Capítulo 2

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Alfonso Herreira viu como a jovem que tinham capturado afastava dele com um grito de terror. Mas não foi muito longe. Sujeitou-a com força de aço pelos pulsos e a atraiu sem dificuldade de novo para si até que suas testas quase se roçaram.

Só havia duas mulheres às que queria no mundo. Mas não era imune às que considerava atraentes, e aquela se aproximava provavelmente à perfeição física mais que nenhuma. Apesar do fato de que se tratava sem dúvida de uma perita cortesã enviada por algum de seus numerosos inimigos para seduzi-lo e espiá-lo, não podia se mostrar indiferente diante sua elegante e torneada perna nua, que agora estava apanhada entre as suas, nem à suavidade de seus generosos seios, apertados contra seu peito, ou a beleza impactante de seu rosto. Achava-se terrivelmente excitado. Estava desejoso e impaciente por possuí-la. Tinham adotado uma postura tão íntima que ela podia sentir cada centímetro de seu corpo, mas, acaso não era a sedução seu propósito? Que outra razão haveria para que enviassem uma mulher com um disfarce tão bem elaborado? Atribuiu seu olhar assustado a que tinha adivinhado a verdade.

Durante um instante, sentiu desejos de tomá-la selvagem e rapidamente, e terminar com aquilo. As respostas viriam mais tarde. Mas era filho de seu pai e seu herdeiro. Velar pelos interesses de Northumberland tinha sido sua única ambição desde que ganhou suas esporas à idade de treze anos. Não tinha a reputação de líder desumano à toa. As respostas não podiam esperar. Se seus inimigos sabiam que estava ali, os planos do rei estavam em perigo.

— Co... como? — Conseguiu dizer por fim Maite.

— Acredito que me ouvistes perfeitamente — disse ele com frieza. Estava tão furioso e excitado que a sentou na cama a seu lado sem soltar o pulso dela. Sua inerente educação o levava a se dirigir a ela como se fosse uma dama quando estava claro que se achava muito longe daquele status, apesar de que ao olhá-la nenhum homem poderia tê-lo adivinhado. Por alguma razão, Alfonso se sentiu desiludido ao saber que sua aparência angélica era só isso, aparência. — Quem a enviou para me espionar? Montgomery? Roger Beaufort? O rei? Ou acaso se trata uma vez mais de algum truque do príncipe Henry?

Ela o olhava como se estivesse hipnotizada. Alfonso era um homem duro e, entretanto, sentiu uma pontada de simpatia. Aquela mulher era muito jovem. As cortesãs que ele conhecia e estava acostumado a utilizar com freqüência, eram maiores e viúvas. Mas, como bem sabia, em ocasiões as aparências enganavam. — Não sou uma espiã — espetou.

— Não me trate como a um idiota — respondeu ele com frieza.

— Prometeu que me soltaria!

— Ainda não estou curado! — Alfonso observou como tomava sua afirmação. Ela compreendeu imediatamente o que havia dito e a raiva tingiu suas feições. Não devia se surpreender com a inteligência dela. O normal era que tivessem enviado uma mulher ardilosa para que utilizasse suas mutretas com ele. — Enganaste-me! — gritou ela. — Me fez acreditar que libertaria-me quando atendesse sua ferida!

— Acreditastes o que queria acreditar. — Sua paciência estava chegando ao limite. — Já é suficiente. Quero respostas e as quero agora. Quem é e quem a enviou?

Ela negou com a cabeça. Os olhos encheram de lágrimas, umas lágrimas que, pensou Stephen, não podiam afetá-lo. A experiência ditava que, salvo estranhas exceções, não devia confiar nas mulheres. E aquela não era uma dessas exceções. De fato desconfiava dela mais que de nenhuma. Era jovem mas não inocente. Sem dúvida seu medo e suas lágrimas eram puro teatro. — Não sou uma espiã.

A Alfonso ocorreu outra idéia.

— A enviou talvez Malcom Perroni?

— Não! Nem sequer o conheço! Não sou nenhuma espiã, juro isso! — Afirmou, sobressaltada.

A Promessa da RosaWhere stories live. Discover now