— Ele está certo Brown, você também não me conhece. Posso matar você e jogar em uma estrada qualquer.

Ela cruzou os braços e sentiu um clima divertido dentro do carro. Até deu uma risadinha.

— Me desculpe Wolfhard, mas você não me mataria. Ainda temos uma festa para ir e você não vai querer ir sozinho.

Ele cerrou os olhos.

— Deus, isso foi cruel.

Finn fez uma careta rindo e ficou falando coisas dramáticas entre as risadas sutis da garota e logo as mesmas se transformaram em gargalhadas, que se espalhavam dentro do carro e talvez se as janelas estivessem abertas, o veículo que passasse ao lado também seria capaz de ouvir os dois adolescentes. Pensariam que eles eram loucos, por estarem rindo tanto.

— Preste atenção na estrada. — alertou ela para o rapaz, que rapidamente desviou de colidir com a traseira de outro carro. Millie colocou as mãos no rosto pelo susto, mas ainda estava com a barriga e as bochechas doendo e recuperava o fôlego em seu lugar. Não lembrava-se da última vez que teve uma crise de risos parecida, talvez estivesse com Sadie na semana passada falando sobre a queda que a própria Millie teve no corredor do apartamento. — Seu amigo Jack me mataria se você não chegasse na festa e me ressuscitaria apenas pra me matar depois.

— Não tenha dúvidas.

Finn ligou o rádio, ainda cessando as risadas. Eles juntaram as sobrancelhas quando ouviram tocar My Girl do The Temptations, fazendo os dois gargalharem por mais alguns momentos quando se entreolharam por míseros segundos. Céus, como eles pareciam jovens para o momento. Aquela música tocando atualmente no rádio era um lapso tão incomum e distante da atualidade, por conta do soul dos anos sessenta e os corações batendo forte.

Ele negou com a cabeça.

— Não.

— Sim. — afirmou ela, enquanto cobria os lábios com as mãos em forma de concha devido a um sorriso despreocupado. Finn voltou a olhar para a estrada e disse em tom divertido:

— Aposto que minha avó estava no ensino médio quando essa música conheceu as rádios.

— Está sentindo?

— O que?

— Essa vontade de dançar? — perguntou Millie balançando os ombros e estalando os dedos no ritmo da canção. Finn olhou rapidamente pra ela com um riso no rosto e negou com a cabeça.

— Não mesmo.

— Anda.

— Sou melhor no canto. — garantiu ele, com uma expressão galanteadora.

— E o que está esperando? — questionou ela ainda sacudindo os ombros e ele fingiu-se de surpreso pela resposta. Ele girou o volante, entregando-se ao ritmo da música e arriscando cantarolar uns trechos de um jeito exagerado e alto demais para os ouvidos dela.

O cacheado não sabia cantar a música e trocava todas as palavras. Millie usou seu celular de microfone e acompanhou o garoto quando as risadas não a interrompiam de cantar.

Os dois ficaram assim até a música acabar. Pelos infernos, aquela festa parecia distante. Aqueles minutos dentro do carro haviam sido bem aproveitados e ambos até arriscariam pensar que, se a noite estava começando bem assim não tinha qualquer coisa que estragasse. Logo após as vozes do grupo abandonarem o rádio, um locutor interrompeu o finalzinho da música falando sobre a previsão do tempo e Wolfhard trocou a estação.

— Então você mora com Noah Schnapp?

Uma música, agora atual, estava bem baixinha no aparelho e ela assentiu brevemente. Finn achava aquela ideia tão acolhedora e colocaria um fim em suas saídas de casa, que por sinal, necessárias. Jack aceitaria morar com o amigo em algum apartamento ou casa, mas ele não largaria das barras da calça da mãe por mais alguns anos e se ficasse doente correria para a Sra. Grazer sem nem pensar duas vezes. Talvez voltasse pra casa dela em um período de no mínimo dois meses. Wolfhard não gostava do inconclusivo, então logo percebeu que aquilo não iria se realizar, pelo menos não com Jack.

Sirius | Fillie Donde viven las historias. Descúbrelo ahora