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*Explica-me uma coisa, como consegues ter tempo para te embonecares?*

Comecei a rir com a sua mensagem, achei o termo embonecar engraçado.

Começo a adorar a maneira como o Louis me trata, se há uns tempos me dissessem que me iria familiarizar com o fato de me chamarem boneca, eu iria gargalhar com tamanha estupidez. Mas olhem bem, eu começo a gostar disso.

* É um dom natural, meu querido. Não perco assim tanto tempo, a minha genética é boa ;)*

Outra coisa que eu nunca iria acreditar é que as minhas discussões com ele passariam a conversas agradáveis e descontraídas. Mas a realidade é essa, eu sinto-me bem com a presença dele nos meus dias.

Ele é mais interessante do que eu alguma vez pensei.

* Eu sei que a tua genética é boa, bem boa até. Eu tenho olhos cara, graças a Deus.*

Se ele soubesse o quão constrangida me deixa com certas coisas que diz...

Isto é tao errado.

Os meus olhos caíram sobre o Brad que conversava com o James enquanto afinavam as suas guitarras. Nem aqui, perto do meu namorado, eu consigo deixar de lado o Louis. O quão doentio isto se está a tornar?

Eu deveria pensar seriamente na conversa que tive hoje com o Dallas, e se ele estiver mesmo certo? Não será melhor dar um tempo na minha relação com o Brad para meter a minha cabeça no lugar?

O certo é que isto tudo com o Louis pode nem ser nada, mas e se for tudo?

*Então se sabes porque perguntas, idiota?*

Sei que ele não gosta quando o trato por idiota, mas eu adoro ver que consigo de alguma maneira o provocar. Adoro ver o Tommo irritadinho.

* E lá estás tu! Não paras de me maltratar? Estás a testar se quanto mais me bates mais eu gosto de ti?*

E lá está o que eu disse.

Eu sei que no fundo, ele gosta.

* Desculpe se feri os seus sentimentos, bichano!*

Ri e quando desviei o meu olhar do telemóvel, vi o Brad a encarar-me.

Engoli em seco, vendo-o a caminhar até mim. Bloquei o meu telemóvel e escondi-o no bolso do meu macacão.

- Estavas a rir do quê, amor? – Ele perguntou, sentando-se ao meu lado no sofá.

- São só coisas da Perrie, sabes como aquela miúda é. – Menti o mais descontraída possível.

Começo a ficar boa nisto, boa a mentir. Minto sobre os meus sentimentos, minto sobre as minhas vontades, estou a transformar a minha vida numa mentira. É engraçado como acabamos por nos tornar naquilo que sempre julgamos.

Mais tarde ou mais cedo, acabamos por pagar pela nossa língua julgadora.

Sinto-me um lixo.

- Ela consegue ser bem doida. – Ele gargalhou, enrolando os seus braços em volta do meu corpo.

Plantou um beijo na minha face, fazendo caricias com o seu nariz na minha bochecha. Em tempos eu agarrá-lo-ia e beijaria os seus lábios, mas agora isso parece tão estranho, tão errado.

As vontades mudam, tal como as pessoas. Infelizmente, vejo-me a mudar dia após dia.

Senti o meu telemóvel vibrar e o meu coração acelerou. O olhar do Brad caiu sobre o meu bolso, e aí eu soube que ele tivera percebido. Malditos telemóveis que tremem mais que uma rebarbadora.

Do Avesso 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora