!

—Vai embora, por favor. Como já disse, Katie está te esperando. Eu no lugar dela, estaria irritada.

Atravessei a porta dos fundos, sentando em uma cadeira que estava ali. Jack ficou me olhando um tempo, até se virar de costas e sumir. Costumava fazer tempestades em copos d'água, mas daquela vez, minimizaria os danos e, para isso, tinha que ignorar as batidas aceleradas do meu coração.