Capítulo 1- Predadores

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"Meu desejo era experimentar seus corpos. Eu via todos como objetos, como estranhos. É difícil para mim acreditar que um ser humano poderia ter feito o que eu fiz." ~ Jeffrey Dahmer, o Canibal de Milwaukee

Ano de 1930. Henrick Karneval foi enviado junto com nove soldados para uma missão de exploração, dentre esses nove havia oito idiotas−era o que Henrick dizia. Os 10 se perderam nas florestas congeladas do norte.

As Florestas do Norte são cheias de animais perigosos como lobos e ursos, são frias a ponto de congelar corações e cruéis a ponto de desesperar homens adultos. O inverno castigou os 10 soldados, o frio congelante surrava seus corpos, especialmente a noite, a busca por alimento era difícil e a fome machucava seus estômagos.

Todos os dias eles revezavam para procurar alimento, um dia, voltando de sua vez com algumas poucas frutas, encontrou os oito idiotas cortando seu amigo em pedaços e assando ao fogo, seu corpo parecia estar sem vida já há algum tempo. Era seu melhor amigo. O único que não era idiota. Ele se desesperou e, largando as frutas, correu em direção aos idiotas. Queria matá-los. Um dos idiotas o segurou e o abraçou com falso carinho:

-Karneval!- Disse - Sei que o soldado Sanders era seu grande amigo, ele morreu de fome uma hora após você sair, você mesmo percebeu que ele já adoecia. A morte dele não deve ser em vão! Sei que é difícil, mas você precisa ser forte! Precisamos comer algo...qualquer coisa.

Henrick respirou bem fundo e tentou se acalmar vendo que, apesar de doloroso admitir, o idiota estava certo. Sentando-se junto aos outros recebeu um pedaço daquela carne, pensando se Deus o perdoaria por aquele pecado. Mordeu relutante a carne macia, o gosto do sangue, rasgou sua garganta com culpa e virou um nó na sua garganta, ou era somente a vontade de chorar? O gosto se misturou com a dor : desagradável, pesado, sufocante. Tinha gosto de morte, de realidade de sentir que acabou, o gosto passava rapidamente, mas teria que voltar alguma hora. Ele olhou dolorosamente para o que ainda restava do corpo de seu amigo, e percebeu um corte na lateral de seu peito, mas afinal o que isso importava? Ele estava completamente rasgado mesmo. É mas aquilo era o corte de uma facada, limpa, desnecessária... Cruel.

Milhões de coisas passaram por sua cabeça naquele momento que pareceu durar séculos: " miseráveis", " malditos", "filhos da mãe"... Sim, mas acho que o que mais se prendeu a ele foi; "Por que não vocês?".

Naquela mesma noite, roubou algumas coisas necessárias como remédios e primeiros socorros, além de alguns lençóis mais grossos e enterrou todas essas coisas em um lugar que só ele saberia. Confundiu toda a trilha para o rio, que havia sido marcada, com um traço de faca, fazendo o mesmo em diversas outras árvores; a alta chance de se perderem, fez com que os idiotas evitassem ao máximo a ida ao rio. Ele espantava os pássaros, atrapalhava discretamente as caçadas e enterrava as frutas e nozes que achava. Depois de quatro dias nessa rotina, três homens morreram de fome, ele, sem piedade, cortou os maiores pedaços e os colocou sobre o fogo, enquanto os cinco que sobravam olhavam, prontos para comer também, não é como se fossem amigos, não é como se amassem, somente se aturavam e iam continuar a aturá-los em seus estômagos.

O gosto era incrivelmente diferente, era uma mistura de amargura e ternura, a maciez da carne derreteu em sua boca. Era tenra, macia. Um prazer imensurável e incompreendido, o mesmo sentimento de um ladrão ao usar o dinheiro que roubou. A sensação de que fez algo tão errado, mas tão certo. Olhou para os outros, suas expressões eram vazias, retorciam um pouco os narizes em alguns momentos, talvez pelo desgosto que sentiam. Não entenderiam. Idiotas.

Henrick guardou os outros dois corpos para o caso de um ataque de algum carnívoro aleatório. "Infelizmente"-dizia Henrick- Ele e os cinco idiotas restantes foram achados dois dias depois. Os idiotas contaram o que acontecera com lágrimas nos olhos, não sabiam que Henrick havia sido o responsável pelas mortes, assim como Henrick não descobriu quem matou seu amigo, mas descobriu algo fantástico.

"O mundo é dividido entre predador e presa"

Ele chamava as "presas" de "idiotas" e ele, predador, era chamado pelos idiotas de Serial Killer. Lia todos os dias nos jornais matinais, coisas como:

"Serial Killer ataca novamente"

"Qual a identidade do misterioso serial killer"

Ninguém nunca descobriu a verdade.

Alguns anos depois do-proveitoso-incidente, Henrick continuou a prática da... Apreciação de carne humana... E mesmo assim achou alguém que o amaria. Foi numa tarde de verão de 1934, ele estava na sessão de culinária de uma livraria, quando seu ombro tocou o dela. A "desculpa" virou uma conversa, a conversa virou uma amizade. Ele a amava, mas... Como fazê-la entender? Como mostraria sua geladeira cheia de carne humana dentro? O que importa é que o fez. Segurando uma faca nas costas, mas o fez. E ela o ouviu e ele explicou. Choque, compreensão, aceitação, adaptação: Essa foi a ordem das coisas. Daquele amor, daquela nova sensação maravilhosa. Ele, um militar canibal e ela uma cozinheira se apaixonaram, se amaram, tiveram filhos (quatro) netos, bisnetos e finalmente tataranetos. E aí chegamos ao que interessa: Eu.


Meat the DeathDonde viven las historias. Descúbrelo ahora