Capítulo 2

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  O Garoto não me olhou mais, nem por um segundo, como eu sei disso? eu olhei pra ele varias vezes durante as três aulas. Eu sei, não deveria, eu não queria, mas minha cabeça teimava em se inclinar um pouco de forma que eu o olhava pelo canto do olho.
 Descobri mais tarde que o nome dele e David Becker, ninguém sabe onde ele mora ou quem são os pais dele. Gabriela disse que ele é como se fosse o sonho obscuro de todas as meninas da escola, que todas, mesmo sendo as namoradas de algum jogar popular, tem pensamentos com David, que por sua vez, não é muito do tipo que fica com todo mundo, mas que ficaria se quisesse.

- Porque, Alice ? - Marina perguntou com um sorrisinho malicioso - você está interessada no Becker?

- Não - respondi de imediato - eu só achei ele meio estranho.

- E muito gato - disse Mirela enquanto arrumava o cabelo no espelho do banheiro - já ouvi umas garotas dizerem que ele dá dez a zero no Carlos.

Gabriela revirou os olhos e empinou o nariz como se fosse indiferente a esse comentário. Ela é Carlos namoravam desde o inicio do ano e pretendiam serem coroados como rei e rainha do baile. Nesse meu curto período de tempo aqui na nova escola descobri que o rei e rainha do baile é planejado como se fosse um casamento, os casai arrumam as roupas, ensaiam dança e discurso pro caso de ganharem.

- Agente podia te arranjar alguém, Alice. Pra você ter a chance de concorrer.

- É isso ai - ela se animaram - que tal o Charles ? ele é bem bonitinho.

- Eu não quero ter a chance de concorrer a nada - disse - não dou a mínima pra isso, além do mais eu nem sei se venho ao baile.

Saímos do banheiro feminino e elas continuaram a tagarelar atrás do meu par pro baile ignorando completamente minha opinião. A aula já tinha terminado faz uns trinta minutos, mas Mirela decidiu que tínhamos que ir no banheiro retocar maquiagem, passamos mais tempo lá do que eu passo pra tomar banho. Gabriela me deu uma carona até certo ponto, depois eu tive que seguir sozinha e a pé até a minha casa que ficava em um vilarejo onde as casas são todas iguais. Minha mãe adorou, é claro. Nós nos mudamos muito (Como eu já disse) por isso minha mãe gosta  das coisas meio as antigas, gosta de tudo que a faça lembrar de uma casa normal como se fossemos passar o resto da vida ali naquele lugar, o que nunca acontece. Não dou um mês pra gente se mudar novamente.
 Já estava meio escuro, já passavam um pouco das seis e meia da noite. Passei por um beco vazio e parei institivamente. Não gosto de becos a noite e aquela rua era cheio deles. Olhei pra trás considerando a possibilidade de eu voltar e ir por outro caminho, mas minha casa ficava a duas quadras dali. Segui em frente já com um mal pressentimento.
Passei por outro beco que estava vazio.
E outro,
E outro,
No quarto beco tive a má sorte de encontra um grupo de amigos que bebiam cerveja e fumavam, passei rápido tentando não chamar atenção, mas não fui rápida o suficiente.

- Ei princesa - alguém disse.

Obviamente não respondia e nem olhei pra trás, só apertei minha bolsa contra meu peito e continuei andando o mais rápido que eu pude. Ninguém falou mais nada, presumi que eles tinham ido em bora, comecei a andar normalmente. Esse foi meu erro. As duas figuras enormes se materializaram ao meu lado quase que do nada. Um deles passou o braço em volta de mim e me puxaram pra dentro do beco.

- ME SOLTA! - tentei me desvencilhar, mas não consegui. O odor de cerveja e cigarro entrando em minhas narinas e me deixando com falta de ar - Me solta, por favor! 

- Calma, princesa - ele sussurrou em meu ouvido me causando repulsa - eu não vou te machucar.

Passou a mão no meu rosto. Eu senti um nojo enorme, o gosto do meu sanduiche de atum voltando a boca.

- SOCORRO - gritei com todas as forças que eu tinha - SOCORRO. ALGUEM ME AJUDA.

Infelizmente parecia que todos os moradores daquela droga de cidade resolveram se enfiar dentro de casa e assistir televisão no volume máximo. Eu estava sozinha com aqueles três porcos dentro daquele beco. Pelo menos era isso que eu pensava. Meu coração estava prestes a sair pela boca.

- Não adianta gritar - ele disse me apertando contra a parede. Os outros só observavam - ninguém vai te escutar.

Ele estava maravilhosamente errado.
já tinha fechado os olhos me preparando pro pior quando alguém disse.

- Soltem a garota.

Todos se viraram para ver a silhueta do garoto que estava parado na entrada do beco. Primeiro se seguiu um silencio, logo depois os três caíram na risada. É claro que estava rindo do meu defensor, ele não parecia grande coisa coberto por toda aquela roupa.

- E você vai fazer oque ô magrelo?

- Soltem a garota. - Ele repetiu decidido. Sua voz não demostrava medo nem nada do tipo.

- E se eu não quiser?

- Eu estava rezando pra você dizer isso.

O que se seguiu depois foge totalmente do meu discernimento. Os garotos foram pra cima do meu defensor como leões encima de um pedaço de carne, por um segundo achei que o pobre coitado ia sair dali mais machucado que eu, mas o ocorreu foi o seguinte: ele simplesmente derrubou os três com a mesma facilidade que eu tenho pra dormir.
Ele passou pro cima dos três caídos no chão e veio até mim.

- Você está bem?

Fiz que sim com a cabeça atônita.
Não tinha o reconhecido antes porque ainda não havia escutado sua voz antes daquilo, mas agora que estamos perto o suficiente, reconheço os olhos azuis marcantes.
Meu defensor não era ninguém mais ninguém menos que David Becker

Sequestrada pelo meu NamoradoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora