Capítulo X: Medo

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Algumas pessoas têm esse poder. Conseguem fingir que estão tão bem que elas mesmas acreditam nisso. E esse é o problema: acreditar estar bem significa não pedir ajuda, o que pode causar danos terríveis.

Enquanto eu pensava, o treinador apitou, reunindo todos os jogadores no centro da quadra. Eles estavam divididos igualmente em duas equipes, sendo uma liderada por Brian e outra, por Johann. Eu estava apreensiva com tudo isso e minha perna balançava freneticamente ao mesmo tempo em que tentava ter pensamentos positivos em relação ao que aconteceria em seguida.

Os jogadores se posicionariam, o jogo começaria, Brian ganharia e nós comemoraríamos a vitória. Era isso.

Nem sei o porquê me importo tanto com isso,afinal. Talvez, eu tenha simpatizado por Brian e tomado para mim algumas desuas dores, sentindo que ele precisava de apoio ou qualquer coisa do tipo.Talvez, fosse apenas isso. Eu esperava que fosse apenas isso.

— Como vão as coisas com os poemas? — perguntou Karyn, arrastando-se pelo banco da arquibancada até estar sentada ao meu lado. Seus grandes olhos me encaravam como se fossem capazes de enxergar os segredos mais escondidos da minha pobre alma.

Karyn me dava medo.

— Não faço a mínima ideia de quem possa ser, Ka — falei e ela bufou. — A pessoa gostava de alguém, mas foi muito decepcionada e, agora, está gostando de outra pessoa. O que é bom, não é? Apesar disso, não tem muita informação pessoal nos poemas, são mais sentimentos.

Ela olhava para a quadra, enquanto balançava a cabeça em sinal de concordância. Seria muito difícil descobrir quem é esse poeta anônimo e, para piorar, os poemas estavam chegando ao fim. Havia algumas páginas riscadas, como poemas que não deram certo, e outras apenas com palavras aleatórias. Parecia que o poeta encontrava-se confuso nas últimas vezes em que tentou escrever alguma coisa.

Fui interrompida de continuar com meus pensamentos quando o apito soou novamente e os jogadores se dispersaram pela quadra, indo ocupar suas devidas posições. As arquibancadas já estavam relativamente cheias, com os alunos que realmente se importavam com o time da escola e tinham escolhido seus lados: Brian ou Johann. Restava saber quem levaria a melhor hoje.

 Restava saber quem levaria a melhor hoje

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O jogo durou uma eternidade.

Sem contar que o capitão não seria decidido apenas por quem ganhasse. Muitas vezes, o time vencedor não é aquele que jogou melhor. Por esses e outros motivos, o treinador tinha decidido fazer uma banca de avaliadores para ajuda-lo a escolher quem seria o mais apto para ser o capitão do time de acordo com o que ocorresse em todo o jogo e, naquele momento, aconteceria o tão esperado anúncio.

Os jogadores foram dispensados para que a banca conversasse com o técnico e, juntos, avaliassem quem seria, enfim, classificado como capitão do time. Era palpável todo o nervosismo presente naquela quadra enquanto nós esperávamos a volta dos rapazes que haviam ido para o vestiário. Quando, finalmente, estavam todos reunidos, o treinador se posicionou no meio da quadra, olhando para todos os garotos, ali, em pé, antes de se pronunciar.

Sobre poemas anônimos, garotos e amor - Livro I [COMPLETO]Where stories live. Discover now