— Mal posso esperar. Estou com saudades de subir a um ring contigo e esmurrar a tua linda carinha de bebé. — Deixo um riso seco sair pelo nariz. Acho que seria ao contrário, quem acabaria esmurrado eras tu e não eu.Mantem-nas vivas e protegidas. Quando isto acabar, elas terão um único lugar para viver. Vou passar a mesma mensagem a Bruce, já que ele parece ouvir e compartilhar informações do que tu.

— Acredite que a informação será a mesma que a minha. —Faço uma longa pausa conseguindo ouvir do outro lado do telemóvel a sua respiração e algumas vozes femininas. Deixo que um suspiro saia da minha boca e que os meus olhos fiquem presos na palma da mão que tem um adesivo e uma ligadura para estancar o sangue, que mesmo assim parece não fazer milagres. —Vocês...estão todos bem? — Finalmente chego a pergunta o que queria sair, mas que não estava preparado para saber.

Elas estão com saudades. — Comprimo os lábios e assinto com a cabeça.

Não dou tempo ao meu coração responder por mim, os meus olhos são os primeiros a receber as primeiras imagens da minha protegida a sair do quarto de Jackson. Desligando-me completamente do que há no outro lado da linha.

— Tenho que desligar. — Informo-lhe mantendo o olhar sobre o ecrã do tablet —Até algum dia.

Acabo por desligar antes mesmo ele me dizer alguma coisa. Num curto espaço de tempo desvio o olhar da figura pequena que passeia pelo corredor com os pensamentos bem longe do presente, para apagar o registo da chamada dele. Deposito o telemóvel em cima da secretária e aproveito para pegar no sepulte e guardá-lo no bolso das calças de sarja preta.

Alongo as mãos sobre o tampo de madeira da secretária ao mesmo tempo que me curvo para a frente. Não consigo engolir o gemido rouco que sai entre os dentes, ao sentir a pele da palma da mão esquerda a rasgar mais um pouco do que já se encontrava. Aperto os dentes, respiro fundo e concentro-me na figura atlética de Eva que entra no elevador.

Divido o ecrã do tablet em todas as divisões da casa em que há vigilância. Sensivelmente uns trinta segundos depois, a vejo aparecer para as câmaras do segundo andar e a entrar em uma porta que acho ser a biblioteca principal.

Desligo o ecrã e pego no telemóvel o guardando dentro do armário, no compartimento secreto. Antes de sair do quarto e fechá-lo as chaves, volto a por o auricular no ouvido. Avanço pelo o corredor vazio na direção do elevador. Enquanto espero que o mesmo desça até ao meu andar, escovo o cabelo com os dedos puxando-o todo para trás.

Tinha o meu trabalho planeado no momento em que se entra no elevador— que era ir atrás de Eva— mas esse planeamento foi estragado quando ouvi a voz inconfundível de Mark dentro do auricular a anunciar que Sr. Green desejar falar comigo.

Ótimo! Até imagino o que pode vir a ser esta conversa.

Fecho os punhos e entro contrariado no elevador.

Espero como todos os dedos que tenho nas mãos que Eva não tenha ido fazer queixas a cerca de mim, porque assim for estou em maus lençóis. Não me posso dar ao luxo de por um pé fora desta casa, não com ela aqui dentro sozinha e sem a minha proteção. Eu fui mandado com dois objetivos tal como Bruce, mas os meus objetivos parecem ser mais complicados do que os dele.

Eva é sem dúvida uma pequena diaba em forma de anjo assustado. E sobre tudo é uma rapariga com um humor versificado. Não há um momento em que o seu humor não se altere, parece instantâneo quando me vê, percorre a sua lista extensa de humor.

Mordo o canto do lábio para não soltar um palavrão ao sentir picadas no sítio em que fui ferido na barriga. Deveria ter ido desenfeitar esta porra em vez de por uma gazia e uma ligadura em volta da barriga para estancar o sangue. Nunca fui muito apto em cuidar de feridas, mas também não deveria ter custado nada ter posto pelo menos uma tintura de díodo ou até mesmo álcool para desinfetar. O mais provável é de eu ter que ir parar ao hospital para receber uns meros pontos nos ferimentos que mais parecem ser cortes de um talhante. Mesmo assim pelo minha despectiva acho que os cortes não foram muito profundos, para necessitar de uns meros pontos.

PERIGOSAMENTE TENTADORWhere stories live. Discover now