Capítulo 3

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      Quando Maite despertou, encontrou o rosto do normando pego ao dela. Durante um instante ficou quieta, aturdida pelo sono, olhando aqueles olhos brilhantes que não era negros mas sim de um marrom muito escuro. Então a realidade a assaltou com força e se afastou.

— Espero que sua história resulte ser certa — disse Alfonso enquanto se erguia.

A jovem não escapou o significado de suas palavras.

— Afaste-se de mim!

— O que é que a assusta tanto esta manhã, milady? É a mim a quem teme... ou a você mesma?

— Temo aos cruéis normandos para os quais a violação é um esporte tão habitual como a falcoaria.

— Asseguro-a de que eu nunca participei desse ato particular de violência e nunca o farei. — Riu e logo acrescentou em voz baixa: — Nunca o necessitei, e quando você reunir comigo em minha cama o fará com entusiasmo, igual a ontem à noite.

— O que aconteceu ontem à noite nunca se repetirá! — Afirmou Maite, enfurecida.

Ele elevou uma de suas escuras sobrancelhas.

— Está me desafiando? — Seu sorriso era autêntico. — Eu gosto das provocações.

— Não têm poder sobre mim — murmurou enquanto o coração pulsava com força.

— Ao contrário. Estou seguro de que posso obter que me deseje. Isso é poder.

— Eu não sou como as demais mulheres.

— Não? — Seus dentes brilharam. — Ontem à noite parecia igual a qualquer outra quando gemia sob meu corpo, uma mulher sob meu poder e a minha mercê. Mas se isso a faz sentir melhor, reconheço que é muito mais interessante que qualquer mulher que tenha conhecido. Muito mais interessante, mais intrigante

e... — voltou a sorrir e seus olhos resultaram de repente quentes — muito mais formosa.

Maite tentou lutar contra a sedução que ardia na intensidade de seu olhar. — Eu não gemo, normando! E pode dizer e fazer o que desejar, mas isso não muda o que sinto. E, me acredite, o que sinto por você é melhor não dizer. — Sou da opinião de que sob a raiva há muito que explorar. Mas estamos perdendo não só palavras, mas também o tempo. Partimos em um quarto de hora. Sugiro que aproveite uns instantes a sós para fazer o que tiver que fazer — repôs, escrutinando-a com seu olhar. — Podemos concluir esta disputa em Alnwick.

Dito aquilo, Alfonso girou e partiu coxeando ligeiramente, embora se movendo com uma agilidade imprópria de alguém que tinha sido ferido no dia anterior. Maite sentiu aliviada de vê-lo partir. Cada vez que saía intacta de um de seus encontros considerava uma vitória, e não pequena. Mas também se sentiu abatida. Alnwick era a nova sede de Northumberland. O conde, o pai do bastardo, tinha passado uns quinze anos terminando-a, e os rumores diziam que se tratava de um forte impenetrável. Se aquilo era verdade, significava que uma vez que estivesse prisioneira ali não teria esperanças de que a resgatassem. Mas talvez Malcolm e seu irmão estivessem inspecionando o campo procurando-a. Tinham que resgatá-la antes que a levassem para Alnwick! Era sua única esperança. Devia deixar um sinal a seu pai.

Tremendo pelos nervos, jogou rapidamente a um lado a pele com a qual estava se cobrindo. Alguém tinha levado uma terrina com água, e Maite se lavou rapidamente, antes de sair correndo da tenda.

O que viu a deteve, estavam selando os cavalos e levantando o acampamento. Todo mundo parecia absorto em suas tarefas. A jovem procurou entre a multidão e pôde ver seu captor de costas falando com outro cavalheiro.

A Promessa da RosaWhere stories live. Discover now