Capítulo 4

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  David disse que me levaria em casa depois da aula, disse que queria ter certeza de que eu chegaria bem. Eu disse que por mim tudo bem, então dispensei a carona das meninas, é claro que Marina tinha que querer saber o porque.

- É que eu vou ficar mais um pouco pra falar com o diretor - menti - e estava pensando em ir pra casa caminhando hoje.
- Tá bem. A gente se ver amanhã e traga dinheiro, depois da aula vamos comprar nossos vestidos.

Jogaram um beijo pra mim e foram pro carro.
Você deve estar se perguntando por que diabos eu menti, é simples, não quero que saibam que vou voltar pra casa com David porque sei que elas iriam me encher de perguntas que eu não sei responder, quer dizer, David e eu não temos nada só nos beijamos, mas vai explicar isso praquelas três. Tenho certeza de que, se tivesse contado, amanhã a escola toda já saberia e como eu já notei, David não é muito do tipo que curti ser o assunto da escola e pra ser sincera nem eu.
Depois que as meninas se foram eu caminhei até um jipe preto que me aguardava.

- Por um minuto pensei que iria com elas.

David disse assim que eu entrei.

- Se eu fosse você ficaria decepcionado?

Ele ergueu umas das sobrancelhas como se me perguntasse "você esta mesmo me perguntado isso", em resposta eu também ergui uma das sobrancelhas como se dissesse "estou esperando uma resposta".

- Meu coração não é tão fácil de se magoar, mas acho que você é uma das poucas que tem poder pra isso.

Pude sentir meu rosto corando.
David ligou o radio que foi o único barulho entre nós durante boa parte do caminho. Ouvimos musica e de vez enquanto cantarolávamos as que nós conhecíamos.
Apesar do silencio essa foi a ida pra casa mais agradável desde que eu cheguei naquela cidade. Meia ora depois estacionamos na frente de casa, olhei pela janela, estava tudo escuro, não havia ninguém em casa, meus pais ainda não haviam chego do trabalho.

- Está entregue senhorita - disse desligando o radio.
- Obrigada.
- Alice. - ele disse quando estava prestes a sair do carro - já contou a eles?

Queria dizer algo como "falei sobre o que", mas sabia exatamente do que se tratava.

- Não.
- Quando você contar eu queria que não mencionasse meu nome a eles, Ok? é que meus pais não vão gostar de saber que eu me envolvi em brigas de rua.
- Acho que seus pais vão amar saber que você salvo alguém.
- Acho que você não conhece meus pais.

Desci do carro assim como David.
Ambos olhamos pra minha casa como naqueles momentos que ninguém sabe o que fazer. Eu deveria ter apenas dito tchau e entrado em casa, mas sabe quando a gente abre a boca e sai o que a gente está pensando e não que queremos falar?

- Você que entrar?
- Ah... - ele enfiou as mãos nos bolsos da calça jeans - seus pais não vão se incomodar?
- Vem - o puxei pelo braço - acho que tem lasanha na geladeira.

Usei minha chave pra entra, como de esperado estava tudo o mais completo breu. Fui acedendo as luzes até chegar na cozinha.
Tirei a lasanha da geladeira e coloquei no prato.

- Seus pais gostam de desenhos.

Disse apontando pra porta da geladeira.

- A minha mãe gosta de tudo e qualquer coisa que deixe a casa com um ar familiar - peguei dois garfos e dei um pra ele - esses são os desenhos que eu fazia na creche.
- Serio?

Fiz que sim com a cabeça e dei uma garfada na lasanha, assim como David... Eu mencionei que a lasanha estava na geladeira? pois é, ela estava gelada. 

- Eu sou muito burra -ele faz uma careta - eu vou esquentar no micro-ondas.

Depois que eu esquentei, nós comemos e conversamos um pouco. David sempre sem dizer muitas coisas, mas incrivelmente atencioso.

- quer suco ?.

Peguei o prato, mas ele segurou minha mão.

- Não precisa, Alice. Eu tenho que ir agora, acho que seus pais não vão gostar de chegarem em casa me ver aqui com você.

Pegou o prato da minha mão e deixou na mesa. O levei até a porta pensando que meus pais me matariam se chegassem e me vissem ali com m garoto que eu mal conhecia, e que eu não teria feito isso com nem uma outra pessoas, mas fazer o que se eu confio nele. Antes de entrar no carro tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e me beijou.

- Até amanhã na escola.
- Até.

Entrei em casa e lavei toda a louça que sujei, não queria ter que explicar pros meus pais porque sujei dois garfos pra comer um pedaço de lasanha. Depois fui dormir, queria que o dia seguinte chegasse logo. Eu me sentia uma boba, como as crianças que dormem mais sedo na véspera de natal pra o dia seguinte chegar logo. Me perguntei se estava apaixonada e cheguei a conclusão de que isso seria impossível, ninguém se apaixona tão fácil assim. Acho que eu só gostava dele, e que só m sentia assim porque era a primeira vez que gostava de alguém desse jeito e a primeira vez que alguém parecia corresponder.

O sinal tocou indicando que a aula do professor Felipe, de Geografia, havia terminado, agora só faltavam duas de literatura. Essa aula eu fazia sozinha, sem nem uma das meninas. 

- Não esquece que hoje nós vamos comprar nosso vestidos pro baile, Alice. 

- A gente se vê na saída.

Me despedi e entrei na sala. Sentei-me no meu lugar e olhei pro relógio, faltavam cinco minutos pra aula começar, além de mim tinha uma menina na sala, ela lia um livro. Tentei fazer contato visual e puxar conversa, mas ela não desgrudou os olhos do livro, estava concentrada, tão concentrada que não ouviu a pedra batendo na janela. 

David estava acenando e me chamando pro lado de fora. Olhei ao redor, o professor não havia chego e aquela era a última semana de aula... Peguei minhas coisas e sai.

- Que bom que veio - pegou minha mão e me puxou na direção das arvores - vem, não temos muito tempo.

- Espera, pra onde vamos.

Ele sorriu ao responder.

- É uma surpresa, confia em mim.

Sequestrada pelo meu NamoradoWhere stories live. Discover now